Capítulo 3.1: Recebendo a sentença do outro

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As primeiras horas ali de cárcere não foram tão terríveis para o Jao, o garoto ficou quieto sentado no chão empoeirado sem ousar confrontar os homens que o vigiavam. Tudo o que ocupavam seus pensamentos eram apenas pensamentos sobre Kitty, vê-la desmaiar após presenciar aquela cena assombrosa do assassinato daquele segurança o deixou profundamente preocupado. Para ele, Kitty sem dúvidas deveria estar farta de sua família doentia e quis buscar viver uma coisa melhor, então ele não a julgava por ter o enganado sobre si mesma e sua família. Afinal, quem iria se orgulhar de ter uma família assim? Ele apenas podia preocupar-se em como ela ficaria no meio disso tudo.

Já para Karat, quanto mais o tempo passava, mais parecia que ele estava sendo torturado. Sua dor de cabeça voltou e seu estômago estava muito embrulhado, ele não havia comido nada desde o almoço do dia anterior, e juntando isso a sua ressaca, ele realmente não estava nenhum pouco bem. Além de que, aos poucos começaram a vir em seus pensamentos a imagem do homem sendo assassinado diante de seus olhos. Se ele olhasse para baixo por um instante que fosse, veria bem ali o sangue ainda manchado em sua camisa branca. Aquela era uma imagem horrível de se recordar, tudo o que ele queria era apagar isso de sua mente agora.

Assim, encostando a cabeça nas grades de sua cela, fechando os olhos, tudo o que Karat poderia fazer agora era aguardar sua sentença de morte que estava sendo dada por uma coisa que ele sequer tinha haver. Isso não parecia nenhum pouco justo. Ele estava ali por qual razão? Iria morrer de graça assim? Por que diabos de repente tudo começou a dar errado na vida dele!? A cabeça de Karat explodiu em colapso naquele momento, ele abriu os olhos rapidamente e arrumou a postura em um pulo, mas ainda manteve-se sentado no chão próximo às grades de ferro.

"Onde está meu primo?" Ele perguntou para os seguranças atrás de si do outro lado daquela cela.

Haviam três homens ali, mas nenhum o respondeu, apenas um jovem de cabelos escuros perdeu um pouco da postura séria e encarou Karat.

"Ei, Billi!" O segurança do meio que estava na formação de filinha horizontal chamou a atenção do colega que olhou para Karat.

"O que?" O homem sussurrou baixinho.

"Olhando bem, assim de costas, o prisioneiro se parece muito com você!"

Ele fez uma careta de desgosto. "Não fale besteira, não somos nada parecidos!"

"Sério! De costas são iguais, nem eu poderia diferenciar."

"Não viaja, Carl!" Billi falou encerrando a conversa.

Como Karat foi completamente ignorado, mas ouviu os seguranças cochichando, ele voltou a perguntar virando-se de frente aos homens: "Ei! Um de vocês três... Onde está meu primo? Já levaram ele para o abate?"


Ninguém falou novamente, todos ficaram com a postura perfeita, mãos unidas na frente do corpo e cabeça erguida olhando para frente.

"Você vão me ignorar mesmo?" Karat questionou desejando ser irritante ao ponto de um deles cansar e ceder a ele. "Ei, você realmente parece comigo! Temos os mesmo corte de cabelo."

"Eu disse!" Carl sussurrou para Billi, mas sem perder a postura.

Billi permaneceu sério.

Foi neste momento que Karat reuniu forças e fez um grande esforço para ficar em pé apoiando-se nas barras.

"Ei, eu posso ao menos perguntar aonde eu estou? Ou, quem vai me matar? Porque cara... Eu não faço a menor ideia de com quem estou me metendo."

"Não seja cínico!" De repente uma voz familiar ecoou aos ouvidos de todos. Era aquele maldito segurança, Bob! Ele caminhou passando pelos seguranças e parou cara a cara com Karat. "Você não sabe com quem está se metendo? Então, você não tem nenhuma ligação com o cara que desonrou a Senhorita Kanthima?"

Karat voltou a sentir um forte enjoo só de ouvir aquele absurdo. "Ai, cara! Me poupa vai, que merda de desonra! É proibido namorar e fazer sexo agora!? Qual o problema? A menina arrumou um namorado, apenas isso! Esse é o grande problema para vocês?" Ele sacudiu a cabeça para os lados inconformado. "Coitado é do meu primo que não sabia aonde estava se metendo!"

"Cuidado com a boca filho da puta!" O homem apontou o dedo na cara de Karat com arrogância. "Seu primo sabia muito bem que era errado seduzir uma menina que acabou de fazer dezessete anos e forçá-la a fugir com ele!"

"Dezessete anos!" Ele não conseguiu conter o espanto. Porra Jao! Você se meteu numa fria, idiota! Karat pensou apenas para si. E no fim voltou a bater boca com Bob. "Olha... Eles estavam namorando, não é? Jao não deve ter forçado ela, eles estão muito apaixonados! E tudo que ele ia fazer era levá-la para conhecer a mãe dele, nada demais, não era um sequestro."

O homem deu um riso seco. "Huh! Vamos ver se o senhor Kun engole essa sua história. Agora cala a boca se não quiser levar uma surra de graça."

"Quem você pensa que é pra me bater assim? Vocês estão fazendo tempestade em um copo de água! Por que caralhos o pai ou o irmão não sentam para conversar com essa menina? Eles só precisam ouvir ela para esclarecer tudo, mas acharam melhor matar logo um homem!"

O sangue de Bob ferveu, ele não tinha tolerância para o atrevimento de Karat então, o homem passou as mãos pelas grades e puxou o garoto pelo colarinho. "Olha aqui seu desgraçado! O próximo a morrer vai ser você se não calar essa boca de merda. Quem toma as decisões aqui são o senhor Killin Lee Thakur e o líder do Clã, Senhor Kun! Sua sentença de morte já está dada, não importa o que você ou seu priminho digam, a opinião de vocês não vale nada!"

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora