XVII Uma pessoa ilustre

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A tarde de conversa foi realmente maravilhosa. Mas havia terminado de me dar conta que as horas haviam passado rápido demais, e precisava ir embora, pois meu pai nem sabia que tinha saído ou onde tinha ido.

Despedi calorosamente de meus avôs, e fui até a cozinha me despedir de minha tia:

- Volte mais vezes!

Falou com um sorriso caloroso.

- Você me lembra sua mãe, é bom ter você por perto, melhora os ânimos desta casa.

Fiquei emocionado por alguns segundos, abracei-lhe e fui embora.

Caminhei aquela rua reta, refletindo sobre todas as coisas que foram ditas, tudo era tão surpreendente. Saber a histórias de nossa família, os fatos e realidades fazia-me ver as coisas com outros olhos. Meu pai não sofria somente pela morte de minha mãe, mas por ter que encarar esse passado novamente, ter que retornar mesmo contra sua vontade, "era uma ferida aberta que tinha de ser tratada".

Fui interrompido por uma voz distante, que me trazia de volta a realidade.

- Ei rapaz! Ei! Espere só um instante.

Me virei vagamente ainda perdido em meus pensamentos.

Era um senhor de porte médio, cabelos pretos postos para trás, olhos verdes, pele clara e estava vestido com roupas sociais, exceto pelas suas sandálias de couro com os dedos à mostra.

"Sujeito engraçado."

Voltei minha atenção para o ambiente.

- Ah sim!

Ele saia de dentro da igreja, a pequena capela que ficava de frente da praça, do lado da delegacia. Por fora suas paredes eram brancas com azul, tinha uma cruz expressivamente alta do lado esquerdo, suas janelas largas e altas e o ambiente bem arejado. Tentei observar seu interior, porém queria ter a certeza de que aquele senhor realmente falava comigo. Olhei ao redor conferindo, diminuí os passos, e tive a certeza quando ele acenou e sorriu dirigindo a mim.

- Olá jovem!

Expressou de forma simpática, estendendo a mão, a qual apertei medianamente e ele firmemente.

- Acho que você é neto de Rosireu e Margarete. Seja bem vindo! Você e sua família. Não que exista espaço para fofoca...

O senhor sorriu brevemente, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados.

- Mas a vila é pequena e as notícias transitam facilmente. Gostaria de ter ido lá fazer uma visita, assim que vocês chegaram, mas acredito que Deus tem seus planos.

Entre uma palavra e outra alternadamente, ele falava rapidamente.

- Perdoe! Às vezes falo rápido e mais do que precisava, estou trabalhando nisso.

Mentalmente dei um leve sorriso, pois parecia que tinha lido minha mente.

- Mas qual seu nome, jovem?

Me perguntou aproximando e olhando em meus olhos.

- Sou Darwin.

- É um prazer conhecê-lo, Dar_vi_ne.

- Darwin!

Frisei, sorrindo simpaticamente.

- Que nome estrangeiro, retrucou ele. É filho Europeu?

- Eu não, mas meu pai sim! Digamos que sou seu sobrinho.

Sorrimos brevemente. No entanto ele prosseguiu com a palavra.

- Então Darwin!

Frisou corretamente, mostrando que agora havia acertado a pronúncia de meu nome.

- Amanhã temos reunião aqui na capela, venha participar, traga sua família, será um prazer tê-los conosco.

- Vou ver, não sei se minha família virá, mas provavelmente eu venha.

Ele olhou no fundo de meus olhos e acrescentou.

- A algum tempo ele te chama, não é!? Não resista, tem algumas respostas para você amanhã.

Depois de acrescentar essas palavras, simplesmente virou as costas e voltou para o lugar de onde tinha saído.

Voltei a caminhar pensativo.

- Me chama? Quem? ... Seria o criador do mundo? Sou tão insignificante, não, claro que não. Respondi mentalmente.

- Respostas?

Resmunguei.

Bem que precisava de algumas, como precisava.

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