Capítulo 2: Cruzando a linha com o mal

773 69 51
                                    

Alguns sempre terão o azar de cruzar o caminho da pessoa errada.
E isso nunca acaba muito bem.


Os dias correram como o normal após aquela noite, mas todos os dias, em alguma hora do dia, Karat pensava um pouco sobre aquele gângster com quem cruzou e imaginava se seus caminhos iriam se traçar novamente. Era mais um medo de meter-se em um grande problema do que qualquer outra coisa, afinal, nos jornais sempre passam casos de pessoas mortas por estarem no lugar errado e hora errada. Ele não poderia ser tão azarado assim, não é? Karat rezava todo dia para que não.

No fim da segunda semana, pós este incidente, Karat levantou às oito horas, o café não abria no feriado. Ele demorou um pouco para sair da cama, com preguiça, arrastou os pés até o guarda-roupas. De lá ele tirou uma camiseta branca, pois estava usando apenas uma cueca que mais se assemelha a um short curto. Alguém havia batido na porta então, ele precisava ao menos mostrar um pouco de dignidade.

A pessoa do outro lado do quarto bateu várias vezes sem parar na porta e gritou chamando-o. Era a voz de seu primo, Jao. Karat arrastou-se até lá ainda sonolento e coçou os olhos ao abrir a porta.

— Finalmente! Pensei que estava morto. — O rapaz exclamou e adentrou o quarto sem ser convidado. — Não é você quem acorda cedo? Por que ainda está vestido assim?

Ele olhou o primo de baixo à cima.

— É minha folga, eu não podia dormir até mais tarde? —Karat rebateu e fechou a porta. — O que você quer comigo uma hora dessas?

Jao cruzou os braços. Ele não é de acordar cedo e muito menos de vir ao quarto de seu primo, no entanto ali estava o jovem, com uma roupa chique. Trajava uma calça social branca e camiseta azul escuro de botões. Ainda tinha seu cabelo alinhado com um óculos escuro no topo da cabeça.

— Vamos conversar! — O jovem disse indo sentar-se na cama de Karat. — Eu queria te contar uma coisa há muito tempo, mas parece que você está sempre ocupado demais.

Isto é verdade, Karat anda tão ocupado que nem ao menos teve uma conversa com o “tio” para quitar a dívida.
Suspiro.

— Diga, já que está aqui, diga. Eu vou ouvir tudo, sinto muito. — Ele sentou-se ao lado do primo e deu um tapinha em suas costas.

— Eu conheci uma garota linda.

— Outra? — Karat riu. — Você está sempre cercado de mulheres bonitas.

— Essa é diferente! — Jao deu um tapa na coxa dele. — Eu juro, Kitty é a garota mais linda que eu já vi. Ela é tão incrível que eu gostaria de apresentar ela a minha mãe!

— Kitty? — Karat riu fraco. — Esse é o nome da garota que fez uma lavagem cerebral em você? Haha, parece piada. Você teria mesmo coragem de apresentá-la a tia? Nunca fez isso antes.

— Eu faria sim! E quero fazer, não estou brincando. — Jao falou com propriedade.

Karat não conseguia tirar o sorriso incrédulo do rosto, mas ele tentou acreditar em seu primo.

— Okay! E quando pretende apresentar as duas?

— Talvez hoje, ou amanhã. Kitty não mora aqui, eu a conheci naquela cidade onde tem o hotel do chefe do meu pai.

— Aquele com o casino chique que você sempre perde apostas? — A frase rude saiu sem querer.

Jao deu de ombros.

— Não ligo se perco um pouco de dinheiro, lá ganhei meu tesouro. Kitty vale mais do que todo o dinheiro que joguei fora.

Karat deu outro tapinha nas costas dele antes de levantar.

— Hoho, meu primo está mesmo amarrado. Não acredito que se apaixonou.

— Venha comigo, Karat! Estou partindo da cidade hoje. Me dê algum apoio moral para apresentar Kitty à mamãe. — Jao pediu com uma leve entonação de imploração.

Karat franziu as sobrancelhas meio incerto de respondê-lo.

— Não sei não, Jao...

— Vamos, Karat! Irmão, por favor. — Ele implorou puxando o primo pela camisa. — Eu podia ir com John e o motorista, mas eu quero que você conheça Kitty primeiro!

O pedido parecia sincero, Jao nunca foi de pedir nada ao primo, muito menos de implorar algo a alguém. Seus olhos pareciam os de um cachorro pedindo atenção de seu dono. Não havia como negar, ultimamente o coração de Karat estava comovendo-se muito facilmente com os sentimentos alheios.

Ele expirou.

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora