Capítulo 3: Recebendo a sentença do outro

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De nada vale a virtude do homem bom se ele acompanha-se de maus homens. O preço do pecado sempre cai sobre os ombros daquele mais fraco.


Karat acordou mais tarde do que ele sempre costuma acordar todos os dias, ele nunca dormiu tanto, eram dez e trinta e cinco quando ele levantou daquela grande cama do hotel. Sua cabeça estava doendo muito, suas têmporas latejavam, e seus olhos ardiam como os de alguém que chorou muito ou passou a madrugada inteira lendo. Era uma ressaca muito forte, seu estômago estava embrulhado e ele não lembrava muito da noite anterior, apenas que cruzou com um cara e bebeu com Ethan até perder os sentidos. Isso foi tudo.

Rastejando-se dali, em um misto de preguiça e mal estar, ele foi ao banheiro tomar uma ducha de água fria. E enquanto banhava-se, pensou bastante. Pensou em como sua vida estava indo de mal à pior, pensou em como seria difícil viver a partir de agora conciliando trabalho, faculdade e uma moradia, e também pensou em como sua mãe se sentiria se pudesse vê-lo agora. Ela estaria decepcionada ou triste por ele? Provavelmente ficaria muito abalada.

Mas, não importava o quanto ele pensasse sobre aquelas coisas, Karat não sabia que decisão tomar, tudo estava tão complicado em sua cabeça, e além de todas estas preocupações ele também preocupava-se com os homens que conheceu. Em toda a sua vida ele nunca se envolveu com nada criminal, nunca roubou um doce sequer ou foi desonesto, mas agora estava esbarrando com gangsters. Aquilo tudo estava o enlouquecendo por dentro, mesmo que por fora ele parecesse bem. Era como se, em algum momento algo muito ruim fosse acontecer com ele, ele sentia isso.

No fim, quando ele terminou de tomar seu banho frio, vestiu uma camiseta branca simples e uma calça jeans. O colar que era sua única lembrança de sua falecida mãe ainda estava na calça da noite passada, então ele pegou ela e retirou o colar de lá colocando-o em volta de seu pescoço e escondeu-o por baixo do tecido da camisa, o que era um hábito dele. E em seguida, ele voltou para o banheiro porque esqueceu de escovar os dentes.

Assim, quando ele saiu do banheiro outra vez e foi mexer no celular, notou que haviam chamadas perdidas de seu primo então, resolveu retornar a ligação.

"Jao... Está tudo bem? Você ligou tantas vezes!" Ele questionou imediatamente assim que o primo atendeu.

"Karat! Eu estava preocupado, não tenho notícias de você desde ontem a noite e hoje de manhã não recebi nenhuma mensagem. Você sempre liga ou manda mensagem para saber como eu estou."

"Ah! Então era isso..." Karat esfregou os olhos e sentou-se na ponta da cama. "Eu bebi um pouco demais ontem, acordei tarde e com uma ressaca forte."

Um riso descontraído de Jao pôde-se ser ouvido do outro lado da linha. "Meu primo exemplar bebeu um pouco além da conta e acordou tarde? Com uma baita ressaca!? Ha! Céus, o mundo vai acabar."

"Não faça piada, Jao! Aonde você está?"

"Estou com Kitty, em um restaurante fora do hotel. Ela não quis ir aí na noite passada e agora estamos tomando café da manhã... Mas, ela está louca para te conhecer, você deveria vir! Ou sua ressaca está muito forte?"

Ela estava bem forte! Mas, Karat veio até aqui para conhecer a namorada do primo, ele não poderia negar o convite.

"Eu estou bem, eu aguento uma ressaca. Só me mande a localização, estou saindo daqui!"

"Está bem, vou mandar!"

Jao desligou rapidamente e mandou a localização para Karat.

Quinze minutos após pegar um táxi Karat chegou ao lugar onde apontava na localização. Era um restaurante bem chique e iluminado. Olhando apenas superficialmente ao redor, as pessoas ali pareciam bem ricas e importantes, o que fez o jovem sentir-se deslocado, roupa que estava usando era simples demais para aquele lugar. Mas, isso era culpa da sua ressaca, ela estava tão forte que ele esqueceu-se completamente que seu primo adora se exibir gastando dinheiro. Então, era óbvio que ele levaria a namorada ao lugar mais chique e impressionante que ele encontrasse.

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora