Acordo com uma dor de cabeça do cão e tento me lembrar aonde estou e o que aconteceu.
Olho em volta e percebo que estou em meu quarto. Como vim parar aqui? Imagens de eu fugindo de um beijo de um estranho aparecem em minha mente.
Então foi isso, cai na piscina que havia trás de mim, mas quem me tirou de lá? Como cheguei em casa? Como troquei de roupa?
Desço as escadas e vou para a cozinha. Mesmo com uma tremenda vontade de vomitar, tenho que comer.
Matheus olha para mim, com sobrancelha erguida e eu dou de ombros.Ele sai e depois volta com dois comprimidos e me entrega. Múrmuro um "obrigada" e tomo rapidamente.
- Vou para a praia com o Jonathan e Helen, se comporte e não arranje briga com Daniel, volto em dois dias. Te amo. - Ele beija minha testa e sai pela porta da frente.
Não prometo que não vou brigar com Daniel, do jeito que ele é, vai implicar comigo até pelo chinelo que estou usando, o que vai me deixar irritada e vamos começar a discutir. Lindo não? Não.
- Estamos apenas nós dois, vamos aproveitar? - Uma voz sussurra em meu ouvido, fazendo meu corpo se arrepiar.
Me recomponho e digo:
- Não toque em mim.
Lanço-lhe um olhar mortal e subo as escadas, me trancando em meu quarto. Aproveito esse tempo livre para adiantar a matéria da faculdade. NERD? Eu sei, mas gosto disso.
Ouço uma batida na porta e ignoro. A batida fica cada vez mais forte e irritante, até que para. Suspiro de alívio e volto a me concentrar nos estudos. Mas ouço um barulho da varanda e volto a distrair-me. Vejo um ser humano entrando desajeitadamente pela varanda e imediatamente me coloco de pé.
- Virou Romeu agora? - Cruzo os braços e olho para ele.
Ele apenas ri e começa a mexer em minhas coisas.
Haviam duas malas em cima do sofá, pois não tinha coragem de guardar dentro do closet.- Sabia que eu senti saudades suas? - Ele diz, de repente. - Muitas e muitas saudades. Mas com o tempo, a saudade se transformou em ódio. Por que você foi embora justo depois do que fizemos? Depois de eu ter declarado meu amor a você... E você foi sem se despedir, sem avisar. Jonathan entrou em pânico naquele dia, pensando que você tinha sido seqüestrada ou coisa pior.
- Achei que assim seria melhor para todos... - Rebati, engolindo as lágrimas.
- Melhor para todos, ou melhor para você? - Ele perguntou retoricamente e deu uma risada irônica. - Você nunca se importou com ninguém além de si mesma. Você devia morrer, inútil.
Olhei chocada para ele e dessa vez não impedi que as lágrimas caíssem. Seu olhar não mudou em nenhum segundo. Me virei e abri a porta, correndo para o andar de baixo, peguei um casaco que estava em cima da cadeira e sai em disparada pelas ruas, sem rumo.
As lágrimas embaçavam minha visão. A dor em meu peito só aumentava. E o único pensamento que eu tinha era: Sou uma inútil e mereço mesmo morrer.
Talvez meu pai tenha tudo razão, e como uma filha idiota e inútil, não dei ouvidos. Eu não deveria ter nascido.
Caminho a passos firmes, sabendo onde devo ir.
Avisto a ponte e corro para o topo. O bom dessa ponte é que é vazia, ninguém nunca passa por aqui.Subo na grade, e fico ali, sentada, como se estivesse apenas admirando a vista. Fico em pé no pouco de chão que tem depois da grade.
Respiro fundo.
Desculpe se te magoei Daniel, juro que nunca foi minha intenção.
Solto uma mão.
Desculpe Matheus, fiz o que pude para ser a irmã que você sempre mereceu, fiz o meu máximo.
Antes mesmo de soltar a outra mao, alguém me puxa de volta para atrás da grade e me joga no chão, sentando em cima de mim, caso eu queira sair.
- O que você esta fazendo?-Uma voz ofegante pergunta.
Abro os olhos ( não havia percebido que estavam fechados) e olho para quem impediu o fim de tudo.
Seus cabelos eram loiros, cor de areia, seus olhos, azuis hipinotizantes. Ele parecia ser alguns anos mais velho que eu.- Quem é você ? - Pergunto, e tento limpar minhas lágrimas.
- Sou Luke, o menino que te impediu de fazer a pior burrada da sua vida. - O menino diz.
- Não vou agradecer, pois não tem o que agradecer. - Falo e me levanto.
Ele se levanta também e olha para mim com um olhar... Preocupado?
- Você está bem ?
- Estaria, se você não tivesse impedido o que eu queria fazer.
- Acredite, um dia você aí me agradecer. - Ele sorriu e piscou.
Vai sonhando...
- Que seja.
E agora? Não posso voltar para lá, de jeito nenhum. O jeito é eu dormir em um hotel.
- Droga. - Murmuro.
- O que foi?
- Nada que te interesse. - Falo, virando as costas para ele.
Luke segura meu pulso.
- Você não tem para onde ir? - Ele pergunta.
Meu Deus, esse garoto lê mentes?
Baixo os meus olhos, não querendo responder a essa pergunta.- Vem, tenho um lugar para te mostrar.- Ele diz, me puxando e me levando para longe dali.
Bem, e se ele for um maníaco e me levar para um beco e depois abusar de mim...? Dane-se. Ou é isso ou eu volto para casa. Então vamos lá.
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Melody [Acabada]
RomanceMelody, uma menina consideravelmente baixa, cabelos roxos, olhos castanhos hipinotizantes e uma personalidade forte. Alguns acontecimentos a levaram para o ultimo lugar onde ela desejaria ir.