20 • Livre das próprias amarras

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O choque foi inevitável, de tudo o que já tinha passado pela cabeça essa hipótese sequer cruzou meus pensamentos

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O choque foi inevitável, de tudo o que já tinha passado pela cabeça essa hipótese sequer cruzou meus pensamentos. Porém, com aquela enxurrada de informações ficava cada vez mais compreensível o porque daquilo ser um assunto tão delicado pra ela.

Seu rosto inteiro estava vermelho, principalmente suas bochechas e a pontinha do nariz.
Os olhos estavam fundos de tanto chorar.

Ver Ana Alice naquela situação despedaçava meu coração de tantas formas, e naquele momento tudo o que eu mais desejava era ver um sorriso torto em seus lábios, como quando ela me desafiava, ou até mesmo seu olhar fuzilante de quando ela estava extremamente brava comigo - Qualquer coisa era melhor do que vê-la naquela situação.

Sinceramente não sabia sua motivação ao me confiar tudo aquilo, mas conseguia sentir o peso dessa responsabilidade - e foi por esse motivo que não deixei o estado de choque me dominar por muito tempo, tratando logo de tentar consola-la da melhor forma possível.

Não era a primeira vez que estava naquela posição, mas de todas era a que eu mais me sentia na pressão de ser um suporte.

Já faziam alguns bons minutos que ela estava com a cabeça apoiada no meu peito enquanto eu acariciava seus cabelos.
Mesmo sem conseguir ver seu rosto sabia que o choro havia cessado e sentia aos poucos sua respiração ir relaxando. Cogitei até a hipótese de que Ana tivesse pego no sono pela quietude do seu corpo, mas ai ela se mexeu um pouco levantando o corpo se desvencilhando dos meus braços.

- Você ainda tem estômago pra ouvir o restante? - perguntou, se recompondo ao meu lado no sofá

- Você não precisa continuar Alice, consigo ver o quanto isso te afetou e não creio que vá te fazer bem falar mais - usei todo o meu cuidado ao medir as palavras

- Já comecei e acho que preciso fazer isso até o final, acredito que vá me ajudar - mesmo que tentasse assumir uma postura firme, sua voz maneava entregando seu lado sensível- Mas entendo se for demais pra você

- Se você acha que realmente vá ajudar, estou aqui! Mas quero que saiba respeitar seus limites e caso queira parar fique tranquila pra fazer isso - ela assentiu e se esticou pra pegar novamente a pasta sanfonada pousada na mesinha de centro, me pegando de surpresa ao estende-la em minha direção.

Ana moveu a cabeça afirmativamente fazendo menção pra que abrisse e foi o que eu fiz.

Haviam vários papéis timbrados por inumeros hospitais diferentes, haviam também vários tipos de exames que eu mesmo não conseguia identificar.

- Eu levei algum tempo pra poder assimilar toda a situação - sua voz tirou minha atenção dos papeis e mirei ela engolir em seco - Me sinto muito culpada por não ter conseguido dar o apoio que ele precisava desde o primeiro momento. Mas aquilo me assustou muito e fui covarde. Demorei cerca de 2 dias pra perceber que não poderia deixa-lo sozinho nessa... E porra! - Ana abaixou a cabeça inconformada - Eu não deveria ter demorado tanto, eu deveria está com ele sem pestanejar nem por 1 segundo

XERIFE • Diego CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora