Eu gosto de Sasuke. Talvez não do jeito romântico que se espera, ou fraterno como numa amizade, mas sem dúvidas eu gosto de Sasuke. Acho que as circunstâncias nos fizeram ter algumas coisas em comum, grandes e pequenas, ao ponto da sua presença, o mero resquício que deixou no quarto, não pode ser definido de outra maneira que não seja acolhedor. Bia despertou inegavelmente mansa e preguiçosa, mamou dormindo de tão preguiçosa porque estava tomada pela energia dele. É o efeito do uso agradável dessa energia quando o alfa está feliz. Talvez não seja tão ruim...
Duas horas depois, os camareiros do dia anterior aparecem no quarto para me levar para tomar café da manhã com a minha família enquanto os mesmos estilistas resmungões se dedicam à difícil tarefa de escolher as roupas de Bia de um mar infinito de opções.
Não tenho culpa se eu fiz uma filha linda demais que combina com qualquer coisa.
Bebê de revista, como dizem.
Três horas depois daquela visita e do café da manhã que os servos me trouxeram junto do lembrete sobre a sessão de fotos, pontualmente às dez da manhã, estávamos eu, os fotógrafos, os Uchihas que fariam parte da sessão de fotos e Bia na praia próxima ao palácio.
É a primeira vez que vou para fora dos quartos e posso ver realmente onde estou.
A região do palácio é enorme e suficientemente afastada da capital ao ponto dos seus prédios parecerem menores do que os meus dedos. Minúsculos e insignificantes. Os rios trazem as águas da cidade e daqui, de onde estamos eu posso ver que os submarinos criaram uma mata ciliar - parece um tipo de barreira física entre eles e nós, os terrenos - e eu acho que é ali que ficam os filtros. Eu sei que tem filtros em alguma parte dos rios para limpar toda a imundície da capital antes de alcançarem o mar. É um belo e isolado lugar, onde o vento corre sem limites, as águas voam como cavalos selvagens e a natureza se mistura ao requinte de uma edificação claramente humana.
Eu entendo agora porque eles compraram quilômetros e mais quilômetros desta parte da capital. Tão silencioso, tão solar, tão calmo. Mal dá para ver os soldados patrulhando, os muros que limitam a propriedade palaciana - as dunas obstruem boa parte -, mas dá para sentir que estão por aí. Tanto quanto tem algo de bom aqui, tem algo de angustiante. Não dá para saber o que se escondem pela areia ou pelas águas escuras e profundas das cercanias, patrulhadas por nada visível. O mesmo arrepio que o sol te causa na pele, a quietude de um ambiente isolado provoca na alma.
É como estar numa ilha paradisíaca, perdida no meio do nada - há azul para onde quer que eu olhe, então prefiro me concentrar no peso da minha filha e o calor do sol em mim.
É bom estar do lado de fora, digo a mim mesmo enquanto sigo Shikamaru. Meus horizontes se expandem diante dos meus olhos. Nesses dias em que estive em contato com os meus pais e os meus avós, eles me contaram sobre os passeios que tiveram com o tal avô de Sasuke, que costuma mostrar o local para eles como se os quatro fossem turistas. Fiquei com um pouco de inveja porque eu não tinha permissão para sair até que os exames de Bia saíssem.
Eu entendo.
Eles precisam ter muita cautela com a bebê, mais do que eu.
Hoje, porém, foi uma exceção especial por causa dessas fotos e a minha menina está tão curiosa sobre tudo de novo que os seus olhinhos reparam que mal se aguenta quieta.
Chegamos ao local onde serão feitas as fotos.
Os fotógrafos - uma equipe formada por submarinos e por terrenos - decoraram com ramas floridas e sedas uma estrutura de madeira perto do penhasco. Dessa estrutura pendem dois balanços de corda e madeira que vão para frente e para trás no ritmo da brisa marinha. Criaram um pequeno cenário com uma toalha estendida sobre a areia e três cadeiras provençais.
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Durante a Chuva
أدب الهواةO ex-médico Naruto, um ômega, acreditava nas promessas de um futuro reluzente criadas pelo governo para a Púnia. Ele acreditava como as crianças acreditam nas lendas. Após o golpe, e com ele a destruição da sua fé no presidente Mandachuva, Naruto se...