TPM

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Anya

Estamos 2010, e pasmem! A nudez ainda é um tabu.

Tive algumas conversas com minha sexóloga, e posso dizer com propriedade que: saber é poder. É por isso que na 1 hora e meia que pago de terapia sexual, tento agarrar toda e qualquer oportunidade de aprender mais...

No geral, não sou uma pessoa ruim ou aérea. Mas, não me preocupo com muitas coisas além das coisas que são importantes para mim.

- ANYA? - Desvio os olhos da bela visão que eu tinha de Brooke, a garçonete.

Hoje é um dia daqueles...

- Algum problema, querida?

- Ela está demorando muito, será que algo deu errado? - Costia bate os dedos na mesa irritantemente.

Estamos no nosso bar favorito do Brooklyn. É movimentado e cheio de diversidade. O lugar perfeito para conhecer pessoas, coisa que eu gosto, digo... eu gosto de pessoas.

Exceto, Costia.

Ignoro-a, porque é o que fazemos com um mosquito.

- Estou falando contigo. – Ela faz uma pequena pausa, desejo que fique calada pelas próximas vinte semanas. - VADIA.

- Você tá me chamando de vadia?

Ela sorri. Certamente, debochando de mim.

- Estou, vadia. – Cantarola.

- Vou te foder na minha pia. - Rimo, mas logo desvio uma brazileirinha abençoada com perfume cítrico passando por nós.

Hoje é um dia daqueles...

Quando saí da casa dos meus pais, meu sonho era ser rapper. Mas, não uma rapper mixuruca, quero servir de inspiração para uma geração inteira. Faço ótimas rimas, sem dúvidas, sou a melhor. Mas, de algum jeito, a vida está me provocando, e cá estou eu.

- Não quero brincar de rimas, estou ansiosa demais pra isso. - Rende-se, levando a latinha de cerveja a boca.

- Faz uma batida aí.

- Não, você é péssima. E meus ouvidos não estão afim de serem carbonizados hoje.

- Tu só estás com inveja, Costia. Para que tá feio. Aliás, o Jay Z teve aulas comigo, sua desinformada. 

Ela dá de ombros.

De longe, uma criaturinha pequena, com uma postura irritantemente rígida, passa entre as pessoas, vindo em nossa direção.

- Você matou alguém? - Costia alfineta, assim que ela se senta na cadeira ao nosso lado. Suada e ofegante.

- Tá parecendo outra coisa... – Brinco, mas detesto que Lexa seja uma expert em mentiras. Sei que ela vai omitir metade das coisas, só pela preguiça de não ter que lidar com as consequências de suas ações.

- Foi perfeito. - Deixa uma risada suave escapulir. - Tudo pegou fogo, as velas caíram nas cortinas, as pessoas não paravam de correr, foi um caos. Nunca vi tantos ratos em toda a minha vida. - Gargalhou, por uns dez segundos.

- Agradeçam a mim por ter descoberto que a noiva tem musofobia. – Comento, sem muita pretensão.

- Foi incrível! INCRÍVEL. Estava tão inspirada, fiz meu melhor trabalho esta noite. – Lexa comentava com olhos brilhantes.

- EU AMO ESSA MÚSICA. GOT ME LOOKING SO CRAZY RIGHT NOWWWWW YOUR LOVEEEE

É a coisa mais horrível que eu já ouvi. Lanço um cubo de gelo na cara da vagaba.

Fiquei com seu númeroOnde histórias criam vida. Descubra agora