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O humor de meu pai naquela tarde, não era dos melhores.
Ouvia por alguns minutos meu pai falar...
- Não faz nem dois dias que estamos aqui e você já acha que pode sair por aí sem falar nada Drawin!
Esbravejava meu pai, que estava furioso.
Ozannia se encontrava escorada na porta da cozinha, observando, oras meu pai, oras a mim.
- O que foi Darwin, não vai falar nada, é isso?!
Suspirei e pensei duas vezes nas palavras que usaria antes de falar.
- Pai!
Enfatizei em um tom de voz baixo e arrastado.
- Se tivesse te pedido, para ir na casa de minha avó, o senhor tinha deixado?
Ele ficou calado por um tempo. Por pouco tempo.
- Isso não é desculpa!
- O senhor está brigando por que não pedi, ou por que não quer que eu tenha contato com meu avô?
Era tarde demais, já tinha feito a pergunta errada. Saiu sem que ao menos pensasse no que falar.
Vi Ozannia afastar vagarosamente do portal e regalar os olhos para mim como se reprovasse totalmente o que disse. Fechei os olhos cerrando-os, e abri novamente, quando ouvi meu pai disparar a falar.
Você está proibido de ir na casa de seus avôs, por oras não é para ir lá, me ouviu Darwin!? PASSA JÁ PARA SEU QUARTO!
Enquanto dava de costas e caminhava em direção ao meu quarto, podia ouvi-lo esbravejando.
- Mal chegou e já está INDOMÁVEL, já se achando adulto, dono de seu NARIZ! Aqui, eu não permito, são minhas regras. Viu seu irmão Ozannia? Nunca me enfrentou e agora... NÃO ACEITO... SEU AVÔ E UM ATRASO... JÁ ESTÁ INFLUENCIANDO SEU IRMÃO. Por isso me mantive distante, estava certo.
Deitado em minha cama, chateado e decepcionado, observava que meu pai cada dia se tornava a cópia exata de meu avô, homem a qual fugiu e jurou nunca se assemelhar. Por horas tive cuidado em minhas conclusões pois todos estávamos alterados, assustados e sentindo muito a perda de minha mãe, a flor de nosso jardim.
Após um tempo deitado em minha cama, Ozania entrou e sentou na beirada do estrato, ficando um tempo em silêncio.
- Darwin! Eu te entendo, mas os ânimos aqui em casa estão exaltados, dá um tempo.
Me virei olhando em seus olhos.
- Mana! São nossos avôs. Sei que pai tem problemas com nosso avô, mas não pode nos privar de estar com nossa família. Sabe quantas vezes desejei isso, estar com nossa família? Muitas, eu sonhava com esse momento.
Ozannia colocou a mão em meus ombros e pediu.
- Eu sei, só dá um tempo.
De certa forma, acho que Ozannia compreendia nosso pai.
O fato é que meu ser gritava, e não queria ser mais como antes. Algo dentro de mim se encontrava inconformado. Se não levantamos rapidamente e agimos, somos levados severamente e cruelmente pelas ondas da vida.
Algumas coisas estavam mudando dentro de mim, vagamente sentia medo, mas sabia que o certo a fazer era permitir a mudança ocorrer.
Ainda não sabia o que essa mudança ocasionaria, mas estava disposto a vivê-la com todos os cargos e encargos.
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Voo | O chamado
RomanceNós, seres humanos, somos tantas faces e tantas cores. Somos euforia, alegria, determinação, esperança, um oceano de possibilidades. Mas, em alguns tempos também somos revolta, raiva, angústia, medo. O personagem (Darwin Kay) exemplifica bem isso...