capítulo 47

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Anna


Depois daquilo tudo que o Filipe diz eu não sei nem como reagir.

Ele disse tudo que um dia eu quis ouvir, mas no momento errado.

Eu gosto muito dele, mas eu não posso me jogar de cabeça em um relacionamento que pode ser raso.

Eu tenho que ver mudanças nele, e até agora eu não vi muitas.

Ouço a porta do meu quarto sendo aberta e nem preciso abrir os olhos pra ver quem é, o cheiro de perfume e maconha entrega tudo.

- Vou vazar, beleza?

Puta que pariu! Ele tinha que ter essa voz grossa e rouca?

Eu me sento na cama e olho pra ele que tá de braços cruzados.

- Não é perigoso pra você voltar agora?

- Me disseram que tá limpo já.

- Nunca se sabe, vem cá- abro meus braços e ele levanta uma sobrancelha.

Ok, depois de tudo que rolou eu não tinha que fazer isso, mas meu autocontrole vai pra puta que pariu quando eu estou com ele.

Ele resmunga alguma coisa e vem.

Meu dog.

Me deito na cama e ele fica por cima de mim, afunda o rosto no meu pescoço e fica fazendo um cafuné gostoso.

- Dorme aqui hoje- beijo seu rosto.

Ficamos em silêncio e eu passo a unha de leve por suas costas.

- Eu não fico com outra faz umas duas semanas- ele diz do nada e eu encaro ele que me observa com um olhar desconhecido- tu voltou e fudeu com tudo, sua diaba.

Eu gargalho e ele nega com a cabeça.

- Tu fez macumba, né? Filha da puta.

- Tenho meus conhecimentos- dou risada e ele aperta minha coxa.

- Não vai mais colocar o piercing no mamilo?

- Mano? Você é bipolar demais.

- Só tô curioso, responde aí.

- Eu tirei depois que descobri a gravidez, e não, não vou mais colocar.

- Porra, Anna, vai tomar no cu.

Eu acho que nunca ri tanto na minha vida igual agora.

- Gostava muito dele, pô.

- Eu também, mas não vou mais colocar.

- Tu já ficou com quantos caras na vida?

- Você tá bem hoje?

- Tô.

- Pra que quer saber isso?

- Pra saber quantas mortes a mais eu vou ter na conta.

Gente? O que eu tô fazendo aqui?

- Credo, sai pra lá.

- Mas responde aí.

- Eu era malucona antes, parei de contar quando chegou em 30.

Ele se levanta rapidamente de cima de mim e me olha de boca aberta.

- Sua rodada do caralho- diz com humor na voz e joga uma almofada em mim.

- Sai pra lá, catraca de ônibus.

Ele mostra o dedo do meio pra mim e volta a deitar, só que agora com a cabeça em cima do meu peito.

𝗣𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗩𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼•• 𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗲 𝗥𝗲𝘁Onde histórias criam vida. Descubra agora