11 • 5 anos

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Acordei ainda me sentindo mentalmente cansada pelo dia anterior, já faz alguns anos que o dia 21/07 não passa em branco

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Acordei ainda me sentindo mentalmente cansada pelo dia anterior, já faz alguns anos que o dia 21/07 não passa em branco.
E mesmo que com o tempo a dor tenha sido amenizada, nesse dia em especifico eu sou sempre transportada pro mesmo momento, que a partir de ontem contabilizou mais 1 ano, contando agora em 5 anos da sua ausência.

Como sempre estava em Londrina nessa data era normal que meus pais fizessem de tudo pra eu me sentir melhor, isso incluía: todas as minhas comidas preferidas preparadas pela minha mãe, meu pai deixava que eu comandasse o que tocava no som (somente nessa data) e no final do dia ele sempre me trazia o meu sorvete favorito da sua sorveteria.

Nesse ano o dia 21 caiu em uma quinta-feira, então ganhei a sexta de brinde. Não que eu gostasse muito da ideia de está na minha cidade natal por muito tempo - eu não odeio o lugar, mas a energia por aqui durante esses dias não é das melhores.
Ainda mais quando tenho que encarar tantos olhares de pena, até mesmo vindo dos meus próprios pais.

Levantei pronta pra encarar mais um dia mórbido, e ao sair pela porta do meu antigo quarto quase desejei não ter feito isso.

- Bom dia querida! - a voz da minha mãe denunciou minha presença antes que eu pudesse dar dois passos pra trás e voltar pro lugar de onde não deveria ter saído - Venha, sente aqui! Seu pai comprou aquele bolo de cenoura que você tanto gosta

- Bom dia! - falei sem animação alguma, e por meio segundo senti um amargor na boca - Estou sem fome, acho que vou banhar e ir na casa da tia Lu

Um par de olhos castanhos cruzou com o meu, aquela era a única semelhança que conseguiríamos achar entre os dois.

Mas não diminuía em nada o impacto, porque pela similaridade sentia como se o próprio Caio estivesse me olhando.   

- Você não precisa fugir dentro da sua própria casa Ana - as bolsas arroxeadas embaixo dos olhos denunciavam que o dia anterior tinha sido pesado pra ela também, assim como foi pra mim.

Mas isso não amolecia meu coração.
Muito menos a sua menção a se levantar pra se retirar.

- Pode ficar ai Márcia - disse ríspida, ganhando um olhar duro da minha matriarca que nem por um segundo me impediu de continuar no mesmo tom - Você é visita da minha mãe, e ela sim é dona da casa - tive que fazer uma pausa para que o ar atravessasse meus pulmões da forma certa.

O fato da minha mãe ter acolhido aquela senhora mesmo depois de tudo que ela fez ainda era um ponto muito delicado pra mim, porém não julguei em momento algum as ações da minha progenitora. Mas enquanto pudesse não respiraria o mesmo ar que Marcia até que partisse pro próximo plano.

- Seu drama não me comove, então pode se manter sentada aí, que eu mesma me retiro - não lhe dei um direito de resposta me enfiando de volta no meu quarto

Me odiei por não conseguir conter as lágrimas que insistiam em rolar pela minha bochecha descontroladamente. Me joguei embaixo do chuveiro e minhas lágrimas se misturaram com a água que banhava meu corpo.

XERIFE • Diego CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora