Sarah sempre guardou suas cartas de amor em sua confidente caixa azul-petróleo que ganhou de sua falecida mãe, mas infelizmente não são cartas que ela recebeu de alguém; são cartas que ela mesma escreveu, cada uma delas, para cada pessoa que um dia...
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Hoje na hora do almoço da escola sentei na mesa dos amigos de Peter, ele e os amigos devoram os bolinhos de arroz que tinha feito. Só consegui comer três.
— Está tão gostoso. Peter fica dizendo a cada mordida.
Ele estica a mão para pegar o último bolinho, contudo ele para e olha para mim, verificando se reparei nele.
— Pode comer. Digo.
Sei no que ele está pensando na minha carta, onde falei que sempre pega a última fatia de pizza sem pensar em ninguém.
— Não, tudo bem, estou satisfeito.
— Coma.
— Não quero!
Eu pego o bolinho de arroz e aproximo da cara dele, fingindo que é um avião.
— Diga "ah".
— Não. Responde ele, teimoso. — Não vou dar a você a satisfação de estar certa.
Darrell dá uma gargalhada alta.
— Estou com inveja de você, Kavinsky. Eu queria que uma garota me desse almoço na boca. Sarah, se ele não quiser, eu quero.
Ele se inclina para a frente e abre a boca.
Peter o empurra.
— Sai fora, é meu!
Ele abre a boca, e eu lhe ofereço o bolinho como se Peter fosse uma foca no Sea World. Com a boca cheia de arroz e os olhos fechados, ele diz:
— Hum, hum, hum.
Dou um sorriso, porque é fofo. E, por um segundo, só por um segundo, eu esqueço. Esqueço que um dia isso iria acabar.
— O que foi? Por que você está triste? Peter diz depois de engolir a comida.
— Não estou triste. Estou com fome porque vocês comeram meu almoço.
Falo de forma exageradamente manhosa mostrar a ele que estou brincando. Mas na mesma hora Peter empurra a cadeira e fica de pé.
— Vou buscar um sanduíche para você.
— Não. Eu só estava brincando. Digo segurando a manga da camisa dele.
— Tem certeza?
Eu confirmo com a cabeça, e ele se senta.
— Se você ficar com fome mais tarde, podemos parar em algum lugar no caminho de sua casa.
— Falando nisso, meu carro chegou da oficina. Não vou precisar mais que você me da sua carona.
— Ah, é? Peter se recosta na cadeira. — Mas não me importo de ir buscar você. Sei que você odeia dirigir.
