Cap. 16 - O Homem sob a Superfície

1.5K 195 79
                                    

Feliz dia dos Pais a todos os pais do meu perfil, das histórias e da vida.
Disclaimer: o capítulo de hoje pode ter gatilhos para quem tem fobias relacionadas à água.

Sasuke sorriu e nada me disse. Esperou por Bia estar alimentada e dormindo, sob a vigilância da babá - que era vigiada pelos soldados -, após comer o suficiente, para me levar dali até um par de portas afastadas do meu quarto por um longo corredor à direita. Ele ia um passo à frente de mim, pelo corredor pouco iluminado e sem janelas - e sem soldados. Achei estranha a ausência deles.

Quero dizer, é o Quase-Rei. Devia ter uns 500 soldados por aqui. Sasuke abriu as portas por si mesmo e permitiu que eu entrasse primeiro, o que achei muito estranho da parte dele - lembre-se: é o mesmo cara que ficou irritado comigo depois que eu disse que o irmão é o rei de verdade.

Já viu aqueles apartamentos franceses ou ingleses de alto luxo que aparecem em filmes do 007, que caberia uma cinco famílias do tamanho da minha, literalmente saído de outro século?

Eu fico pasmo com as proporções deste quarto. Sei que é um palácio e, como tal, deve ter cômodos amplos e ricamente adornados, cheio de coisas e tal - como o Salão dos Memoráveis, que é esplendoroso, e as fontes cuja fama ultrapassa os limites deste continente e atravessa oceanos -, mas o quarto de Sasuke me rouba completamente o fôlego. É difícil descrever, mas eu vou tentar.

É tão grande que tem primeiro andar acessado por uma escadaria de pedra erguida nas colunas que sustentam o teto abobadado e translúcido. Posso ver o céu daqui como se estivesse do lado de fora. A única porta que há aqui é a de entrada e outro par que suponho dar para o banheiro e o closet, pois todo o resto está exposto por grandes portais arqueados e angulares que vão direto para as falésias e o abismo - se eu entendi direito, este cômodo fica na ponta mais extrema do rochedo onde todo o palácio foi construído e este é o nível "mais alto". As pesadas cortinas barram um pouco do vento, mas não o bastante para que eu não sinta os respingos salgados.

Ouço o barulho de água corrente, como um rio, misturado aos rugidos das ondas.

Aqui é uma mistura de sala de estar com escritório. Tem lareira - enorme - entre dois portais, tem sofás suntuosos, tem mesa para reunião de seis pessoas, estantes abarrotadas de livros, mas não encontro objetos tecnológicos - creio que por causa da maresia. Alguns abajures estão acesos, criando uma atmosfera crepuscular, ainda que já passa das onze horas, e o estalar da lenha queimando dentro da lareira me dá a sensação de que realmente entrei num conto de fadas. Eu poderia viver aqui.

Sinto isso nos meus ossos.

É anormalmente seguro aqui. Para onde quer que meus olhos se fixem, há um convite para o aconchego, para que eu me instale entre as almofadas perto do fogo ou perto das rosas. Uma brisa passa por mim e me traz o cheiro de flores mesclado ao mar. Há canteiros aqui dentro.

Sasuke planta flores, que... diferente e inesperado.

Ele me conta que aquela parte - onde fica o meu quarto, o de Bia, o dele e incontáveis outros cômodos - é dele. Interessante que essas divisões do reino se materializam dessa maneira; reinos dentro de um reino. Enquanto atravessamos a sala, explicou que em vista das posições de poder dentro da monarquia e o territorialismo intrínseco à casta dos alfas - e piorado nos submarinos -, Quattuor Delphinus foi dividido em alas e em cada uma delas pertencia a um alfa da monarquia, para evitar problemas. Mesmo que sejam familiares em boas relações, foi imprescindível essa separação.

-Eu fiquei com a Ala Sul, do penhasco, das falésias e das cavernas. Itachi reside na Ala Oeste, do planalto e da praia, é a parte esquerda do palácio. - apontou a direção com o braço enquanto andava. Com seu gesto, ele apontou para frente de onde estamos indo. - Vovô, por ainda ser alfa, ficou com a Ala Leste e a divide com Tio Obito, porque é perto da praia, mas também do mangue.

Durante a ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora