➰Esperança➰

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A Chuva caia forte do lado de fora, os trovões e relâmpagos não cessavam de modo algum e eu já estava cansada de ficar trancada dentro daquele quarto. Por quanto tempo isso iria continuar?
A única coisa que não me faz perder as esperanças é saber que Daniel precisa de mim.

O trinco é destrancado e Park adentra o quarto. Não me atrevo a encara-lo diretamente.

- O que você quer? - Pergunto com voz firme.

- Quero te ajudar. - Ele sussurra. - Mas para isso preciso de sua colaboração.

- E acha que acredito em você? - Sussurro de volta.

- Nao acho, mas terá que acreditar. Já falei com seu irmão e com Daniel, tudo está combinado. Não precisa saber dos detalhes, apenas finja um desmaio quando eu vier te buscar, Tyler virá junto e o resto deixa comigo.

Dito isso ele saiu pela porta, me deixando boquiaberta com sua atitude. Ele que me colocou aqui, e agora está querendo me ajudar? Não faz sentido.

Não faço idéia de quanto tempo se passou, mas a cada minuto que se passava mais ansiosa eu ficava. Por mais ridículo que seja, passei o tempo todo ensaiando um desmaio convincente.
Então de repente, a porta é aberta revelando Tyler com seu sorriso malicioso, Park surge logo atrás, fazendo um pequeno sinal com a cabeça. E enfim, deixo meu corpo cair.

- Meu Deus! - Ouço Tyler exclamar. Sinto mãos em meu rosto e deduzo que sejam dele.

- Li na internet que grávidas costumam desmaiar. - Park diz, fingindo preocupação.

- O que aquele idiota fez com a minha menininha? - mas o que...? - Ela é tão nova e já vai ter uma criança, ela não merece isso...

Ouço seu choro abafado.

- Mas você sempre odiou ela, Tyler. - Em sua voz da para perceber a confusão.

- Porque eu não queria que ela tivesse moleza, não queria que ela se tornasse uma acomodada na vida.

Quanto mais Tyler falava, mais eu ficava confusa. Aquilo não fazia sentido nenhum. Tinha alguma coisa errada, Park teria que agir rápido.

Como que lendo meus pensamentos, ouve-se um gemido de dor e em seguida sinto Tyler se afastando de meu corpo. Meu corpo foi levantado do chão, e então me permiti abrir os olhos para ter a visão de Tyler com uma faca penetrada em sua perna esquerda.
Não fiquei feliz com aquilo, porém não havia outro jeito.

Sua risada maléfica é ouvida quando saímos pela porta.

- O que ele está tramando? - Pergunto, aflita.

- Não faço idéia, vamos sair daqui rápido.

Corremos até a porta principal, mas algo nos impede de abri-la.

- Trancada. - Murmuro.

Quando Park tenha correr até a porta dos fundos, escorrega em algum líquido. O cheiro é forte e então finalmente entendemos: álcool. Tyler sabia que iríamos fugir.

Meus olhos se arregalam tanto que quase saltam para fora. Park se levanta e me abraça, murmurando: "Fica calma, chamei a polícia antes de subir para seu quarto" e "Vai dar tudo certo".
Eu queria acreditar, mas ao olhar nossa situação eu sabia que isso seria impossível.

- Park... Não deixe que... - Tento dizer tudo, tento dizer o quanto amo Daniel e Matheus e o quanto estou grata por Park me salvar, porém eu estava sem forças e acabei desmaiando novamente.

Acordo confusa, olho para os lados e vejo que ainda estou na casa de Tyler. Procuro Park mas não o acho.
Ouço uma risada e sigo o som até o jardim, lá estava a menininha do último sonho. Sorrio e vou até ela.

- Vem me pegar mamãe. - Ela diz e sai correndo. Seus cabelos loiros balançam contra o vento.

Sem saber porque, começo a correr atrás dela e me assusto quando ouço uma risada familiar. Olho para trás e encontro Daniel encostado na pilastra. Lágrimas caem de meus olhos e corro para ele. Meus braços rodeiam seu pescoço como se minha vida dependesse disso, seus braços correspondem na mesma intensidade e ouço seu soluço. Afasto meu rosto o suficiente para encara-lo:

- Isso é um sonho? - Pergunto.

- Não sei e não me importo. Só o que importa é que você está aqui e está bem. - Sua voz rouca mexe comigo de um jeito inexplicável, faz meu corpo estremecer.

Sua mão alcança minha barriga e seus olhos se arregalam.

- O que houve com o nosso filho? - Lágrimas rolam novamente em seu rosto.

- Estou aqui papai. - A voz suave da menininha é ouvida e viramos para encara-la. Meu sorriso aumenta quando a vejo.

Seus olhos verdes encaram os de Daniel e vejo que este ficou petrificado. Abro meus braços para ela, que vem correndo e me abraça. Pego-a no colo e levo para perto de Daniel.

- Papai, mamãe. Por favor, não desistam. - Isso é tudo o que ela diz.

E então, um buraco negro se abre no chão, me puxando para dentro dele.

Melody [Acabada]Onde histórias criam vida. Descubra agora