Cap. 11 - O Profeta da Gentileza e Suas Predições

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O maior capítulo até agora. Quase dividi em dois. Porém faz mais sentido sendo um só. Espero que gostem. Conselho aos amantes das teorias: prestem atenção às pistas.

-É um prazer. - respondi exausto e sentindo minha barriga latejar. Eu quero sair daqui. Chega de Uchihas.

-A honra é minha. O que é esquisito. Eu, o Duque de Kadath, ex-comandante de todas as tropas de R'lyeh, ansioso para conhecer um ômega plebeu, mas nada comum. Talvez não seja esquisito. - que conversa mais estranha de se acompanhar. Ou sou eu que estou dolorido demais para essa conversa.

-Não quero ser indelicado, mas não estou bem.

-Oh, claro. E eu estou importunando. Me desculpe. Fui indelicado.

-Voltarei ao meu quarto. Com licença. - avisei ao me erguer e mancar para fora daquela sala e contornar a lateral do palácio. Tio Obito me olhava com preocupação e mágoa. Seu rosto envelhecido pelas queimaduras sinaliza o quanto está sensibilizado. Me parece ser o único que não deseja esconder suas emoções ou manipulá-las. Abracei Bia depois de acalmá-la e fui para o quarto, descansar.

Tranquei-me lá pelo resto do dia, não abri a porta nem para o rei Itachi, que insistiu apenas uma vez - “Entendo, está num momento difícil e precisa de espaço. Qualquer coisa, chame os servos.” Nem eu e nem Bia dormimos. Ela continuava num péssimo humor, cheia de energia e de cólicas, e não havia a mínima chance de que o sono chegasse perto de mim. Para afastar a presença magnífica e terrível de Tekka da minha cabeça, eu retomei um hábito que a lavanderia tomou completamente de mim e assumiu sua função.

Antes de ter a lavanderia para me desprender completamente da minha realidade sombria e violenta - atividades mecânicas sempre ajudam quando é preciso não pensar por alguns momentos -, eu lia quando algum problema me atormentava.

E, assim, me desligava.

Depois de banhar Beatrice e a mim mesmo, observei as prateleiras do quarto dela - mantive-a em meu colo por um tempo e depois a pus no berço, para dar descanso aos meus braços e para ela observar o penduricalho que fica preso na estrutura do mosquiteiro.

Haviam vários livros para bebês, infantis e infanto-juvenis naquela estante embutida, então escolhi um para me distrair. O Labirinto do Fauno. Li a sinopse e me perguntei que criança leria este tipo de história. Abri-o e vi uma assinatura: “Pertence a Acrux, da Casa Uchiha, o Quase-Rei. 27-10-2047. Sobre coragem e crescer. ”

Faz 50 anos, pelas minhas contas, que ele tem este livro e está em perfeito estado, sem nenhum arranhão ou mancha.

Como novo. 

Agora eu sei qual criança leu.

-Estranho… - devolvi o livro. - Eles chegaram aqui há 15 anos. Como ele tem acesso a essa literatura? Não faz sentido… A não ser que… - olhei para o mar e para a praia. Já escureceu e as águas estão agitadas, predizem alguma coisa. Um arrepio na minha nuca me sugere que algo acontece. - Será que eles já vieram aqui antes? Visitas secretas?

De repente, me veio à mente várias e várias narrativas - umas verdadeiras, outras mitológicas - de seres fantásticos que foram contadas ao longo dos séculos por diversas culturas em pontos diferentes do planeta, como… as sereias e os monstros do mar.

-São tão evoluídos assim? Puderam vir antes que nós tivéssemos a tecnologia espacial e dos portais interplanetários? É uma teoria, claro… - fitei minha filha, que mordisca uma concha de silicone macio. - Porém, faz muito sentido. Como tanta gente diferente contaria histórias parecidas sem nunca terem se visto antes, sem contato? Mas é uma teoria…

Vou à estante e investigo aquelas obras.

Não vou pensar nessas coisas porque não sou cientista, não tenho anseios de investigar conspirações e nem estudo os submarinos. Ter uma filha híbrida é apenas uma conexão imposta, não me obriga entender essas coisas. Já sofro dores de cabeça suficientes para a vida inteira, porém não deixa de ser algo curioso - me atiça.

Durante a ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora