Fallen Crown • {l.s}

XXI. MAKE A LITTLE CONVERSATION

De tricot e jeans, os monarcas entraram cautelosos no quarto de hotel de seu primogênito. Quem visse de fora, julgaria sendo apenas uma família comum tendo que lidar com problemas de um jovem adulto de quase vinte e dois anos. Harry desejava profundamente que essa conversa fosse sobre ele ter repetido em alguma matéria na faculdade ou ter chegado fora do horário combinado em casa. Mas como tudo parecia estar dando errado em sua vida ultimamente, eles estavam prestes a conversar sobre a porra de um casamento arranjado. Ótimo!

-Quão chateado você está com seus pais? - Anne foi a primeira a quebrar o silêncio, sentando-se ao lado direito do Harry, enquanto Des dava a volta na cama e sentava do outro lado do filho.

-Honestamente? - Harry perguntou friamente, olhando sempre para frente com o queixo apoiado nos joelhos que ele segurava junto ao peito.

-Sempre - seu pai respondeu levando sua mão até os cachos desmoldados.

-Muito.

-Se a gente explicar para você nossos motivos, promete não ficar mais chateado? - a rainha tentou.

-Não, mas vocês podem tentar.

O casal trocou um breve olhar por cima dos ombros caídos do filho antes de Anne começar a falar.

-Você sabe de todas as motivações dos rebeldes e como atualmente elas são mais uma questão de ego e orgulho ferido, não preciso te explicar essa parte. De qualquer forma, no dia do ataque e nos dias que o sucederam, eu, seu pai e alguns homens da parte diplomática que trabalham conosco travamos uma discussão impossível com o "líder" deles. Esse homem, Richard Jones, estava irredutível no quesito de entregarmos a coroa aos Swift.

-Só que isso não faz o menor sentido! - Desmond tomou a fala - Mas tente explicar àquele homem que "devolver" Doncaster à Manchester não os faria nadar em glórias novamente. Impossível! - havia certa agitação em sua voz, mostrando como aquele assunto estúpido o tirava do sério - Sua mãe explicou milhões de vezes: entregar a coroa seria um processo lento, complicado, desestabilizaria ambos os reinos e no final, o grande objetivo deles que é voltar aos seus tempos de riqueza, que diga-se de passagem acabou há anos, não seria concluído.

-Sim - Anne concordou enquanto Harry, quieto, prestava muita atenção - Mas parecia que tudo que falávamos entrava e saía de sua cabeça na velocidade da luz. E nós tentamos de tudo, Harry. Auxílio à família Jones, doações, oferecemos relocação de todos seus parentes e quem mais ele incluísse no movimento rebelde. Todo o tipo de ajuda que estava ao nosso alcance nós oferecemos, mas nada era suficiente. Era claro que eles estavam ali pela honra da família, e não porque estavam de fato passando por dificuldades.

-Ao contrário do que achávamos, eles não são de fato pobres. Só perderam posição social alguns séculos atrás com a divisão dos reinos - Des completou.

-Então vou ser obrigado a casar com essa garota por um capricho dessas pessoas? - Harry perguntou amargo.

-Bem, não exatamente. Essa é a parte que você não viu, querido.

-Porque vocês me exoneraram no fim da Itália - murmurou, mas seus pais ouviram.

Anne suspirou, o dedo indicador percorrendo o comprimento do braço de Harry fazendo-o arrepiar.

- Nós começamos a ser pressionados a tomar uma decisão - sua mãe continuou - Eles começaram a ser agressivos com a população. O número de denúncias de roubos de carro, assaltos à mão armada, saques em bancos, lojas e outros tipos de violência cresceram exponencialmente num tempo curtíssimo.

-Nós reportamos isso ao Jones e ele teve a audácia de confirmar. Disse que isso era só o começo e que fariam pior se nós não cumpríssemos suas exigências - Des bufou - Por sorte, o caçula dele fez alguma faculdade de diplomacia e com ele era um pouco menos pior de negociar. Ele sugeriu a união dos reinos quando o príncipe, você no caso, atingisse os vinte e dois anos e nós todos concluímos que era o desfecho mais razoável.