capítulo 22

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Anna

Depois de algumas horas, enfim o barulho de tiros acabam e eu respiro tranquilamente.

Isabella dormiu! Ela dormir durante uma guerra rolando lá fora, enquanto isso eu aqui com minha mente negativa já achando que a qualquer momento alguém invadiria esse lugar e me mataria com um tiro na testa.

Um tempinho depois a porta é aberta e o demo passa por ela totalmente sujo de sangue.

- Que porra vocês tão fazendo aqui fora?- pergunta e a Isabella se acorda.

- A Anna quase morreu por falta de ar, ela não consegui ficar lá.

- Que se foda, levanta logo daí que o Ph levou um tiro e tá precisando de ajuda.

Eu me levanto rapidamente e saio seguindo ele.

- Eu quero ir também- Isabella diz.

- A rua tá cheia de corpos espalhados pelo chão, se tu ver isso vai desmaiar que eu já tô ligado, fica aí.

Ele sai me puxando pra fora e sobe na moto e me olha.

Já tá escuro pra caralho, mas a rua tá clara por conta das luzes.

- Que foi? Não vou encostar em você todo sujo desse jeito.

Ele bufa e tira a camisa toda suja de sangue, eu subo atrás dele na moto e seguro em sua cintura.

Assim que ele liga a moto, da partida e eu quase caio pra trás.

Tem vários caras na rua recolhendo corpos, a maioria são de polícias.

Vieram pro lugar errado.

Era pra eu ficar triste vendo isso?

Eu pensei que ele me levaria para o postinho, mas só me trouxe pra uma casa que eu ainda não tinha vindo.

Tem várias motos estacionadas aqui na frente e alguns homens armados em frente.

Desço da moto com ajuda dele e o sigo para dentro.

Quando chego vejo uns três caras jogados no sofá, todos cobertos de sangue, entre eles o Ph.

- Eles não podem ir pro posto porque tão com a ficha mais suja do que de político.

- Mas político não tem ficha suja.

- Confia- diz e eu olho pra ele sem entender- faz a porra do teu trabalho logo, tá tudo aí.

Coloco o jaleco que tinha trago comigo e as luvas.

- Quem tá pior?- pergunto e os três levantam as mãos.

- Ph levou um tiro no ombro, caveira na perna e o fumaça um de raspão no abdômen.- demo explica.

Quem leva a sério esses vulgos?

Esses dias eu conheci um que tem o vulgo de espantalho.

Quase morri de rir, ele ficou bravo pra caralho.

- Quem vai pagar uma pizza pra mim depois?- Th levanta a mão rapidamente.

- Vamos começar com você- corto a camisa dele, porra, cheio de músculos.

Foco, Anna, foco.

- Isso aqui é muito errado, eu não tenho o direito de trabalhar com isso ainda.

- quer falar mesmo de direitos em uma favela?

Bufo e abro a caixa de primeiro socorros e vejo que tem até a agulha de anestesia.

- Vocês assaltaram um hospital?

- Faz um tempinho- Th responde e eu arregalo os olhos.

- Eles não dão, a gente pega- demo da de ombros e entrega uma garrafa de whisky pro Th que dá um gole.

Começo a limpar o ferimento, dou a anestesia e depois de um tempinho retiro a bala.

Eu tô guardando todas de recordação, acho que já tenho umas quinze.

Nunca vi tanta gente levar tiro.

Assim que dou o ponto no braço dele, faço o curativo e retiro a luva.

- Você vai ter que tomar esse remédio aqui, é só pra não ter inflamação nos pontos- anoto o nome do remédio no papel e entrego pra ele.

- Você não pode receitar remédios.- demo diz debochando.

- Quer falar do que pode ou não pode? Não foi você que disse que a gente tá em uma favela?

- Ou, não quero incomodar não, mas tá doendo demais isso aqui- o cara que tomou tiro na perna diz e eu dou risada.

- Valeu aí, depois te chamo pra comer- Th diz e se levanta.

- Tá bom- pego outro par de luvas.

....

Chego em casa morta de cansada, depois que eu cuidei dos baleados que estavam lá na casa, eu fui até o postinho onde ajudei uns moradores que foram atingidos.

Chegou até uma senhora falando que viu uma cabeça rolando morro abaixo, eu me segurei pra não rir, a coitada tá vendo coisas.

Uma criança de 7 anos levou um tiro na barriga e perdeu muito sangue. Teve uns policiais que invadiram umas casas na procura de drogas ou armas, um deles atirou nesse criança.

É foda tudo isso.

Eu subo direto pro quarto e encontro com o demo esparramado pela cama, bufo e vou pro banheiro.

Depois de um belo banho, passos meus produtos e visto uma calcinha, um shorts de pano mole e uma blusa do demo, foda-se que ele não gosta que eu pegue as roupas dele.

Penteio meu cabelo molhado e então desço até a cozinha pra comer algo.

A Isa já deve tá dormindo, afinal já é tarde pra caralho, foi tudo tão louco que eu nem vi o tempo passar.

Faço um sanduíche e pego um copo de suco de caixinha.

Assim que termino de comer, subo novamente pro quarto e o demo se encontra na mesma posição, vou até o banheiro, escovo os dentes e seco meu cabelo, nem rola dormir de cabelo molhado.

Tá, mas como eu durmo agora? Ele tomou conta da cama toda.

Vou acordar ele.

Foda-se.

Um dia eu vou morrer mesmo, não custa nada adiantar um pouco a morte.

- ACORDAAA- grito e balanço ele que se assusta e saca a pistola que tava debaixo do travesseiro.

Eu fecho meus olhos e já me preparo pra morte.

Passa um tempinho e nada dele atirar, então eu abro os olhos aos poucos e vejo que ele me encara, mas a pistola não está mais em suas mãos.

- Porra, me acordou por quê?- pergunta com a voz rouca.

- Eu cheguei agora do postinho, só que você tava tomando conta da cama toda, não tinha como eu deitar.

- Tu tava lá até agora?

- Sim, tinha muitas pessoas baleadas, vários dos seus soldados.

- Tô ligado- passa a mão no rosto- agora se ajoelha, tu vai pagar um boquete só por ter me acordado.

Fudeu...

𝗣𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗩𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼•• 𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗲 𝗥𝗲𝘁Onde histórias criam vida. Descubra agora