34 - Não há Herói que possa salvar o Rei Demônio

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"A culpa é toda sua... A CULPA É TODA SUA, SATORU!!!"

Uma pontada de dor cruzou pelo meu peito quando eu ouvi essas palavras, uma dor em um sentido diferente de antes. Ver como o rosto de alguém com quem eu me importo ficava coberto de lágrimas e saber que essas lágrimas eram... minha culpa... Os socos que havia levado antes perderam a intensidade frente a essa dor.

No fim, eu sou mesmo... o culpado?

"Saara-chan... Eu-"

"Não ouse falar nada em sua defesa, Satoru! Se eu não estivesse perdendo o meu tempo tentando te ajudar... Se eu não estivesse ao seu lado, como sempre fico!!! Então..."

Eu não podia dizer nada em resposta. Se foi minha culpa ou não, não estou certo, mas o que sei é que a Saara-chan estava com raiva de mim. E como culpa-la? No mínimo, uma grande parte de tudo o que ocorreu só teve a chance de acontecer por ela estar comigo.

Uma simples tentativa de me ajudar... e sua mãe agora está em uma cama de hospital.

Um acidente de carro enquanto ela voltava atrasada para o seu trabalho, um pouco mais rápido do que deveria. Pode ser dito quase como o local errado e a hora errada, o puro e total acaso foi o que ocorreu, mas... Posso mesmo dizer que não é culpa minha?

Não posso.

Eu e Saara-chan estávamos tentando pegar provas que um garoto da nossa sala estava fazendo bullying. Seguimos ele por muito tempo e gravamos algumas coisas que ele fazia, conseguimos as provas, mas a mãe da Saara-chan, que nos levou de carro por um bom tempo, ficou atrasada para o trabalho e teve que se apressar.

Por isso ela sofreu o acidente.

Eu poderia dizer que a ideia havia sido da Saara-chan, que ela não poderia me culpar, mas eu tinha mesmo esse direito?

Não. Eu era o garoto que sofria o bullying.

Saara-chan estava cuidando de mim, outra vez, e...

"Me... desculpe..."

Eu me desculpei, acuado. Não há nada que eu possa fazer. Se a Saara-chan disser que a culpa é minha, então a culpa é minha. Eu posso até ser considerado inocente de um ponto de vista mais geral, mas é no coração da Saara-chan que importa agora.

Não que me desculpar vá ajudar em alguma coisa.

Na verdade, só piorou.

Os olhos da Saara-chan, ainda derramando a sua maquiagem manchada em um rio de lágrimas, estavam me encarando com fúria sem fim. Eles quase me fizeram recuar, mas eu me mantive firme, pronto para receber o que quer que a Saara-chan tivesse pra descontar em mim.

Três segundos depois eu levei um tapa.

"Monstro... Eu fiz tanto por você, e é assim que você me retribui...? Eu não acredito que eu gostava de alguém como você..."

Outro tapa veio, dessa vez do outro lado do rosto, e eu ainda assim não resisti. Os tapas com certeza doíam mais do que o bullying que eu sofri até hoje, mas eu tinha que suporta-los.

Caso contrário, eu teria alguma chance ser amigo da Saara-chan novamente?

"Saia daqui. Não quero te ver nunca mais... SAIA DAQUI!!!" Uma coisa voou até a parede antes de se partir em pedaços. Meu celular, onde Saara-chan havia tirado as fotos, com as provas do bullying. "Eu não quero te ver nunca mais! Se eu te ver aqui fora quando eu sair do quarto da minha mãe... Então o bullying que você sofreu até agora não vai ser nada comparado ao que eu vou fazer!"

E então, depois de dizer isso, Saara-chan... Manami Saara, deu as costas para mim, se virou para o quarto, e entrou. Eu ainda pude captar uma última coisa que ela disse, apesar disso.

That Time I Got Reencanated as a Demon Lord (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora