Nada ruim... que não possa piorar!

1.1K 90 66
                                    




Lexa


O perfume cítrico de Clake Griffin toma conta de tudo. Não é a primeira coisa que noto, mas é o que realmente fica comigo. Além dos cabelos loiros ondulados soltinhos e os olhos furiosos em um azul intenso.

Quero me explicar, quero contar tudo que tenho feito nos últimos meses, quero abraça-la. Entretanto, estamos em silêncio e distantes.

Não existe nada ruim, que não possa piorar.

- Você tá... bronzeada.

É a primeira coisa que ela diz, então... continua me olhando. Quase dá pra enxergar fumaça saindo da cabeça dela, tipo quando nos desenhos animados os personagens estão com raiva demais pra fazer ou falar qualquer coisa, então sai fumaça da cabeça deles.

- Mas, essa sua cara de pau... hum... essa continua a mesma. - Ri sarcasticamente.

É só isso?

- O que eu acho engraçado, Lexa... É que sempre esteve tão evidente que você é uma salafraia, mentirosa. - O tom de voz vai aumentando e os insultos também. - UMA BANDIDA, TRAPACEIRA, ENGANADORA!

- Também senti a sua falta. - E me aproximo mais dela, que se aproxima de volta. Agora nós estamos claramente invadindo o espaço pessoal uma da outra.

- Não seja ridícula, quem foi que disse que eu senti sua falta?!

- Gostei do cabelo, gosto desse rosa desbotado. - Não era uma mentira.

- Você fez isso não foi? Me denunciou. - Sinto como se a qualquer momento ela fosse descer a mão em mim, os olhos de Clarke Griffin escondem uma furiosa tempestade.

- Ahhhh, tenha dó, eu tenho mais o que fazer. Sou tão vítima quanto você. - Uso minha melhor expressão de desdém.

Então me afasto.

Sua testa enruga, provavelmente ela está debatendo internamente se deve ou não acreditar em mim.

- Eu sei o que você está aprontando... - Inclina levemente a cabeça para a direita, então olha para o teto, como quem busca a resposta de um ser superior, solta uma gargalhada amarga, puxa todo o ar.  - Em quatro semanas, eu vou entrar naquela igreja com um vestido de noiva diabinha...

- Diabinha?

- Perdi uma aposta com a Raven e terei que ir assim, mas isso não importa. EU VOU ME CASAR, e não vai ser você, ou Abby, ou Costia ou o próprio demônio que vão me impedir.

Finjo desinteresse, como tenho feito desde que nos encontramos nessa cela de delegacia. Mas, eu senti tanta saudade, que fica quase impossível não chorar. Exige um autocontrole enorme.

- No momento, eu só quero sair daqui mesmo. - Encosto nas grades da cela.

- Nós não vamos viver um romance lésbico na prisão. Tá ouvindo? - Ignoro. - ENTENDEU? - Suspiro, lento, pesado.

Sinto como se estivesse postergando o inevitável. Tipo quando você está em público, e percebe que seu absorvente vai vazar, você esqueceu de colocar um na bolsa, e não tem como resolver isso a não ser passando pelo vale da desgraça.

- Você não devia estar aqui. - Clarke fala mais baixo agora.

- Definitivamente, passar a noite na cadeia não estava nos meus planos.

- Mentirosa. - Acusa.

- E você é frouxa. - Rebato.

- Ladra.

Fiquei com seu númeroOnde histórias criam vida. Descubra agora