Durante a Chuva

Cap. 19 - A Construção de um Conto Adulto

Duas batidas na porta provocaram sons de objetos caindo e quebrando. Alguém abriu a porta e eu ouvi passos vindo até onde estou. É Sasuke. Vanta e Tetis mal conseguem controlar a felicidade por conta do que eu disse antes, e por vê-las assim tão agitadas e tão animadas, senti meu rosto aquecer e o anel no dedo pesou. Sasuke me convidou para almoçar enquanto checava o sono de Bia.

-Minha família quer falar contigo, Naruto.

-É mesmo? - tapei a mão do anel para que elas não notassem e tentei fazer da maneira mais natural possível: enviando as mãos nos bolsos. Sasuke percebeu, mas nada expressou. Eu pigarreei e me coloquei ao seu lado, para que não pense mal da minha atitude. Saímos juntos. - O que eles querem? - ele me guiou por um corredor diferente para aquela sala de refeição onde estivemos antes, descendo um lance de escadas e notei que não haviam muitos guardas.

Encurtei meu olhar. Eu acho que Sasuke quer ficar a sós. De novo. Meu rosto esquentou com força. Lembrei-me do que fizemos quando ele me levou para passear na praia. Apertei minhas mãos dentro dos bolsos. Sasuke andou bem devagar, até parar entre duas janelas voltadas para um jardim. Não havia ninguém lá e nem aqui, só nós. Parei a alguns passos dele, por segurança.

-Conversar. - me respondeu. Seus olhos observaram as minhas mãos escondidas. Eu as retirei dos bolsos e procurei uma reação adequada para essa situação, mas não achei. Está recente na minha pele. No meu corpo. Sasuke chegou mais perto de mim e seu nariz deslizou pelo meu pescoço. Não pude evitar o gemido que escapou dos meus lábios quando ele arfou forte ao captar o meu cheiro. Ele repetiu o gesto do outro lado ao me abraçar e terminou beijando atrás da minha orelha enquanto mexia nos meus cabelos. Arfei baixinho de novo. - Teu aroma, Naruto... É fraco, mas eu o sinto.

-Não sei que ainda sou capaz de emitir um aroma.

-Eu o sinto. É doce. É agradável. - apoiei minhas mãos no seu peito para nos manter distantes, mas não tenho forças. A presença de Sasuke ronda. Cerca-me. Prende-me. Quer me inundar. Sasuke continuava beijando ali e massageando a minha nuca. - Não escape de mim... - pediu quando apertei sua camisa porque meu corpo busca forças para reagir, mas me cansa. Não tenho energia mais.

Eu não sei o que fazer.

Nós nos fitamos.

Sasuke roçou o seu nariz no meu e eu não resisti: recebi seu beijo.

Abracei-o aprofundando o ósculo entre nós dois. A memória da praia voltou com ainda mais sensibilidade. Está sob a minha pele. Aquece-me. Eu sinto pelos músculos o quanto ele se contém e, ao mesmo tempo, reconheço aquela vontade feroz que todo alfa nutre por um ômega. Meus instintos gritam para que eu ceda mais uma vez, porém não consigo, há outras coisas dentro de mim que me fazem sentir desgosto. Tenho a sensação de que me afogarei em Sasuke. Nós nos encostamos na parede perto da janela, atrás da cortina, e beijo ficava mais intenso a cada segundo. As mãos de Sasuke descem.

Minha pele queima, mas eu sinto mãos que não são as deles em mim. Sujas e podres, arranhando a minha carne, puxando-me para baixo. Tenho medo ao ponto de tremer dentro do seu abraço. Sasuke percebe, mas não para de me beijar, de me acolher na sua intimidade.

-Não...! - pedi contra a sua boca. Elas foram para a parede, encurralando-me, e seus olhos faíscam quando ficamos assim, tão próximos. Nossas bocas se apartaram. Eu não consigo recuperar o fôlego de imediato. Sasuke me observa respirar lentamente com profunda contemplação. - Eu não... Me desculpe. - seus lábios formam um sorriso pequeno. Engoli em seco e, por instinto, olhei para baixo: nada em mim e nada nele. Ele está sob controle, porém eu continuo morto e isso me deixa um tanto triste. - Eu não queria ser assim...

-Esperei quase meio século para encontrá-lo, Naruto. - franzi o cenho. Essas palavras ecoam pela minha mente, mas de alguma forma não fazem sentido. - Eu esperarei a outra metade para que se sinta confortável comigo. - acabei rindo ao apoiar meu rosto contra seu peito.