Decepções

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P.O.V. Lucas.

Quando vi a cena do Henrique e da Luiza se beijando, fiquei muito decepcionado, muito mesmo. Não tive vontade de falar nada, só precisei de um tempo para processar o que tinha acabado de acontecer.

Eu realmente estava começando a gostar de verdade da Luiza.

- Você não tá bem, né. - Helena senta ao meu lado.

- Nem um pouco. Eu já fui feito de burro milhares de vezes e ainda não aprendi.

- Desculpa.

- Desculpa por quê?

- Porque se não fosse eu, nada disso estaria acontecendo com você.

- A culpa não é sua.

- É sim. Agora eu aprendi que se eu encontrar um homem e um cachorro no elevador, eu não tenho que pedir para fazer carinho no cachorro, por mais fofo que ele seja. - ri fraco.

...

- Você não tá brava ou triste com o Henrique?

- Não, eu nunca gostei dele, eu só forçava sentimentos para tentar de esque...- Ela para de falar. - Desculpa.

- Tudo bem.

- E também, eu trai ele, então eu não estou brava com ele

- Agora eu sei como é ser traido, então eu me sinto mais mal ainda por ela. Tudo o que vai volta.

- Dessa vez a culpa também foi minha. Se eu não tivesse insistido naquele beijo, nada entre a gente teria acontecido.

- Talvez, mas eu também queria e você não me obrigou a nada.

...

- Você gosta de verdade da Luiza? Como gostava de mim?

Suspiro. - Eu não queria namorar com ela quando ela propôs algo entre a gente, mas com o passar de algum tempo, ela conseguiu me fazer gostar dela, eu não acho que foi verdadeiro, foi meio forçado, sabe? Ela foi meio que um tapa buraco para mim e eu não me orgulho disso, mas nesse ultimo mês, eu acho que comecei a gostar dela, e dessa vez, de verdade.

- Então você acha isso?

- É, acho. Não é como era com a gente, sabe? Parece que com a gente não era forçado. Acontecia naturalmente e eu sei que era o que nos dois queriamos.

- Então você ainda gosta de mim?

Um silêncio fica entre nós. Eu queria responder "sim" mas eu não tinha certeza se seria a escolha e resposta certa.

Eu olho bem em seus olhos e ela olha nos meus. Seu olhar dizia que ela esperava uma resposta boa, e eu sabia que ela ainda gostava de mim, mas achei melhor dizer o contrario do que eu queria dizer. Iludi-la não seria a melhor opção. Eu sei que se tentarmos mais uma vez, talvez nos machucariamos novamente, até porque eu já não tinha mais 100% de certeza dos meus sentimentos.

- N-não. - Respondo.

Vi a tristeza e decepção em seu olhar. Talvez fosse melhor assim. E melhor eu me odiar do que ouvir ela dizer que se odeia.

- Tá tudo bem por aqui? - Chris aparece.

- Tá tudo bem sim, Chris. - Helena responde. - Bom, eu vou pedir um carro pelo aplicativo. Não tenho mais nada para fazer por aqui. - Ela levanta da calçada e se afasta de nós para pedir o uber.

- Tá tudo bem mesmo? - Chris pergunta.

- Não. - Respondo sem vontade. - Ei, Helena, eu também já vou. Não precisa pedir uber.

- Precisa sim. - Ela diz.

- Claro que não. Vamos logo.

- Tá. - Ela guarda o celular na bolsa.

Eu vou até o carro e entro. Ela entra e sigo até em casa. Não trocamos uma palavra sequer.

(...)
22:43


Entramos no elevador e fomos até o seu apartamento. Eu ia levar o Mário até a casa dele, já que provavelmente a Luiza ia voltar tarde.

Ao entrarmos no apartamento, vimos Gi dormindo no sofá, enquanto o Mário que estava sentado ao seu lado comia pipoca e assistia o filme que passava na tv.

- Que fofinhos! - Helena finalmente fala comigo.

- Ela acabou de dormir. - Mário diz.

- Aposto que ela não parou quieta. - Helena diz.

- Não mesmo.

- Vem, Mário. Vou te levar pra casa. - falo.

- Cadê a minha irmã? - Ele questiona.

- Ah..ela..ela..preferiu ficar mais um pouco lá.

- Você nunca volta cedo dessas festas. Por que dessa vez foi diferente?

- Por que eu não tava mais tão afim de ficar lá.

- Você e a minha irmã brigaram?

- Não é isso.

- Eu não sou mais criança. Eu sei que você está mentindo. Fala.

- Tá, tá bem, Mário. Eu e a sua irmã brigamos.

- Por quê? Por quê você voltou com a sua ex? Você traiu a minha irmã?

- Não, Mário. Ela que me traiu junto com o namorado da Helena, tá legal. Ai a Helena quis vir embora e eu também, então eu dei uma carona para ela. Agora deixa esse assunto pra lá.

Eu percebi a expressão triste do Mário. Ele sempre gostou muito de mim e provavelmente nos imaginou daqui a alguns dias, eu e a Luiza iamos terminar e ele já não ia me ver tanto, ou até não ia me ver mais. Não dá para saber o que a Luiza podia fazer.

- Vem cara. Vamos embora. - chamo ele.

Sem dizer nada, ele vem junto comigo.

A unica coisa que ele soube fazer no caminho era xingar a irmã dele, então eu falei um pouco mais da verdade.

- Mário. - Parei o carro na frente da casa dos seus pais.

- Fala.

- Eu também trai a sua irmã, mas faz muito tempo, e não foi por mal, mas deixa que eu falo isso para ela.

- É sério isso?!

- É, mas eu não fiz por mal, e foi em um tempo que nem namorar ela eu queria. Você me perdoa?

- Não. Eu não te perdoo, eu não perdoo a minha irmã, eu odeio você, ela e a Helena! Eu sei que ela tem ciumes da Helena. Vocês são muito babacas! - Ele abre a porta do carro, sai e bate a porta com força. Eu não o culpo.

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