⚠⚠⚠⚠ Só uma observação: ouça ao instrumental no fim do capítulo. ⚠⚠⚠⚠
Uma boa leitura. 😉😊
☹
Pai terminou de comer, pediu para o senhorzinho esperar e ficar com Deivy, pois precisava falar conosco.
Uma reunião comigo, Ozannia e Olavio, sinto muito, mas vinha algo ruim por aí. Pai levou um banquinho da sala e eu, e meus irmãos nos sentamos juntos na cama de Olavio que ficava na entrada do quarto, o que nos separava da sala era a parede e uma cortina de pano na cor vermelha que selava a entrada da porta. Nosso pai se sentou de frente conosco. Ficou um tempo de cabeça baixa, deu três suspiros. Aquilo me desesperou, quando vi já tinha expressado:
- Pelo amor pai! Fale logo o que tem que ser falado. Estou à beira do abismo, minha alma está angustiada.
Ozannia ao meu lado começou a chorar e falou pausadamente.
- Mãe, mo, rreu? Foi i-sso que aconteceu?
Como assim? Como Ozannia podia considerar algo do tipo, não!
Voltei os olhos para meu pai, esperando vê em seu rosto uma expressão de negação. Que ela estava se recuperando... ainda não estava boa, mas ficaria.
Fixei os olhos em meu pai...
Como assim?
Como sua feição não mudava?
Ele tinha abaixado a cabeça em silêncio.
Ouvi de longe, bem distante Olavio resmungar, logo ele gritava, seu choro era ouvido à distância.
Eu estava em choque e inconformado, não, não podia ser, uma mulher tão jovem, quem morre e idoso, minha mãe era muito nova. Levantei da cama e fui em direção a sala em estado de choque total, alguém falava atrás, alguém se desesperava, outro tentava acalmar, mas eu não entendia nada nem ninguém. Ao atravessar o pano vermelho e encontrar o rosto de meu irmão Deivy apavorado e assustado estendendo os braços para mim, parece que minha percepção e entendimento surgia naquele exato momento, era como se eu fosse esmagado, dilacerado, se de uma hora para a outra tudo que foi falado no quarto recaísse sobre mim.
Como pode, minha mãe tão nova partir? Por que isso acontecia?
Em um súbito, em total desespero, saí pela porta de nossa casa e corri, corri, mato adentro como se um leão faminto corresse atrás de mim. Corri, corri, corri desesperadamente. Tentando fugir da dor ou exprimi-la para fora de mim, corri sem nem saber por que o fazia.
Quando dei por mim novamente estava perto da tenda de madeira. Sentei debaixo daquela tenda com as pernas contra o peito, e ali eu não chorei, eu uivei, coloquei para fora toda a dor, desespero, indignação e tristeza. Fiquei ali, deitado no chão com o peito contra as pernas. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas foi até que o pai aparecesse em seu cavalo. Ele falava, falava, mas não sei o que era, não consegui ouvir, o mundo ao meu redor parecia ter parado. Voltamos ele e eu nos lombos do cavalo, seu galopar rápido e constante. O vento em meu rosto era tudo que sentia, o vento frio era a única coisa que me lembrava por que estava vivo.
- O ser humano e assim, em momentos de dor se perde, se abandona, esquece que está vivo, e capaz de sentir no mais profundo as densas trevas que um ser humano pode passar e tocar. Quem nunca passou por densas trevas e às vezes teve a impressão que seria engolido? Sente as coisas no mais profundo... O mesmo ser que experimenta o céu, tem a impressão de quase tocar o inferno. Tem coisas na vida a qual não tem como ser compreendida, que parece o fim, ou afeta a ponto de questionar se haverá recuperação.
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Voo | O chamado
RomanceNós, seres humanos, somos tantas faces e tantas cores. Somos euforia, alegria, determinação, esperança, um oceano de possibilidades. Mas, em alguns tempos também somos revolta, raiva, angústia, medo. O personagem (Darwin Kay) exemplifica bem isso...