Capítulo 23 - Velas de estrelas.

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Antes da nossa mãe morrer, Margot e eu éramos inimigas. Brigávamos o tempo todo, e o principal motivo era porque eu sempre estragava alguma coisa dela: um jogo ou um brinquedo. Margot tinha uma boneca chamada Rochelle. Mamãe e papai deram a ela no aniversário de sete anos. Rochelle era a única boneca de Margot. Ela a adorava. Eu me lembro de implorar para Margot me deixar segurá-la só por um segundo, mas Margot sempre dizia não.

Então uma vez peguei gripe e fiquei em casa enquanto ela foi para a escola. Entrei escondida no quarto dela e peguei Rochelle. Brinquei com ela a tarde inteira, fingi que Rochelle e eu éramos melhores amigas. Coloquei na cabeça que a cara de Rochelle era muito sem graça e que ela ficaria melhor de batom. Seria um favor para Margot se eu deixasse Rochelle ainda mais bonita. Peguei um dos batons de mamãe na gaveta do banheiro e passei nos lábios dela. Na mesma hora, percebi que foi um erro. Eu borrei tudo, e Rochelle ficou parecendo um palhaço, nada sofisticada. Então, tentei limpar o batom com pasta de dente, mas só fiz ela parecer que estava com alguma doença na boca. Eu me escondi debaixo do cobertor até Margot voltar para casa. Ela gritou muito comigo quando viu o estado de Rochelle. 

Depois que nossa mãe morreu, tivemos que mudar. Todos ganharam novos papéis. Margot e eu não vivíamos mais em guerra porque entendemos que tínhamos que cuidar de Kitty. "Cuidem da sua irmã" mamãe sempre dizia. Quando ainda estava viva, fazíamos isso contra a vontade. Depois que ela se foi, passamos a fazer porque queríamos.

[...]

Dias se passam, mas Margot ainda finge que não me vê e só fala comigo quando necessário. Kitty nos observa com olhos preocupados. Papai está perdido e pergunta o que está acontecendo, mas não me pressiona para obter a resposta.

Há um muro entre nós agora, e consigo senti-la se afastando de mim cada vez mais. Irmãs deveriam brigar e fazer as pazes porque são irmãs. Contudo o que mais me assusta é que talvez isso não aconteça com a gente.

Do lado de fora, a neve cai em flocos que parecem algodão. O jardim está começando a parecer uma plantação de algodão.

Ouço alguém batendo à minha porta.

Levanto a cabeça do travesseiro.

- Pode entrar.

Meu pai entra e se senta na cadeira da minha escrivaninha.

- Então. Começa ele, coçando o queixo como faz quando está pouco a vontade. - Precisamos conversar.

Meu estômago despenca. eu me sento e abraço os joelhos.

- A Margot contou?

Meu pai pigarreia.

- Contou.  Eu nem consigo olhar para ele enquanto ele fala. - Isso é constrangedor. Nunca precisei fazer isso com a Margot, então... Era de se esperar que eu seria melhor nisso por ser médico. Só vou dizer que acho você nova demais para estar fazendo sexo, Sarah. Acho que você ainda não está pronta. Ele parece prestes a chorar. - O Peter... ele forçou você de alguma forma?

Para Todas As Pessoas Que Já Amei.Onde histórias criam vida. Descubra agora