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Acordo com o barulho do cortador de grama; hoje é sábado de manhã, quase todas as pessoas desse quarteirão cortam a grama no final de semana, e não consigo voltar a dormir, então estou deitada na cama olhando para as paredes, com todas as foto e coisas que guardei ao longo dos anos.
Estou considerando pintar o quarto. A única questão é: de que cor? Lilás? Rosa algodão-doce? Alguma coisa mais ousada, como turquesa? Talvez só uma parede? Talvez uma amarelo-calêndula, rosa-salmão. É muita coisa para pensar.
Talvez seja melhor esperar Margot voltar para casa para me ajudar. Eu nunca pintei um quarto, e Margot já pintou, ela vai saber o que fazer.
Aos sábados, costumamos ter alguma coisa gostosa para comer no café da manhã, como panquecas ou frittata com batatas raladas congeladas e brócolis. Mas, como Kitty, nem Margot estão em casa, então, como apenas cereal.
Meu pai está acordado há horas; está lá fora, cortando a grama, provavelmente já tomou café da manhã. Não quero ter que ir ajudá-lo com as coisas do jardim, então me ocupo com a casa e limpo o primeiro andar. Passo pano em todos os cômodos, tiro o pó e limpo as mesas, lavo a louça, limpo o fogão e lavo o único banheiro do primeiro andar. E esse tempo todo estou pensando em como sairei dessa situação com Peter com pelo menos um resquício de dignidade. As engrenagens da minha cabeça giram e giram, mas nenhuma boa solução me vem à cabeça.
[...]
Quando Kitty chegou em casa, estava dobrando as roupas limpas. Ela se deitou no sofá de barriga para baixo.
- O que você fez ontem à noite? Perguntou ela.
- Nada. Só fiquei em casa.
- E?
- Arrumei meu armário. É meio humilhante dizer que só fiz isso de interessante num sábado, então mudo logo de assunto. - A mãe da Alicia fez crepes salgados ou doces?
- Ela fez os dois. Primeiro comemos de presunto e queijo, depois de Nutella. Por que nunca compramos Nutella?
- Acho que é porque avelãs fazem a garganta da Margot coçar.
- Podemos comprar na próxima vez que fomos ao mercado?
- Claro, só vamos ter que comer o pote inteiro antes da Margot voltar para casa.
- Sem problema. Diz Kitty sorridente.
- Em uma escala de um a dez, quanto você sente falta dela?
Kitty fica um tempo pensando.
- Seis e meio. Responde ela.
- O quê? Só seis e meio?
- É, ando muito ocupada. Explica ela rolando e balançando as pernas no ar. - Não tive tempo de sentir falta da Margot. Sabe, se você saísse mais, não sentisse tanta falta dela.
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Para Todas As Pessoas Que Já Amei.
FanficSarah sempre guardou suas cartas de amor em sua confidente caixa azul-petróleo que ganhou de sua falecida mãe, mas infelizmente não são cartas que ela recebeu de alguém; são cartas que ela mesma escreveu, cada uma delas, para cada pessoa que um dia...