Um choro alto me acordou assustado, ainda estava de madrugada, todos da vizinhança estavam dormindo menos um cachorro que decidiu que aquele era o melhor horário para latir o mais alto que conseguia.
Levantei da cama com muito esforço afinal eu ainda estou sem energia suficiente, o choro da criança ficava cada vez mais alto, era um choro sofrido, alto e me dava uma sensação de desespero.
O choro parecia vir de dentro da minha cabeça, eu já tinha visto todos os quartos possíveis, todos os lugares onde um bebê poderia se enfiar, tudo, mas eu não encontrei nada.
— Seo Changbin, por aqui. — um sussurro tão baixo que quase foi abafado pelo choro.
Um enjôo tomou conta de mim, tão forte que me dava arrepios, agora o chão em que eu pisava não parecia mais confiável, parecia um terremoto mas eu era o único sentindo.
Sendo sincero essa não é a primeira vez que algo assim acontece, eu sou sensitivo demais e acabo sentindo coisas estranhas no meio da noite, as vezes vejo vultos, as vezes vejo uma figura estranha parada nos cantos das paredes me observando atentamente. Meu trabalho é basicamente livrar o mundo do mal sobrenatural, porque eu não consigo me livrar disso também? Já participei de rituais em que eu era o exorcizado, me mudei várias vezes, já tentei aniquilar a maldade em todos os cantos em que eu via espíritos, já até tentei repreender em nome de jesus o máximo que consegui foi essa mania insuportável de repreender qualquer coisa.
Agora eu simplesmente estava andando no teto de casa, algumas lâmpadas queimadas se acendiam e apagavam mas uma delas me chamou atenção, sinceramente, quando espíritos ficaram inteligentes a ponto de conseguirem fazer um código morse em uma lâmpada? Eles podem se comunicar comigo de qualquer forma mas escolheram logo isso?
"A maldição está começando, seu passado florescendo, logo sua maldade renascerá e assim poderá enxergar a verdade em si"
Que puta frase grande, essa merda parece mais uma frase de Facebook que pessoas infelizes compartilham, sacanagem me fazer ler em código morse um troço grande assim. Mas oque caralhos isso quer dizer? Okay a maldição realmente está começando eu percebi isso. Meu passado florescendo? Por favor sejam mais claros, eu não sou inteligente.
— Seo Changbin. — novamente um sussurro.
— Oi, pode me explicar oque eu acabei de ler? Não? Tá bom, obrigado por tentar avisar mas não serviu pra nada. — tagarelei por causa do nervosismo.
— Seo Changbin.
— Tá bom, já entendi você quer falar comigo, não precisa repetir as coisas.
— Seo Changbin.
— Porra agora você tá fazendo de sacanagem né? Espera caralho eu tenho todo tempo do mundo, é difícil pra caralho andar no teto porra, tenta você da próxima palhaço.
A voz misteriosa finalmente desistiu de me chamar, uma luz piscava loucamente na última porta do corredor, enquanto eu seguia engatinhando, ainda não estou confiante em andar nesse teto.
O mundo para mim parecia tão instável agora, qualquer passo errado, qualquer coisa errada tudo poderia ir pelos ares, é assustador viver desse jeito, a qualquer momento tudo pode acontecer, eu tô aterrorizado.
Finalmente consegui chegar na última porta, todas as outras luzes se apagaram só restando a luz onde eu estava.
— Ah amor que lindo ele falou a primeira palavrinha dele! — a mulher disse super empolgada.
— Então agora você fala coisinha? Você está ficando inteligente. — Do-yun disse sorrindo logo dando beijinhos fofos pelo rosto do bebê que ria doce.
Logo mais uma lembrança minha invadia a sala.
— Eu venci você! Agora eu sou o capitão do barco! — disse o pequeno Changbin usando roupinhas de pirata que eu mesmo tinha feito.
— E eu sou quem agora? Ah já sei! Eu posso ser o vilão! — outra criança que eu não reconheci disse. Era reconfortante ver lembranças boas que nem sabia que existiam.
Mais uma lembrança, parecia feliz, só parecia mesmo.
— Binnie, vamos tomar sorvete! A mamãe quer te dar um presente! — essa era a única lembrança que consegui reconhecer, meu aniversário de 8 anos, onde ganhou uma pista Hotwheels na qual falou por meses.
— Mas papai, porque tem um monstro no teto? — eu me lembrava vagamente de ter visto uma sobra escura no teto de casa, isso acontecia algumas vezes mas depois de um tempo acabei achando que o teto tinha um problema e não eu.
— ah meu amor, desde quando consegue ver essas coisas? Você é um alienígena? — Disse Do-yun fingindo estar com medo.
— eu sou sim e eu vou te levar para o meu planeta! — disse o pequeno Changbin correndo atrás de Do-yun.
Tudo parecia perfeito tirando a sombra escura que se formava na janela e também um carro desconhecido na frente de casa, é normal estacionar na frente da casa das outras pessoas quando precisa mas não acho muito normal tirar fotos da casa e das pessoas dentro.
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— Bin? Tá vivo? — foi a primeira coisa que ouvi quando caí no chão com tudo. — você é idiota? Não pode sair andando assim, você ainda ta fraco, quer morrer? — ótimo uma bronca do Chris era tudo oque eu precisava de manhã.
A luz que me passou uma mensagem continuava piscando, ainda dizia a mesma coisa então aquilo não tinha sido coisa da minha cabeça, é impressionante como a cada vinte minutos um problema diferente surge pra mim.
— A luz. — é tudo oque eu consigo dizer, ainda estou rouco, minha garganta queima e ainda sinto gosto de sangue.
— oque tem a luz? Ta te incomodando ela piscando assim? Eu posso tirar dali. — Chris disse preocupado, ele sabia que eu só estou me comunicando quando é realmente necessário.
— Mensagem.
— Oi? A luz é uma mensagem? — acenei positivamente com a cabeça e tentei falar mais algumas coisas. — Não força a voz ainda, manda pelo WhatsApp ou espera mais um pouco tá? — acenei mais uma vez.
Que merda, eu queria muito poder voltar ao transe onde eu podia me comunicar a vontade.
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Ghosts - Binchan
ParanormalOito garotos amaldiçoados tem suas vidas normais interrompidas por uma mensagem divina que mudaria suas vidas e suas perspectivas do mundo.