Lexa
às vezes, não há nenhum aviso.
as coisas acontecem em segundos.
tudo muda.
você está vivo.
você está morto.
e as coisas continuam.
somos finos como papel.
existimos por acaso.
Bukowski
O poema me encarava, conversávamos em silêncio, ele me dizia coisas que eu jamais conseguiria aceitar. As coisas inevitáveis.
Aquela era a tarde mais estranha do ano. Chovia e fazia um calor tremendo. Apesar da minha recente constatação de felicidade, era um pouco assustador também, porque eu estava extremamente apavorada com a possibilidade de voltar a estar triste.
- Bukowski, ham... Você não me parece ser o tipo de garota que lê Bukowski.
- Sou o tipo de garota que não tem tipo pra nada. - E um breve sorriso deixou meus lábios. Confiante.
Estava numa cafeteria, esperando a chuva passar. E não me incomodava com interrupções, mas, criticar, mesmo que sutilmente, mas principalmente com tom machista a minha leitura... isso era inaceitável.
O rapaz me encarou, sorriu um pouco envergonhado e sem permissão, sentou.
- Não curto esse autor. O jeito como ele escreve sobre mulheres, sei lá. É meio ofensivo.
- Quando o assunto é mulheres, acaba sendo difícil achar algo que não seja ofensivo para nós.
Silêncio.
- Prefiro Oscar Wilde. – Suavizou.
- E aposto que já leu todos da Jane Austen.
Ele abriu a mochila marrom claro e tirou um exemplar surrado de Emma.
- Não acho justo que tenha criticado a minha leitura, mas, devo admitir que você me intriga.
- Você também acha estranho que eu leia os livros da Jane, não é?!
Fiquei quieta, observando a chuva pela janela da cafeteria. Estava mais fina.
- Tão delicado.
- Intrigante.
- Espertinho.
- Você não leu Jane Austen.
- Não ainda.
- Então, comece. – E empilhou o livro junto com o do Bukowski.
- Vamos voltar?
Roan e eu trabalhávamos não muito longe dali. Ele é o único filho de Maggie, e desde que comecei o estágio na empresa de sua mãe, ele tem me ajudado com a adaptação. Depois de algumas conversas, descobri que ele é um amante de todos os tipos de arte, e virou rotina, nos encontrarmos na cafeteria perto do trabalho, e falarmos sobre nossas leituras ou visitarmos exposições na cidade.
Ele me acompanhou até a estação de metrô, após o expediente. Com a promessa de que no final daquela semana, visitaríamos a galeria de uns artistas brasileiros.
O metrô de Nova York é sempre lotado. Músicos, vendedores, artistas, pessoas indo e vindo. É o meu lugar favorito. A melhor coisa era sentar e observar as pessoas, pelo menos por algum tempo. Dava a sensação de que você não precisava olhar pra si mesmo, entende?
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Fiquei com seu número
FanfictionClarke Griffin está de casamento marcado. Tudo estava indo bem, até que em uma tarde, Clarke perde o seu anel de noivado milionário. No meio de toda a confusão ela encontra um celular misterioso, o aparelho pertence à Lexa, alguém que odeia que bisb...