Capítulo 31: Na mira do gatilho

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"Aqueles que um dia fizeram o mau sempre serão vistos como maus e serão acusados de cada mínimo erro que surgir ao seu redor."

...

A madrugada havia acabado de chegar quando o homem revirou-se sobre a mesa de seu escritório e acordou de seu sono inquieto. Por um momento Kun perdeu a razão e respirou profundamente algumas vezes tocando com a mão direita em seu peito esquerdo sentindo seu coração palpitar acelerado. Ele teve um pesadelo. Uma arma estava sendo apontada em sua cabeça enquanto seu amado era torturado em uma cadeira bem a sua frente. Mas, o homem não soube se aquilo era um delírio ou uma premonição, contudo, foi um sonho tão realista que o assombrou profundamente. Kun precisou de um longo minuto quieto para poder recuperar seus sentidos e tornar a ficar vigilante.

O relógio em cima da mesa marcava "3:00", mas que azar! Costumam dizer que acordar a essa hora é um mal presságio. Claro que ele não é do tipo que acredita no sobrenatural e em mensagens trazidas através de números, mas estava tão perturbado estes dias que Kun não conseguiu evitar se preocupar, ainda mais depois do seu pesadelo. Então, ele encostou suas costas na cadeira em que estava sentado e deu uma olhada rápida por cima de sua mesa cheia de papéis. Desde o dia em que Karat partiu Kun não conseguiu se separar do trabalho. Trabalhar fazia o homem não pensar se a decisão que havia tomado era a melhor ou não. De fato ele ainda queria Karat ao seu lado porquê o ama, mas não poderia impedir seu amor de ter sua liberdade pois afinal o ama e o amor é livre. Assim, Kun passou o resto da madrugada acordado, tentando se concentrar no trabalho árduo enquanto seu coração clamava desesperadamente por saudades do outro e sua mente temia que o pior acontecesse.

Quando a manhã finalmente chegou, Kun assistiu os primeiros raios de sol entrarem pela janela. Ele sequer esperou que o horário do café da manhã chegasse, ele pegou seu telefone e ligou para a única pessoa com quem poderia contar nesse momento. Ethan o atendeu, mesmo que ainda estivesse dormindo, e um pouco preocupado com o estado do primo ele marcou de ir vê-lo. Mas, não demorou muito, dentro de poucos minutos Ethan já estava na mansão Thakur com roupas casuais, calça moletom preta e uma camiseta branca. Já Kun, o recebeu com a mesma camisa social vinho que usou na última noite porque não manteve-se fazendo outra coisa a não ser trabalhar.

Os dois primos sentaram-se em uma mesa no jardim, iluminados pelo fraco sol da manhã então começaram a conversar.

"Você o encontrou?" Kun questionou um pouco aflito.

Ethan assentiu suavemente.

"Karat está na casa de um amigo. Kai é o nome dele. É alguém de quem ele é próximo desde a faculdade, trabalharam juntos."

"Eu gostaria de saber se ele está bem." Kun começou a dizer apoiando os braços sobre a mesa e encarou o horizonte a sua frente. "Você poderia ir vê-lo, Ethan? Tenho certeza de que ele prefere ver você do que a mim. Apenas quero saber se ele está bem, se ficará seguro."

"Eu posso fazer isso. Também estou preocupado com ele." Ethan afirmou. "Apenas não sei se isso vai realmente reconfortar seu coração."

"Por favor, Ethan." Kun olhou para ele com uma expressão de dar pena de tão abatido e claramente exausto ele estava. Kun tinha passado muitas noites em claro preocupado com Karat, fugindo de sua aflição escondendo-se entre papeladas de documentos. Ele pediu: "Cuide de Karat por mim."

"Kun..." Ethan pronunciou o nome do primo baixinho por estar ansioso com seus pensamentos. Ele brincou um pouco com os dedos batucando-os na mesa e em seguida ergueu seu olhar encarando o homem a sua frente. "Preciso te contar algo."

Prisioneiro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora