Anna
Depois de algumas horas, enfim o barulho de tiros acabam e eu respiro tranquilamente.
Isabella dormiu! Ela dormir durante uma guerra rolando lá fora, enquanto isso eu aqui com minha mente negativa já achando que a qualquer momento alguém invadiria esse lugar e me mataria com um tiro na testa.
Um tempinho depois a porta é aberta e o demo passa por ela totalmente sujo de sangue.
- Que porra vocês tão fazendo aqui fora?- pergunta e a Isabella se acorda.
- A Anna quase morreu por falta de ar, ela não consegui ficar lá.
- Que se foda, levanta logo daí que o Ph levou um tiro e tá precisando de ajuda.
Eu me levanto rapidamente e saio seguindo ele.
- Eu quero ir também- Isabella diz.
- A rua tá cheia de corpos espalhados pelo chão, se tu ver isso vai desmaiar que eu já tô ligado, fica aí.
Ele sai me puxando pra fora e sobe na moto e me olha.
Já tá escuro pra caralho, mas a rua tá clara por conta das luzes.
- Que foi? Não vou encostar em você todo sujo desse jeito.
Ele bufa e tira a camisa toda suja de sangue, eu subo atrás dele na moto e seguro em sua cintura.
Assim que ele liga a moto, da partida e eu quase caio pra trás.
Tem vários caras na rua recolhendo corpos, a maioria são de polícias.
Vieram pro lugar errado.
Era pra eu ficar triste vendo isso?
Eu pensei que ele me levaria para o postinho, mas só me trouxe pra uma casa que eu ainda não tinha vindo.
Tem várias motos estacionadas aqui na frente e alguns homens armados em frente.
Desço da moto com ajuda dele e o sigo para dentro.
Quando chego vejo uns três caras jogados no sofá, todos cobertos de sangue, entre eles o Ph.
- Eles não podem ir pro posto porque tão com a ficha mais suja do que de político.
- Mas político não tem ficha suja.
- Confia- diz e eu olho pra ele sem entender- faz a porra do teu trabalho logo, tá tudo aí.
Coloco o jaleco que tinha trago comigo e as luvas.
- Quem tá pior?- pergunto e os três levantam as mãos.
- Ph levou um tiro no ombro, caveira na perna e o fumaça um de raspão no abdômen.- demo explica.
Quem leva a sério esses vulgos?
Esses dias eu conheci um que tem o vulgo de espantalho.
Quase morri de rir, ele ficou bravo pra caralho.
- Quem vai pagar uma pizza pra mim depois?- Th levanta a mão rapidamente.
- Vamos começar com você- corto a camisa dele, porra, cheio de músculos.
Foco, Anna, foco.
- Isso aqui é muito errado, eu não tenho o direito de trabalhar com isso ainda.
- quer falar mesmo de direitos em uma favela?
Bufo e abro a caixa de primeiro socorros e vejo que tem até a agulha de anestesia.
- Vocês assaltaram um hospital?
- Faz um tempinho- Th responde e eu arregalo os olhos.
- Eles não dão, a gente pega- demo da de ombros e entrega uma garrafa de whisky pro Th que dá um gole.
Começo a limpar o ferimento, dou a anestesia e depois de um tempinho retiro a bala.
Eu tô guardando todas de recordação, acho que já tenho umas quinze.
Nunca vi tanta gente levar tiro.
Assim que dou o ponto no braço dele, faço o curativo e retiro a luva.
- Você vai ter que tomar esse remédio aqui, é só pra não ter inflamação nos pontos- anoto o nome do remédio no papel e entrego pra ele.
- Você não pode receitar remédios.- demo diz debochando.
- Quer falar do que pode ou não pode? Não foi você que disse que a gente tá em uma favela?
- Ou, não quero incomodar não, mas tá doendo demais isso aqui- o cara que tomou tiro na perna diz e eu dou risada.
- Valeu aí, depois te chamo pra comer- Th diz e se levanta.
- Tá bom- pego outro par de luvas.
....
Chego em casa morta de cansada, depois que eu cuidei dos baleados que estavam lá na casa, eu fui até o postinho onde ajudei uns moradores que foram atingidos.
Chegou até uma senhora falando que viu uma cabeça rolando morro abaixo, eu me segurei pra não rir, a coitada tá vendo coisas.
Uma criança de 7 anos levou um tiro na barriga e perdeu muito sangue. Teve uns policiais que invadiram umas casas na procura de drogas ou armas, um deles atirou nesse criança.
É foda tudo isso.
Eu subo direto pro quarto e encontro com o demo esparramado pela cama, bufo e vou pro banheiro.
Depois de um belo banho, passos meus produtos e visto uma calcinha, um shorts de pano mole e uma blusa do demo, foda-se que ele não gosta que eu pegue as roupas dele.
Penteio meu cabelo molhado e então desço até a cozinha pra comer algo.
A Isa já deve tá dormindo, afinal já é tarde pra caralho, foi tudo tão louco que eu nem vi o tempo passar.
Faço um sanduíche e pego um copo de suco de caixinha.
Assim que termino de comer, subo novamente pro quarto e o demo se encontra na mesma posição, vou até o banheiro, escovo os dentes e seco meu cabelo, nem rola dormir de cabelo molhado.
Tá, mas como eu durmo agora? Ele tomou conta da cama toda.
Vou acordar ele.
Foda-se.
Um dia eu vou morrer mesmo, não custa nada adiantar um pouco a morte.
- ACORDAAA- grito e balanço ele que se assusta e saca a pistola que tava debaixo do travesseiro.
Eu fecho meus olhos e já me preparo pra morte.
Passa um tempinho e nada dele atirar, então eu abro os olhos aos poucos e vejo que ele me encara, mas a pistola não está mais em suas mãos.
- Porra, me acordou por quê?- pergunta com a voz rouca.
- Eu cheguei agora do postinho, só que você tava tomando conta da cama toda, não tinha como eu deitar.
- Tu tava lá até agora?
- Sim, tinha muitas pessoas baleadas, vários dos seus soldados.
- Tô ligado- passa a mão no rosto- agora se ajoelha, tu vai pagar um boquete só por ter me acordado.
Fudeu...
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𝗣𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗩𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼•• 𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗲 𝗥𝗲𝘁
RomanceTudo começa com uma dívida, que no caso, terá uma pessoa como o pagamento. Duas pessoas totalmente diferentes, aquele tão famoso oposto, mas será que dessa vez eles irão se atrair? ••iniciada em abril de 2022•• •• Republicada em dezembro de 2023••