O amor

267 21 4
                                    




- Clarke, espera!

- O que tá fazendo aqui???

- Não é óbvio? Estou... eu estou aqui por você.  - Digo firme.

- Você tá um pouquinho atrasada. - Não há raiva ou decepção na voz de Clarke. Ela repousa os olhos nos meus intensamente.

- Estou mesmo? Pelas minhas contas, você tinha um plano.

- Suas contas? O que você sabe, Lexa? Além de absolutamente nada. - Clarke Griffin me olha ainda mais intensamente, se é que isso era possível. Seus lábios se curvam em um sorriso contido.

- Você tá jogando comigo?

- Não sou eu quem curte joguinhos.

Resolvo por um fim naquilo e dizer logo o que sinto, antes de ficar rodando e rodando.

- Escuta, Clarke. Eu não ligo para os anéis, não ligo para ninguém além de nós duas. Tá me entendendo? Eu quero você. - Me aproximo mais dela, e tento tocá-la.

Clarke se afasta sutilmente.

- Os anéis... eles importam pra mim.

- Por que? Por que você não consegue simplesmente abrir mão disso?

- Porque eu fui ferida, Lexa. Fui enganada, trapaceada, passada pra trás. - Sua voz sai com evidente mágoa.

- E isso é maior que o que você sente? Me diga, e se eu estiver errada e você não sentir nada por mim, então, eu vou embora e você pode fazer sua viagem estupida pra Suíça com a sua noiva de plástico.

Ei... não fale assim dela. - Clarke parece até um pouco assustada, suas mãos estão tremendo levemente.

Ficamos em silêncio por um tempinho. Até que Clarke me olha profundamente, seus olhos azuis estão clarinhos e brilhantes

- Olha, Lexa...

Ela começa, mas, então se contém.

- O que? O QUE???

- Eu não posso! - Diz com cuidado, baixando a cabeça.

- Sei que fui uma puta desgraçada. - Admito.

- Você foi uma puta desgraçada.

- E eu não vou mais me desculpar, eu me desculpei e disse o que tinha que dizer. - Digo, quase perdendo a paciência com a situação.

- Agora você tá sendo uma puta orgulhosa.

- E você não??? Com todo esse papo sobre os anéis, você só tá com medo, é isso!

- Medo de que?

- De ser feliz.

Ela não diz nada, olha para a tela do celular, provavelmente, pensando que vai perder o voo.

- Eu já sou feliz.

- É mesmo? Eu sei que talvez seja, talvez você seja mesmo. Mas, eu também já achei que fosse e não era. Passei muitos anos assim, eu esqueci que estar acostumada com a normalidade da minha constante sensação de não pertencimento, não fazia de mim alguém feliz. Eu só era... neutra em relação a vida e se você quer viver assim, tudo bem. Tô indo nessa! Boa viagem.

Falo o mais rápido possível, mas dou intensidade nas minhas palavras. Não quero esperar pra ver o que Clarke irá responder. Eu apenas saio andando. Ando e ando até não aguentar mais. E quando finalmente chego no estacionamento do aeroporto, vejo que Costia está lá chupando um pirulito. Corro até ela e a abraço.

Fiquei com seu númeroOnde histórias criam vida. Descubra agora