16. Natal típico da família Black

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No expresso de volta para casa eu estava quieta e tensa, não conseguia tirar da mente o que Moros tinha me dito, me encostei na janela da cabine e fiquei fingindo que estava dormindo só para poder pôr a cabeça no lugar.

Umas horas mais cedo, eu estava despertando do meu encontro com o deus do Destino e depois de tudo o que ele havia me dito eu não podia simplesmente acordar e contar que todos corriam perigo como se aquilo não significasse nada.

Eu podia ter me drogado, podia ter tido vários delírios, mas aquela visão de Moros foi tão real quanto a própria vida real.

Todos a minha volta acharam o meu "desmaio" tão estranho que tive que arranjar qualquer desculpa esfarrapada para dar, claramente não calhou porque Fred começou a dizer que eu fiquei tão emocionada com o beijo do irmão que sai fora do ar.

Só Fleur que estava muito desconfiada, ela me conhecia muito bem e sabia que algo tinha realmente acontecido, e como eu já tinha usado a poção do destino antes, minha prima se lembrava bem dos efeitos que ela me causou e nada foi parecido com aquele transe.

De qualquer forma a primeira vez que usei aquela poção eu acabei na cama com Jules e fui acordar só 10 horas depois totalmente sã, então não houve mesmo nada parecido com o que eu tinha vivenciado aquela noite e madrugada.


*


O trem seguia uma viagem tranquila, estava muito frio e eu me encolhia com as mãos nos bolsos do meu casaco de olhos bem fechados, enquanto ouvia Fleur repetindo pela milésima vez a história do meu afogamento:

- Ela não quis contar para ninguém o que fizeram com ela no banheiro e até hoje eu fico me perguntando se devo falar para o tio Regulus!

- Claro que você tem que falar! - George falava meio bravo. - O pescoço dela tá marcado até hoje!

- E você pensando que eram chupões do Marcus Flint, que absurdo... - Fred falava de forma irônica.

-Ahhh, Cala a boca! - George parecia realmente irritado.

Eles continuaram a conversa falando sobre Harry e tudo o que ele tinha passado nos anos anteriores desde que tinha chego a Hogwarts.

Eu prestava atenção em cada história, algumas eu até achava que eram mentira, mas sinceramente depois de tudo o que eu tinha passado no baile de inverno, eu não tinha moral para duvidar de mais nada.

Tentando disfarçar, comecei a me mexer fingindo que estava acordando, bocejei de forma preguiçosa percebendo que o silêncio começou a dominar a cabine:

- Você tava ouvindo tudo né? - Fleur finalmente falou enquanto me encarava.

Eu a olhei do meu lado e depois vi os gêmeos a minha frente esperando uma resposta então resolvi falar a verdade:

- Cada palavra... - Comprimi os lábios e dei de ombros. – Ah! Foi legal saber que você achou que isso aqui eram chupões. - Levantei o pescoço mostrando a George as marcas dos hematomas já fracas em minha pele.

- Não vem com essa, beijoqueira... - George retrucou.

- Aí vocês dois, chega! Hoje é Natal, então será que podemos ficar um pouco em paz?! - Fleur falou toda nervosa quase gritando.

- A começar de você. - Eu respondi falando baixinho e ganhei um beliscão.


*


Assim que chegamos em Londres, todos começaram a sair das cabines e enquanto eu pegava minha bagagem de mão embaixo do banco, ouvia o barulho da nossa se esvaziando.

"Legal, ninguém vai me esperar". Eu respirava fundo e revirava os olhos ansiosa para sair do expresso.

Quando me levantei me deparei com George que estava calado e parecia me esperar, fiquei um pouco surpresa e dei um sorrisinho desviando o olhar do dele:

The Black's SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora