Capítulo 42 - Buppha, uma flor na praia

339 43 15
                                    

Nove horas da manhã...

                         — Macau, a família está aqui!

                         — Só se Pete quiser morrer. Deve ser Pol trazendo alimento. Sabe como Ming fica quando estamos longe da cozinha dela...

                        Eles saíram da sala em direção à varanda, mas antes de alcançá-la, a voz de Buppha se materializou na sala:

                       — Surpresa!

                       Realmente surpresos, os dois pais da menina viraram em sua direção. Ela parecia mesmo uma flor, como o seu nome. Vestida toda de cor-de-rosa, com acessórios azuis e verdes, parecia um ramo de miosótis no meio da sala. Rodando, mostrava com carinho o vestido que era presente dos pais.

                       Khun  alcançou ela primeiro e a tomou do chão. O gritinho infantil inundou a casa. Era outra alegria. A alegria que os dois comungavam, afinal, para eles ela é sua religião e fé.

                        — Você veio! Como foi isso, princesa do papai?

                         — Tia Mistie disse que o juiz deixou eu passar tudo isso de dias com vocês. — e ela ergue três dedinhos, contando-os pausadamente de seu jeitinho especial.

                        — Olá, senhores. Tia Mistie sou eu, Assistente da vara da infância, trabalho direto com o juiz do caso dos senhores.

                         — Seja bem-vinda, senhora. Precisa ver a casa antes? — Khun estava preocupado. Esperava uma visita assistida, mas não sabe como funciona.

                         — Não se preocupem com minha presença. Minha função é passar despercebida.

                         Khorn, que tinha acabado de entrar, cumprimentou os filhos e se dirigiu à mulher.

                         — Em nossa casa ninguém consegue esta proeza, senhora. Tenho tentado há anos!

                        Todos riram, cumprimentando-se.

                       — Oi, Macau. Pete avisou algo sobre três dias e que eu, meus maridos e Buppha não estavam no pacote. Você vendeu sua família, rapaz?

                        — Cala a boca, Tay! — Macau advertiu o amigo, abraçando-o. 

                         — Eles só vem no domingo, pela manhã. Vegas quer ficar um pouco com Buppha. E a propósito. Ela dormiu com ele hoje! Me traiu! — Tay avisou, brincando.

                          A menina reagiu de uma forma estranha, mas só Tay percebeu.

                          — Você chegou ontem, princesa?

                          — Sim, papai. E dormi um pouco com vovô e depois ele foi trabalhar naquela sala de grandona, cheia de Tvs e eu fui para o quarto no colo do tio. Eu nem vi... Não traí tio Tay, não traí.

                        — Desculpe o Tay, filha! Tio disse traição mas é bobeira. Só ciúmes. Lembra que você só tinha tio Chay, tio Tay e o papai Khun? É normal tio Tay ter ciúmes bobo agora, vai passar. — Macau explicou ao perceber o desespero contido da filha. O que havia?

                          — Ciúmes bobo, papai?

                          — Sim. Bobo. — Macau confirmou, mas ao olhar o amigo viu que ele realmente parecia triste...

                          — Desculpe, o tio, Princesa. Eu não sabia que ia ficar triste com meu jeito de falar. — Tay pediu, olhando para ela.

                         Buppha concordou com o pedido de perdão, mas não olhou mais para ele. 

Na praia

                        Macau, Khun e Buppha foram à praia. A menina fez castelo de areia, assistiu o pai surfar, se molhou com a água do mar. Dormiu no colo de Khun. O restante da Família e Mistie ficaram na casa. 

                       Uma das primeiras brincadeiras com o mar foi ensinar a menina sentir o cheiro do mar. Ela cheirou o papai Khun, cheirou papai Macau e depois, de olhinhos fechados, ficou tentando entender o que os dois estavam fazendo com os narizes estendidos para o ar. Aos poucos ela foi percebendo as diferenças e sorrio. 

                    — O mar não cheira igual o papai Khun e nem igual o papai Macau! Eu gostei dessa brincadeira! Que mais podemos cheirar! 

                   -   Vamos correr na areia? Sem sandálias! É divertido! — Khun fez uma cara de poucos amigos, mas a menina aceitou e ele não ia ficar de fora. Brincaram na areia seca, correram atrás um do outro, beberam suco e água de coco que Ae tinha preparado. 

                Depois brincaram de afundar na água! Quem perdesse tinha que correr até os quatro coqueiros e assim foi parte do tempo ali. Buppha amou a sensação de quase cair dentro da água, quando foi brincar de ficar de pé na areia molhada. 

                Macau encontrou um fresbee abandonado no quarto de brinquedos e eles jogaram muito mirando as cadeiras, os guarda-sóis e até uma árvore morta.  Buppha gastou tanta energia que adormeceu depois de um lanchinho rápido ali mesmo. Deitada no colo de Khun, ela parecia uma sereiazinha molhada! cabelo grudado de suor, bracinhos sujos de areia e aquela carinha cheia de creme para não queimar a pele dela.

              Logo depois Ae chamou para o almoço e eles foram andando pela praia, de mãos dadas, brincando e conversando, para a felicidade da menina. 
              Mistie veio vê-la e ela contou sobre tudo o que viveu. Era uma felicidade só!

             — Tia Mistie! O mar faz barulho.  É de um tamanho de uma piscina muuuuuuito grande. Olhos da Buppha nem vê o fim! Papai Macau surfou e papai Khun ficou comigo assistindo. 

                — Você está gostando do passeio, Buppha? 

                 — Estou amando muito, tia Mistie!

                — Que bom! agora vai tomar banho para comer, O senhor Ae já avisou que a mesa está posta.

                Macau seguiu a menina, que entrou feliz no banheiro, contando a ele como se sentiu no passeio. E ele ouvia, como se não tivesse ido até o mar com ela.

                 — Podemos voltar depois do almoço, papai? 

                 — Você não marcou pescaria com tio Time?

                 Buppha riu. Tinha esquecido. 

                 — É mesmo! Vou pescar com tio Time. Hum... Ouvir  as histórias do tio Tem. Hum... Lanchar com meus papais... E dormir com o vovô depois do lanche!

                 — Minha menina está com a agenda cheia! — Macau respondeu, mas ficou esperando ela falar de Tay... E ela não falou e ele já tinha prestado atenção em outras palavras dela que deixou passar...




Inesgotável Amor             #KhunMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora