Capítulo 36 - Sentar, conversar, amar e ser amado... +18

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                       Khun dormiu o caminho todo e Macau fez de tudo para, que sem correr riscos, eles chegassem antes dele despertar. Pete lhe disse, antes de sair, que, nervoso, Tankhun tinha tomado o remédio que o médico passou para horas de estresse.

                      A viagem transcorreu bem. Sem percalços. Chegaram ainda não era noite fechada. Quando ele estava abrindo o cinto para levar o outro para dentro, ouviu ele sussurrar em seu ouvido:

                     — Pensa que está fazendo o quê?

                     — Levando você para dentro.

                    — Macau, só a cabeça não funciona bem. As pernas estão numa boa.

                   Macau se afastou e deixou ele sair só, pensando, quieto: "Se começar assim vai ser difícil conversar".

*****

                Os seguranças e guarda-costas se movimentaram em suas atividades, mas Khun, indiferente, foi sentar-se à beira da piscina. Macau sentou na sala. "Como vai ser isso"? Será que nós nos acertamos só no momento de tensão? Estávamos juntos quando levaram Buppha. não estávamos? O que nos une é só isso? Eu o amo. Mas, Tankhun me ama?

               — Senhor Macau, o jantar está pronto.

              — Obrigado, Ae. Vou chamar Tankhun e já vamos para a copa.

              — O senhor tem certeza que não quer que eu abra a área de jantar?

              — No sábado, talvez. Se todos virem. Enquanto formos só nós dois não lhe daremos esse trabalho. Deixe pronto. Nós mesmos daremos um jeito na louça que usarmos.

              Khun entrou enquanto eu falava com Ae.

              — Oi, Ae. Sabia que era você na cozinha. Senti o cheiro de seu arroz de coco. Tudo bem?

              — Tudo, sim senhor... Desculpe, tudo bem sim, Khun.

                — E a família?

                — Bem, obrigado. A propósito, Kirin agradeceu as roupas que enviou. Ficaram perfeitas em Moon.

                — Emocionado, acabei comprando errado e pensei que a criança de vocês é menor que Buppha.

                  —  Obrigado. E o jantar está servido. Bom apetite.

                   As batatas amanteigadas de Ae parecem um jantar dos deuses. As folhas frescas de kefir que enfeitam o prato dão uma sensação de frescor. E eu sei que é um dos pratos prediletos de Khun. Mas ele come tão pouco... Ao final, come o arroz de coco e abandona a manga intacta. E isso não é algo comum em suas escolhas. É como se ele não tivesse vendo o que colocou no prato. 

                 Como normalmente. Minha mente presa a ele, mas ainda assim, me alimento bem. Levanto. Me desfaço da louça e guardo a comida nos utensílios que Ae deixou separado. Quando volto para a copa vejo a mesa limpa e forrada. Nada de Khun.

                Vou para o quarto. O mesmo que meu tio mandou equipar para mim anos antes. A foto de minha mãe acima da mesa de trabalho. A foto de Pete e Vegas, cada uma do lado dela. Sempre que vejo penso como uma promessa dos dois de cuidar de mim em honra a ela. Sorrio para os três. Faço minha higiene, coloco o pijama que Pete escolheu para essa noite. Me cubro com um roupão de seda azul: " Azul transmite paz, Macau. Leve este. Vai precisar ".

              Saio do quarto.

              — Acordado, Khun.

              — Não tenho sono, Macau.

              Sentou-se na defensiva.

              —  Que você quer?

             — Saber de uma coisa...

              — Hum. Pergunte...

              —  Você ao menos me deseja, Khun?

             Ele olha para algo além de mim.

             —  Por quê?

            — Porque eu amo você. E se você quiser tentar ficar comigo só por desejo... eu quero ficar com você enquanto esse desejo existir.

             — Você não me ama, Macau.

              — Nem você acredita mais nesta sua fala, Tankhun!

              Dou um passo em sua direção.

              — Eu aceito qualquer migalha que você queira me dar, Khun.

              —  Você não se ama mais, Macau?

              — Sim. Eu me amo. Mas amo mais ainda como me vejo  em seus olhos.

             Khun me mira, em dúvida.

            —  Por que  tudo isso, Macau?

            — Porque eu sei que você não consegue ver o quanto me ama. Mas você sabe que me deseja. Então aceito isso.

          —  Eu ...  — Espero, mesmo sabendo que ele não vai falar nada.

           Aproximo-me mais um pouco. E ergo meus braços.

           É um risco que corro.  Meu amor-próprio em perigo. Espero de braços abertos.

          — Só por desejo, Macau?

          — Hum. Meu amor por seu desejo...

          — E se eu lhe machucar.

         Ele  sim, parece machucado. Quebrado. Alguém que está sozinho, desesperado,  procurando as portas de saída do Inferno.

         —  Você deixaria o rato me ferir?

        —  Jamais!

        —  Então por que você iria me ferir?

          —  Meu desejo por seu amor, Macau?

          — Sim. Meu amor por seu desejo, Khun.

          —  Você é meu destino. Eu não me importo de ser queimado por você, desde que você saia para a luz, você pode me consumir até a morte, minha chama-gêmea.

          E ele veio para mim...

Inesgotável Amor             #KhunMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora