Capítulo 20

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Enquanto todos discutiam o que Céu deveria fazer ou prestavam atenção nas ações dos arcanjos, Mel simplesmente correu para a borda do penhasco saltando em meio ao feixe de luz. Se ela conseguisse liberar a alma de Tae, Sátara não seria obrigada a se casar com Jaejoong e, pelo menos, uma grande parte da confusão seria sanada. Só existia um pequeno problema, ela não fazia a menor ideia de como tirar seu cunhado daquela lata de sardinhas infernal.

Yoongi: - Mel?!

Mel estava sozinha em cima de uma gaiola, onde seu cunhado ceifeiro Taehyung era mantido preso, ou pelo menos, a alma dele.

Ela poderia libertá-lo. Tinha poderes suficientes para isso. Mas, como fazer? Não fora treinada. Mal havia se acostumado a ideia de ser um arcanjo...

A luz dourada que vinha da esfera superior tremeluziu e se apagou deixando Mel completamente às cegas. Ela abaixou-se devagar, porque mesmo possuindo asas, a ideia de despencar dali para a escuridão total do abismo, não lhe agradava nem um pouco.

A arcanjo tateou o metal frio sob seus pés e palmas tentando se localizar. O pânico começava a subjugá-la. Talvez saltar completamente sozinha ali tenha sido uma petulância sua afinal. Quem era ela para julgar-se suficiente?

Suas asas tremeram e afundaram de volta em suas escápulas, desaparecendo por completo. Naquele momento e naquele lugar, sua confiança em si mesma tinha sumido totalmente. Não merecia o amor de Yoongi, não merecia os cuidados daquele clã, não merecia suas asas brancas e felpudas...

Ela se sentou na estrutura debaixo dela, em meio ao caos negro, cruzando as pernas em posição de lótus. Mantinha a cabeça baixa e o olhar fixo no metal gelado sob seu corpo. Vez por outra um raio, causando pela estática pesada do lugar, iluminava o breu num flash momentâneo, permitindo que visse os próprios pés.

E foi entre um flash e outro que discerniu uma silhueta à sua frente. Ergueu os olhos para ter certeza que a figura não era uma ilusão de ótica. Reconheceu seu próprio rosto encarando-a de volta. Só podia ter enlouquecido...

(???): - Finalmente percebeu?

Mel: - Quem é você?!

(???): - Eu sou você. - respondeu debochada.

Mel: - Não, não é.

A figura riu exibindo os dentes brancos e alinhados. O sorriso de Mel.

(???): - É difícil se encarar, não é?

Ela não respondeu.

(???): - Estou aqui para felicitá-la.

Mel: - Me felicitar...? Pelo quê?

(???): - Por finalmente perceber o quão inútil você é, Mel.

A outra ela à sua frente desapareceu e agora Mel podia senti-la às suas costas. O tom de voz idêntico soou como um sussurro em seus ouvidos.

(???): - Essas asas brancas e esplendorosas são inúteis num lixo como você. Não sabia quem era e continua não sabendo... Fraca, influenciável, uma marionete na mão de ceifeiros. Por que não arranca suas asas fora? - as palavras eram cortantes como navalha, mas o tom era doce e melodioso, como se a convidasse gentilmente, mais do que isso, como se a impelisse a seguir as ordens dadas.

Mel levou a mão às escápulas, por onde suas asas se projetavam quando estava em seu pico de poder. Seu coração se apertou com o peso da sensação de insuficiência.

(???): - Se for difícil para você, tem uma solução mais rápida e menos dolorosa...

A mão de sua outra eu acariciou seus cabelos num afago gentil, mas um arrepio gelado percorreu o corpo dela, fazendo os pêlos de sua nuca se eriçarem.

Dark Angel  - (Autora: Sra.Jeon)Onde histórias criam vida. Descubra agora