Capítulo 21: Solitude

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A realidade pode ser dura, mais do que a ficção é capaz de mostrar.

...

Mesmo que agora as coisas estejam sendo levadas em um ritmo em que parece que tudo está dando certo, o mesmo velho sentimento ruim voltou a atacar Karat. Ele estava inseguro novamente, sua mente pensava demais nos últimos dias, desde que ele chegou a este lugar contra sua própria vontade suportou muitas coisas, resistiu bem, e sempre tudo o que ele mais desejava era sua liberdade, mas acabou se apaixonando por Kun, que é seu carcereiro. Ele deixou-se levar por suas emoções conturbadas então, agora é extremamente difícil para Karat pensar sobre sua situação, porque isso envolve querer estar junto da pessoa que ele ama e lutar por sua liberdade. "Estar na mansão Thakur é estar preso contra sua vontade ou é estar ao lado da pessoa que ama?" Karat está em uma discussão consigo mesmo sobre isto. Afinal, mesmo que Kun tenha dito que as coisas serão diferentes e que o ama, Karat sente que este lugar não o pertence, esta casa não é sua, nem nada dentro dela.

Ainda, nos últimos dias, desde que eles voltaram de sua viagem romântica, Kun ficou bastante ocupado com o trabalho e isso fez tudo ficar ainda mais confuso na mente de Karat, o garoto afundou em uma monotonia sem fim por todo este tempo, pensando em tudo o que viveu desde o primeiro momento em que cruzou com um Thakur até agora. Tudo era extremamente difícil de associar, aquilo não parece real, era como um pesadelo sem fim. Nem mesmo Billi, que sempre o ajudou tornando seus dias menos sombrios nesta casa, não estava conseguindo tirar muito dele, Karat estava cada vez mais difícil de conversar, ele se fechou demais. Apenas brincar com seu gatinho era algo que ainda o fazia sorrir as vezes, mas passar duas noites seguidas dormindo sozinho em seu quarto o deixou abatido ao ponto dele cuidar do gato sem esboçar nenhuma emoção.

"Você pode ir para o seu quarto agora, Billi." O jovem ordenou assim que viu o relógio e percebeu que já se passava das dez.

Billi estava sentado no chão brincando com o gato, mas ele olhou para o rosto vazio de seu amigo antes de levantar e questionar: "Você quer mesmo que eu vá? Eu posso ficar aqui com você."

"Tá tudo bem, Billi. Pode ir dormir no seu quarto. Kun pode aparecer hoje... Talvez ele venha mais tarde."

Kun costuma ligar avisando quando vai precisar ficar fora até tarde ou que vai chegar de manhã em casa, porque as coisas estão uma grande confusão dentro do Clã. Billi até diria a Karat que Kun ainda não havia ligado, e que ele poderia ligar parar perguntar se seu irmão viria, mas a julgar pela expressão abatida na face do outro era melhor deixar isso quieto e sair.

"Me chame se precisar de alguma coisa, pode bater na porta do meu quarto ou entrar logo, eu nunca tranco a porta." O segurança ofertou olhando bem nos olhos do garoto e apertou seu ombro de leve em um gesto de conforto.

Karat esticou os lábios e deu um tapinha nas costas do amigo. "Está bem, Billi... Eu te chamo se precisar de algo."

Billi lançou a ele mais um olhar longo e olhou de relance para o gatinho que estava agora dormindo para só então sair e fechar a porta.

Karat soltou um longo suspiro e desabou em sua cama ao jogar seu corpo para trás, ele estava completamente exausto de tudo, só queria desligar sua mente um pouco para não ter que lidar com todas as coisas que estavam o atormentando. Porém, ele só conseguiu relaxar depois de muitas tentativas de meditação, sua ansiedade estava muito alta, e apenas quando uma fraca chuva começou a cair lá fora e o ar gelado entrou pelas janelas entreabertas, foi que ele realmente adormeceu em um sono profundo vestindo uma calça fina cinza e uma camiseta branca, a única coisa que ele conseguia vestir nesses últimos dias sem sentir que estava usufruindo de algo que não era seu.

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora