Capítulo 25: Em família

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"Ainda que se esforce nem toda casa é um lar, nem todo parente é família."

Na última madrugada Karat não conseguiu dormir direito, ele passou a maior parte da noite se revirando na cama enquanto Kun dormia profundamente. Seu sono mais longo foram duas horas seguidas entre as duas e as três da manhã. O sol estava surgindo no horizonte quando ele acordou depois das quatro da manhã. Depois disso, ele não pôde dormir mais e se levantou, vestiu uma camisa regata branca, uma calça moletom e deixou seu marido dormindo sem roupas coberto por um lençol.

A essa hora da manhã é o horário favorito dos seguranças para treinar, muitos deles já estavam acordados na academia quando Karat apareceu por lá. James, Carl, Pete, todos estavam bem ali. Eles trocaram alguns cumprimentos e Karat foi se aquecer, ele começou com a esteira de corrida e correu alguns quilômetros antes de ir dar alguns socos no saco de Box. Billi apareceu na academia um tempo depois, ele viu Karat treinando com determinação e aproximou-se dele devagar sorridente.

"Caiu da cama?" Billi questionou com ar divertido.

"Antes fosse." Karat deu dois socos no saco de Box. "Eu quase não durmo ontem."

"Problemas com Kun?" Billi sentou em um banco e começou a calçar seus tênis.

"Problemas com tudo." Karat respondeu. "Eu não me acostumo com essa casa!"

Billi refletiu por um momento enquanto Karat esmurrava o objeto a sua frente cada vez com mais força.

"Você falou com Kun sobre isso?"

"O que eu vou falar pra ele? Ei eu gosto de você, mas ainda me sinto um prisioneiro aqui. Quero ir embora. Ele não vai gostar de saber disso."

"Você precisa ser sincero com Kun. Se abrir sobre o que sente. Não dá para você viver assim. Se viver nesta casa te incomoda, diga a ele e vocês vão tentar resolver o problema. Só não fique se martirizado sentido isso em segredo."

Karat deu um último soco no saco de Box e parou. Ele olhou de relance para Billi e sentou-se no chão.

"Valeu, Billi. Você com certeza é o meu melhor amigo. Eu só não sei de que forma vou falar disso para Kun."

"Tenho certeza de que vai encontrar um modo, apenas não se reprima mais." O homem levantou de seu lugar e tocou o ombro do outro.

Karat olhou para cima pensativo.

"Eu me sinto deslocado sabe. Todo mundo aqui é tão diferente do que eu sempre estive acostumado. Eu não falo do luxo, até porque a casa em que eu morava também era grande e luxuosa. Mas, vocês todos são treinados para matar e sabem se proteger. As vezes eu sinto como se a qualquer momento eu fosse morrer. Sou um alvo fácil. Entende isso, Billi?"

O homem assentiu.

"Eu entendo."

"Ainda mais agora com Kun correndo atrás de um bandido, eu não me sinto seguro. Eu com certeza não nasci para ser marido de um milionário envolvido com tráfico. Não sei nem atirar."

"Mas, isso é simples. Aprender a atirar." Billi disse cruzando os braços.

"Então, você me ensina a atirar?" Karat pediu.

"Assim do nada?" O segurança riu. "Está mesmo com medo de ser atacado?"

"É... Eu me sinto um alvo fácil. Todos aqui sabem, menos eu. Me sinto meio fraco e vulnerável na maior parte do tempo. Pensei que, se talvez eu aprendesse a atirar, me sentiria menos fraco, sabe? Eu já fui sequestrado uma vez, não quero ser de novo."

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora