41 • Borboleta

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Apenas com o olhar a morena conseguia transmitir a batalha interna que com certeza acontecia dentro de si

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Apenas com o olhar a morena conseguia transmitir a batalha interna que com certeza acontecia dentro de si.

E aquilo deve ter sido o suficiente pra que eu percebesse que não deixaria de forma alguma ela seguir sozinha, dali em diante.

- Vamos! Eu vou com você - pousei minha mão sobre a sua

- Não precisa fazer isso se não quiser

- Confesso que não é a situação mais confortável da minha vida, mas não posso te deixar ir sozinha

- Eu já estive aqui dezenas de vezes, Diego

- Mas não depois de tudo que aconteceu entre a gente. Estamos nessa juntos!

Nenhuma palavra mais precisou ser dita, e antes de finalmente sairmos ainda lhe deixei um beijo na testa como forma de apoio.

Caminhamos em passos lentos e de mãos dadas até chegamos a um tumulo revertido em em cerâmica.
A placa com nome e datas indicavam que havíamos chegado.

A morena ao meu lado pareceu ficar ainda mais tensa.

- Na minha cabeça isso seria mais fácil - falou sem olhar para um ponto em especifico

- Podemos ir embora se você preferir, não precisa fazer isso agora

- Já estamos aqui. Só preciso parar de ser covarde pelo menos uma vez na vida - disse fechando os olhos e dando um suspiro profundo

Esperei calmamente pelo tempo que ela precisasse para prosseguir, ainda sem me mover.

Enquanto isso me pus a observar o que havia em minha frente.
No epitáfio estava escrito:

"Quando a gente conversa, contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos
E eu nem sei que hora dizer, me dá um medo
Que medo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto"

- Foi você quem cuidou de tudo quando ele se foi? - a pergunta escapou involuntariamente

- Não tive forças... Meus pais cuidaram disso - ela respondeu depois de um tempo, acompanhando meu olhar até a frase - Mas fui eu quem escolhi a frase - continuou sem que eu precisasse pedir - Foi minha única interferência - fez uma pausa breve - É de uma música... - outra pausa - Não era a preferida dele, nem perto disso... Mas na época de escola, tivemos uma briga boba... Nem lembro muito bem o motivo da briga, mas ele me mandou um bilhetinho com essa parte da música escrita. Levou uns bons minutos pra eu entender o que tava escrito, a letra dele também era horrível assim como a sua - ela deu um breve sorriso, o que me fez sorrir também - Anos depois esse trecho voltou a fazer sentido em nossas vidas, dessa vez pelo medo que sentia de perde-lo. E quando ele se foi, notei que nem tive chance de dize-lo o que sentia uma ultima vez.

XERIFE • Diego CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora