Para Todas As Pessoas Que Já Amei.

Prólogo

Vou fazer uma pergunta para vocês: o que vocês fariam se sua irmã começasse a namorar seu melhor amigo?

Isso aconteceu comigo, para ser mais específica, minha irmã mais velha começou a namorar meu melhor amigo, Josh. Para contar como eles ficaram juntos tenho que contar como conhecemos Josh. Foram a cinco anos atrás, estávamos fazendo um piquenique de ursos de pelúcia no quintal, com chá e bolinhos (de verdade).

Fizemos no quintal dos fundos de casa para ninguém ver, já que eu tinha onze anos e estava velha demais para brincar daquela forma, e Margot tinha treze, o que era muito pior. Fiquei com essa ideia na cabeça ao ler o livro Alice no País das Maravilhas, mas fingi que foi ideia de Kitty; minha irmã mais nova. Fingindo ser ideia de Kitty, eu podia persuadir Margot a brincar conosco. Porque Mamãe morreu no ano anterior, e desde então Margot dificilmente dizia não para algo se fosse para Kitty.

Havíamos colocado um antigo cobertor azul, de quando Margot era bebê, no gramado. Arrumei em cima do cobertor um jogo de chá de brinquedo, com muffins com gotas que fiz papai comprar no mercado e um urso de pelúcia para cada uma de nós. Estávamos todas usando chapéus, por insistência minha, é claro.

— É obrigatório usar chapéu para beber chá. Fiquei dizendo isso, até que Margot colocasse para me fazer parar. Ela estava usando o chapéu de palha de jardinagem da mamãe, Kitty estava usando um boné com várias figurinhas coladas, e eu enfeitei um chapéu velho de pele da vovó com algumas flores de plástico.

Eu estava colocando o mingau nas xícaras quando Josh pulou nossa cerca (havíamos decidido beber mingau invés de chá, porque julgávamos que beber chá era ruim. Então a garrafa térmica estava cheia de mingau) e ficou nos olhando. No mês anterior do piquenique de ursos de pelúcia, estávamos quarto de brinquedos no andar de cima, observando a mudança da família de Josh. Torcemos para que houvesse alguma menina, mas vimos os caras tirarem uma bicicleta de menino do caminhão e voltamos a brincar decepcionadas.

Josh se sentou no nosso lado sem dizer nada. Margot ficou tensa e constrangida; suas bochechas ficaram vermelhas, mas ela não tirou o chapéu. Foi Kitty quem foi a primeiras a se posicionar:

— Oi, menino.

— Oi! Respondeu ele. O cabelo dele estava desgrenhado, e ficava sacudindo a cabeça para tirá-lo dos olhos. Estava usando uma camiseta vermelha com um buraco no ombro.

— Qual é o seu nome? Perguntei.

— Josh Sanderson.

— Venha brincar com a gente, Josh. Ordenou Kitty. E ele veio.

Eu não sabia na época o quanto aquele garoto seria tão importante para mim e para as pessoas que mais amo. Mas, mesmo se soubesse, o que poderia ter feito de diferente? Nós dois nunca ficaríamos juntos.

Eu meio que soube sobre primeiro sobre o namoro pelo Josh.

Faz dois anos. Josh e eu estávamos na biblioteca durante o intervalo da escola. Eu estava fazendo o meu dever de matemática; Josh estava me ajudando porque ele sempre foi ótimo com números. Nossas cabeças estavam inclinadas sobre a página, tão perto que eu conseguia sentir o cheiro do sabonete que ele havia usado naquela manhã.

— Preciso do seu conselho. Estou gostando de uma garota. Falou Josh do nada.

Por um segundo, achei que era eu que ele estava se referindo a mim. Achei que ele ia dizer que era eu. Tive esperanças.

Era o começo do ano letivo, e nós tínhamos nos encontrado quase diariamente daquele verão, algumas vezes com Margot, mas quase sempre sozinhos, porque Margot estagiava na fazenda Montpelier três vezes por semana.