O restante do dia estava seguindo normalmente, estava saindo de casa mais uma vez, mas dessa vez eu iria para o centro e tentar vender a loja, assim eu iria tirar um peso a menos das minhas costas. Havia acabado de trancar a porta e começo a fazer meu caminho, meu medo era ser abordada por alguém do grupo do Miles e quando eu saísse do bairro meu problema seria outro, aqueles caras da outra gangue que mandam no centro e eu teria que fazer de tudo para não encontrar com eles.
Estava quase saindo do bairro quando escuto o som de buzina, olhei para trás para ver do que se tratava.
— Indo passear? — Pergunta Kendra se aproximando aos poucos com o carro.
— Você me assustou! — Falo levando a mão ao meu peito.
— Desculpa, não queria fazer isso… Tá indo pra onde?
— Ah, eu estava indo para o centro resolver uma coisa.
— Você quer carona?
— Não quero atrapalhar você.
— Você não faz isso, aliás eu vim até aqui para falar com você.
— Algum motivo especial? — Solto um sorriso meio malicioso.
— Entra no carro que você já vai saber. — Ela retribuiu.
Saio da calçada e dou a volta no carro e assim eu entro nele. Kendra dá a partida e acelera indo em direção ao centro.
— Então, o que queria falar comigo?
— Uma pessoa chamada Ashley, acabou nos contando umas coisinhas de você.
Eu sabia que ela iria abrir o bico contando tudo que eu falei e o que a gente quase fez na minha casa.
— Até onde ela contou?
— Ela disse que você tem belos gemidos!
Eu senti meu rosto esquentar mais do que nunca, eu sabia que ela iria contar, mas não sabia que ela iria falar todos os detalhes pras três.
— E ela nos contou mais outra coisa… — Ela faz uma pausa. — Disse que você está atraída por nós quatro, que antes você só queria se afastar da gente porque estava com medo e agora você só quer a gente por perto.
— A reação dela foi tranquila, mas eu não sabia como ia ser a de vocês, isso é ruim?
— Não é não. Garota, você foi mexendo com a gente com esse seu jeitinho que depois ficou cada vez mais difícil se manter longe de você, e agora que você disse que só quer a gente por perto e a gente só quer estar perto de você!
— Achei que iam surtar…
— Muito pelo contrário, nós ficamos felizes em saber! Só que o jeito que você deixou a Ashley ontem a noite deu um pouco de trabalho em conseguir a resposta dela.
— Mas a gente não fez nada!
— Não falei nesse sentido e sim no sentido de que… Você entendeu, ela chegou ontem em casa sorrindo, estava toda boba e dizendo o quanto estava feliz, a gente tentou descobrir o que havia acontecido e ela ficou enrolando até que finalmente conseguimos e ela contou tudo.
— Já que tudo foi esclarecido, como vai ser agora? Não sei o que fazer. Eu nunca senti isso, estou tão confusa no que fazer e quando conheci vocês, eu percebi que vocês tinham uma certa relação, mas eu ainda não entendo.
— Calma. — Ela deu uma risadinha baixa. — A nossa relação se chama poliamor.
— Poliamor? Que isso?
— Poliamor é a prática ou desejo de ter mais de um relacionamento, seja sexual ou romântico, simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos!
— Acho que agora eu entendi… Nunca pensei que dava para se atrair por mais uma pessoa.
— Agora já sabe. — Ela deu um leve sorriso. — Então, para onde quer ir agora, já chegamos no centro.
— No posto de gasolina a cinco quadras daqui, logo ali na frente.
O restante da viagem foi em silêncio absoluto, Kendra dirigiu até o posto de gasolina que eu pedi. Saio do carro e Kendra faz o mesmo para me acompanhar, vou para a loja de conveniências.
— Olha só se não é a Amy! — O homem anuncia em forma teatral. — Você está bem?
— Senhor Morales, é ótimo ver o senhor. — Ando até o balcão onde ele estava. — Eu vim fazer uma proposta!
— E que tipo de proposta seria essa?
Ele chega perto para sussurrar como se estivéssemos compartilhando um segredo.
— O que acha de ampliar sua loja?
— Não entendi.
— Estou colocando a minha loja à venda.
— Que? Você realmente está ciente disso?
— Estou. — Respiro fundo. — Não posso mais continuar com a loja em minhas mãos.
— Ela iria autorizar algo assim? Mesmo ela… Eu sinto muito.
— Acho que ela realmente iria me apoiar, ela me disse para eu seguir a vida e não me prender a nada. Então vender a loja é o meu primeiro passo.
— Então nesse caso… Irei comprar a loja.
— Não sabe em como eu fico feliz em ouvir isso. Bom, agora eu só preciso arrumar ela porque está uma bagunça.
— Não se preocupe com isso, eu mesmo irei arrumar, você já pode ficar tranquila. Até amanhã irei lhe dar o dinheiro!
— Está bem, muito obrigada. — Me afasto do balcão. — Agora eu tenho que ir, nos vemos por aí.
Saio da loja e vou até o carro e Kendra estava logo atrás de mim e parecia estar bem inquieta.
— Pode falar o que está te incomodando, Kendra.
— Sabia que iria perceber, só não entendi isso, você realmente vai vender a loja da sua tia?
— Sim.
— Mas por que?
— Minha tia disse para mim não me prender a nada em relação a ela depois que ela se fosse… Então a loja é meu primeiro passo e por mais que eu quisesse eu não iria conseguir manter aquela loja sozinha!
— Acho que ela iria gostar do que está fazendo… — Kendra deixou a conversa morrer.
Nós duas ficamos caladas enquanto íamos até o carro, quando entramos nele esse silêncio foi quebrado.
— Então… Para onde agora? — Pergunto colocando o sinto.
— Não sei, você que escolhe.
— Não sei… — Fico pensativa enquanto olho pela janela e olho para cima. — Já sei, será que a gente pode tentar ir até lá em cima?
Aponto pela janela para sinalizar para Kendra.
— As montanhas de Hollywood?
— Sim.
— Podemos tentar, mas vamos lá.
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Roubo ao Dólar
ActionAmy, uma jovem moça de vinte anos que vivia com sua tia, e mesmo sem sua tia saber, Amy tirava seus lucros roubando carteiras de pessoas nas ruas de Los Angeles Um dia a sorte ficou contra ela quando acabou roubando a carteira de um grupo de mulhere...