🌩
Ao entrar em casa, pai questionou o motivo da minha demora.
Pensei em mentir, mas sabia que não era bom em mentiras, pensava o que falar, quando observava os olhos de meu pai focar em mim, então resolvi falar a verdade logo.
- Passamos na igreja antes de minha avó ir embora, por isso demorei.
Pai não fez uma feição muito contente, mas como estava acompanhado com minha avó também não falou mais nada. Fui para meu quarto, tomei banho, brinquei um pouco com Deivy, a noite estava bem tranquila, mas isso durou pouco tempo.
Mal sabíamos que esta noite, seria outra noite decisiva em nossas vidas, ultimamente tinha se tornado uma sucessão de acontecimentos e nem sabíamos quando isto ao certo ia parar.
Mas tarde a gritaria reinou na cozinha de nossa casa.
Pai perguntava já exaltado:
- Aonde você estava OLAVIO?! COMO VOCÊ SOME ASSIM DO NADA?!
Olavio permanecia em silêncio, como um cordeiro mudo. Com sua cara cínica e desafiadora. Pai continuava a perguntar sem que Olavio proferisse uma palavra, pai dava de costas quando Olavio ousou sorrir de canto.
Não sei por qual motivo Olavio ultimamente sentia tanto prazer em provocar, em ser tão insultuoso e condescendente. Arregalei os olhos e senti um calafrio ao perceber que meu pai havia notado e se virado novamente.
Pai simplesmente perdeu a cabeça e a razão, partiu para cima de Olavio com socos e pontapés, ele se defendeu, rolaram pela cozinha. Eu perdi a reação diante daquela cena, Ozannia pedia e suplicava para que parassem. Pai jogava Olavio em cima da mesa, depois na parede, desferindo golpes onde pegasse, Olavio tentava sem muito exato devolver cada golpe, eu me encontrava estatacado na parede sem reação. Voltei a consciência quando vi Deivy quase ser atingido por um deles, atravessei a cozinha peguei Deivy e coloquei perto de Ozannia, ela logo o puxou, e o colocou atrás dela, ao que eu rapidamente aconselhei:
- Pegue nosso irmão e se afaste daqui! RÁPIDO Ozannia!
Neste meio tempo ao me virar contemplei vagamente Olavio desferir um golpe no rosto de meu pai, no mesmo instante vi o rosto de meu pai transtornado, fui rapidamente no rumo dos dois.
- PAI, POR FAVOR PAI!
Supliquei desesperadamente, na tentativa de que alguém me ouvisse - Já está bom, PARA COM ISSO, PAI!
Percebi que ele não me ouvia e muito menos prestava atenção em mim. Rapidamente ele pegava uma faca em cima da estante. Via que Olavio percebia seu movimento e antes que ele pensasse em fugir, de forma muito rápida pai passava por mim, sentia seu vento sorrateiro soprar e Olavio ser agarrado pela blusa a qual sem êxito lutava para sair, Pai lhe erguia e jogava em cima da mesa. Meu pai erguia o punho preparado para descer a faca, rapidamente eu olhava em seu rosto e podia ver o ódio em seus olhos, aquele com certeza não era ele, não em seu estado de consciência, pai estava totalmente fora de si, e no momento em que houve a possibilidade da faca descer e crava em meu irmão, eu bruscamente caminhei em seu rumo sem nem pensar, e segurei sua mão. Antes disso, podia ver distante Ozannia correr para o quarto, deixar nosso irmão e correr desesperadamente para a rua. Neste momento sentia pai me empurrar bruscamente ao tentar segurar sua mão, me jogando contra a estante, fazendo cair algumas louças de cerâmica. Se não fosse o fato de Ozannia retornar desesperadamente para casa com dois homens, a notícia da tragédia no dia anterior iria correr pela pequena vila, "Pai mata filho a facada em um ataque de fúria".
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Voo | O chamado
RomanceNós, seres humanos, somos tantas faces e tantas cores. Somos euforia, alegria, determinação, esperança, um oceano de possibilidades. Mas, em alguns tempos também somos revolta, raiva, angústia, medo. O personagem (Darwin Kay) exemplifica bem isso...