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DULCE MARIA
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Na hora de ir embora entrei sozinha no elevador. Quando a porta estava quase se fechando, alguém se aproximou e segurou para que ela abrisse novamente. Olhei de baixo pra cima e vi que era ele, Christopher.
— com licença. — ele diz entrando, ele estava muito educado pro meu gosto. E aquilo fazia eu me sentir mais seca ainda. Fiquei alguns segundos quieta e ele me encarou de lado.
— me desculpe. — digo entre os dentes.
— oi? — ele parece não ter ouvido bem.
— eu disse: me desculpe. Mais cedo eu não reagi muito bem a sua contratação. Quero que saiba que sou muito profissional, e pra mim não há passado que influencie no modo como eu me relaciono com meus colegas aqui dentro.
— claro; eu sei disso. Está tudo bem. — ele diz.
— É sério, eu agi mal. Espero que possa ajudar a empresa, estamos precisando mesmo.
— Farei o que for preciso.. — ele sorri de lado.
— Claro. — ficamos em silêncio até o elevador parar no térreo, quando a porta se abriu eu acabei comentando sobre a aparição de Stefani.
— Eu vi a Stefani ontem. — quando ele ouviu o nome dela pareceu se congelar. Ele voltou seu olhar para mim.
— Minha filha? O-onde? — ele gagueja.
— aqui na empresa. Tinha alguns rapazes importunando ela no estacionamento, eu apareci bem na hora junto com Anderson e socorremos ela. Na hora eu não a reconheci, estava de costas..
— Você a ajudou? Nossa, muito obrigado. E... ela veio procurar por mim? — ele estava com um brilho no olhar imaginando que ela poderia ter decidido procurar o pai.
— Não.. ela... namora um de nossos fotógrafos, não sei se conhece, ele é um bom rapaz. Se chama Luke. Eu só soube ontem que eles eram namorados.
— ah... não, eu.. não conheço. Não sei quase nada sobre ela, que tolo imaginar que ela poderia um dia me procurar. — ele desvia o olhar que estava nitidamente emocionado.
— Acredito que ela também não saiba muito sobre você hoje em dia também, foi pura coincidência eu acho.
— É, só coincidência mesmo. Eu... preciso ir agora, com licença.
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CHRISTOPHER
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Eu estava indo embora com pressa quando vi que Dulce estava no elevador. Ela estava esquisita, mas ao mesmo tempo parecia mais flexível comigo.
Até me pediu desculpas pela sua reação na sala de reuniões mais cedo. Eu entendo que ela esteja irritada com a minha chegada. Eu não poderia rejeitar a oportunidade de melhorar minha carreira em uma empresa agora.
Depois de anos como advogado trabalhista, defendendo empresas e clientes complexos. Eu me afastei da cidade, me desliguei de tudo, e precisei me recuperar da humilhação que vivi. Tudo que causei a elas, e tudo que me causei.
Depois que mudei de cidade, eu comecei a beber para afogar as mágoas. Eu bebia tanto, tanto que mal conseguia parar em pé. Foi em um dos eventos nessa cidade que conheci Alfonso, ele me ajudou na volta pra casa, e viu que a bebida era um problema e ao mesmo tempo era minha calmaria.
Quando ele soube de tudo, me ajudou, me levou a reabilitação, me mostrou as melhores escolhas possíveis, e me prometeu que poucos aqui saberiam dessa fase deprimente.
Quando ouvi Dulce citar minha filha, aquele nervoso, aquele medo e peso voltaram. Eu me perdi completamente e segui para o primeiro bar que havia visto. Fazia dois anos que eu não bebia nada. E dois anos era muito tempo pra mim. Meu ponto fraco sempre foi o whisky, antigamente era apenas para relaxar, hoje, ele me derruba.
Eu não queria que ninguém soubesse que eu estava recaindo. Desliguei o celular e pedi um copo. Tomei e senti a lágrima cair. Sinto falta do que eu tinha, de quem eu era. Da filha incrível que eu tenho, e me pergunto se naquele momento ela gostaria de me ver naquele estado.
Tomei mais algumas doses e me arrisquei no volante. Droga, o que eu estou fazendo? Encostei o carro, desliguei e sai. Eu tenho que voltar andando se não quiser morrer.
Quando estava perto de casa, a vizinha da frente se aproximou, ela estava chegando em sua casa quando me viu. Patrícia é um pouco mais nova que eu, deve ter uns 35 anos. É uma moça muito educada, se dá bem com todos os vizinhos, e sempre se mostrou muito prestativa.
(...)
— Sr Uckermann o que houve? — ela arregala os olhos.
— Oi, eu tô ótimo. — eu não estava não.
— Tem certeza? Mal se aguenta em pé... vamos, eu te ajudo.
— Não precisa, eu tô bem.
— Não me custa nada, vamos... — ela me guiou até a entrada de minha casa, o que foi muito gentil, mas eu já havia feito o trajeto quase todo sozinho, eu poderia muito bem terminar de entrar.
— Eu farei um chá, e já trago. — ela me ajuda com os sapatos e se afasta.
— Eu tô bem é sério. — me deito no sofá com a voz arrastada.
— Não está não... bebeu além do que devia. Mas isso acaba amanhã. Descansando e tomando isso aqui. — ela me entrega um copo e um remédio.
— como sabe onde guardo as coisas?
— essa caixa escrito remédios fica bem em frente ao armário. — ela diz como se fosse óbvio.
— Está certo Paulinha.
— É Patrícia — ela ri — acho que até se esqueceu quem eu sou.
— foi mal moça, eu não estou bem mesmo, tem razão. — Patrícia é tão bacana comigo as vezes que já cheguei a pensar que seu interesse é outro. Mas eu procuro não pensar assim. Sou velho pra ela, e muito mais velho ainda para Dulce Maria.
— Tudo bem. Aqui está seu chá. Eu preciso ir, amanhã acordo muito cedo para trabalhar, mas fique bem e nada de bebidas em.
— Esta certo. — dou um gole no chá e vejo ela sair. Eu estava pingando de sono, não terminei aquela xícara de chá e capotei no sofá.
Foi um dia bacana, se não fosse pelo fato de que Stefani esteve a poucos metros de mim, e que seu namorado convive conosco e eu não sabia. Além do fato de que Dulce Maria é minha colega de trabalho.
E não posso deixar de dizer o quanto estou balançado com ela, e o quanto ela está ainda mais linda com os anos. Mas eu prefiro não pensar muito nisso, está fora da minha realidade.
••••••
Christopher também enfrentou maus bocados com as consequências desse passado, o que acham disso? 🤔
E essa vizinha prestativa? 😬
Me contem o que estão achando da fic! ❤️
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No Sigilo • Segunda Temporada | Vondy
RomanceCONCLUÍDA || Los Angeles, ano 2029. ||SEGUNDA TEMPORADA|| O tempo passou e com ele Dulce Maria precisou se adaptar as consequências de inúmeras atitudes impensadas da sua fase mais rebelde. Além de sua realidade como mãe, a chegada do emprego dos s...