Cap. 20 - Verdade Sombria, Remorso Latente

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Itachi e Shisui começaram a organizar o Jantar de Anunciação para a Corte e a coroação de Sasuke mesmo que ele não estivesse presente para decidir qualquer coisa. É a oficialização como segundo monarca. Eu penso ser injusto que Sasuke não tenha uma palavra sobre um evento que lhe diz respeito em todos os sentidos, parece que Itachi quer se livrar logo dessa obrigação.

Nada foi divulgado oficialmente e nem indícios foram dados. Embora estejam se preparando com antecedência, Tio Obito me avisou que o evento só acontecerá de fato quando os deuses sugerirem a melhor lua. Eu não sei o que isso quer dizer. O meu noivo ocupou-se com suas obrigações reais no Oceano Índico, como ele mesmo me disse ontem.

Eu fazia caminhadas matutinas pelo palácio, empurrando o carrinho com Bia entretida com os diversos mordedores espalhados pelo espaço, dando-me conta do óbvio: Quattuor Delphinus não tem somente os seguranças de terno, mas também soldados armados com espadas e lanças. Lembra-me os protetores do Papa, a Guarda Suíça. As roupas são discretas, em tons de azuis e areia, semelhantes às vestes da Marinha Brasileira, de quem Púnia derivou desde que conquistou a sua independência há alguns séculos. O palácio é fortemente guardado pelos soldados marchando como um corpo único e pela distância construída pelo vasto descampado tomado por dunas e pela vegetação litoral.

Shikamaru me explicou que este é o jeito mais natural e mais aceitável da Família Real manter distância da república e garantir que nenhuma ação militar aconteça contra o palácio. A Púnia e Quattuor Delphinus possuem uma relação "amigável" e estável, expressa por uma lei que impede ações governamentais em locais protegidos pela Coroa. Não acho que Mandachuva se importe com a natureza, mas eu acho que ele não tentaria atacar porque tem medo. São 15 anos de uma relação delicada de "não toque no que é meu e eu não toco no que é seu", mas isso quer dizer, também, que se mantém neutra e em silêncio perante uma situação humanitária.

Eu não fui capaz de esconder minha indignação pela Família Real.

Ainda mais agora que estou na condição de noivo secreto.

-Naruto, você precisa entender que a questão púnica é mais complexa para os terrenos do que para os submarinos. - Shikamaru me guiava para a Ala Leste após o meio-dia, onde a praia é mais visitada. Já fazem seis dias do pedido e Sasuke já voltou, mas eu não o vi ainda porque, segundo Vanta e Tetis, ele se ocupou em retirar entulhos de uma faixa marinha perto dos limites palacianos. - As Majestades não podem interferir em governos democráticos, por mais que discordem com eles.

Nós saímos do palácio. É o lado que pertence a Vovô Madara e Tio Obito e já vejo porque fui "convocado". Eu sinto a energia de Tio Obito de longe, aquela vibração alegre e receptiva te chamando a participar de um momento familiar. Para aquele lado, longe das dunas, havia três tendas armadas onde as águas são mais calmas do que em outra parte. Talvez tenha alguma relação com o relevo. Este lado do mar é mais baixo, rente com a água e não me pergunte como isso é possível.

Eu tirei Bia e sua bolsa do carrinho, deixando que um dos assistente de Shikamaru leve para dentro enquanto abre uma sombrinha para nos proteger do sol forte, não está suficientemente nublado.

Já vejo Tio Obito acenando de longe, muito feliz por me ver com a princesa.

-O que está no poder da Púnia não é um governo democrático nem de longe, Shikamaru. Nem uma piada infame teria coragem de chamar o governo de Mandachuva numa democracia. Puta que... - pigarreei. - É uma ditadura violenta sustentada pelos ricos e os preconceituosos. Ninguém faz nada e as pessoas morrem todos os dias. De fome, Shikamaru, e essa nem é a pior forma de morrer.

-Se os reis se meterem, Naruto, os outros governos e as outras monarquias olharão para nós como uma nação autoritária em busca de criar colônias. De escravos. Invasores ansiosos por conquistar o planeta. - ponderou. Eu tenho dificuldade de ceder ao argumento racional dele. Sempre me esqueço da questão xenofóbica que a Púnia tem com os seus maiores aliados. - Num mundo moderno, é preciso haver adaptação e muito cuidado em cada passo dado no jogo político.

Durante a ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora