OAK - Uma História Nova Espécie

Prólogo.

6 meses antes...

Kelly

- Kelly eu sinto muito, mas não tenho como manter você aqui. – Clarisse a dona do restaurante onde trabalho me falou.

Eu sabia que ia sobrar pra mim quando a senhora Clariant contratou Lawrence para o restaurante, mas ouvir aquilo assim na cara e ainda por cima no dia do meu aniversário é uma portada e tanto.

Bem, deixa eu me apresentar, até me esqueci disso e já fui reclamando, me perdoem, meu nome é Kelly Grey, tenho 25 anos, sou chefe de cozinha, quer dizer, eu era. Tenho um irmão, o nome dele é Jeffrey, ele é organizador de eventos e tem 29 anos, nossos pais morreram anos atrás vítimas de um incêndio que destruiu nossa família, desde então toda a família que eu possuo são meu irmão e a tia Abigail que nos ajudou quando ficamos sozinhos, ela morreu recentemente. Tenho também uma prima chamada Anne, ela tem 26 anos, é lojista, possui uma loja com sua mãe na cidade onde a gente cresceu, seu pai tio Billy era irmão do meu pai, mas morreu antes de eu nascer quando Anne era apenas um bebê, desde então ela cresceu apenas com a mãe.

Sempre morei aqui na Califórnia, até mesmo durante a faculdade, me formei em gastronomia na Universidade da Califórnia, logo depois a formatura eu consegui o emprego no Midas um dos maiores restaurantes da região, comecei como assistente, depois passei para subchefe. Eu estava muito feliz com o meu emprego, o chef Liam tem duas estrelas Michelin, não é um daqueles chefes ignorantes ou metidos a besta, é muito bom trabalhar com ele.

Cerca de um mês atrás a chefe reconhecida Lawrence Parvam saiu do restaurante onde ela trabalhava, a senhora Clariant ficou muito interessada na notícia e quando eu soube que tinha feito uma oferta de emprego para Parvam os meus dias no Midas estavam contados. Belo presente de aniversário eu recebi.

- Eu já esperava por isso. – Falei a olhando.

- Kelly eu gosto muito do seu trabalho. – Começou a falar.

- Mas não sou famosa o suficiente.

- Não é assim... – Levantei uma sobrancelha. – Eu queria poder manter você conosco. – Mas, tendo que escolher eu escolho ela que é mais qualificada a despeito de anos de trabalho, escuto o que ela não diz em voz alta. 

- O restaurante é seu. – Comecei a falar. – Você não precisa explicar suas decisões para mim.

- Eu não quero que fique chateada. – Falou ainda me encarando.

Claro, meia dúzia de palavras vazias e genéricas vão fazer eu não ficar mais chateada por ser descartada como uma bucha velha do restaurante onde trabalho ah quatro anos, onde eu dei meu sangue e suor, onde eu muitas vezes trabalhei muito além do meu tempo de serviço só para fazer o trabalho completo. 

É óbvio que eu vou ficar chateada, chateada não, revoltada, me sinto traída e jogada fora, estou desempregada em uma péssima hora para isso.

- Eu agradeço pela oportunidade que me deu. – Falei no tom mais frio que eu consegui. – Seu restaurante, suas regras, você sabe o que é melhor.

- Eu sinto muito. – Falou. – Vou formalizar a demissão amanhã e entro em contato para você assinar as coisas e pegar sua rescisão e a carta de demissão.

- Tudo bem. – Segurei os braços da cadeira. – Estou liberada?

- Sim.

- Boa noite.

- Boa noite. – Levantei.

Peguei meu casaco e sai para a noite fria, meu carro estava estacionado do outro lado da rua, caminhei entrando no veículo e o colocando em movimento em direção ao meu apartamento vazio, acho que esse é oficialmente o pior aniversário da minha vida dentre todos os aniversários ruins que eu já tive. Meu irmãos está longe no momento por causa de um trabalho, então apenas me ligou mais cedo, Lena minha única amiga na cidade veio almoçar comigo porque tem uma reunião de trabalho amanhã em Miami e tinha que pegar o avião ainda hoje, ninguém no meu trabalho se lembrou ou se importou com o dia "especial" e pra completar minha demissão último arremate, o presente que faltava.