Capítulo 29: Justiça

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***ALERTA DE GATILHO***

Capítulo contém menção (não de maneira explícita) à violência sexual.

*** ALERTA DE GATILHO***

Kan levou a jovem orunda em seus braços todo caminho até o Alhando, assustando os guardas vigias do clã ao chegar.

Todos pensavam à primeira vista que era a primeira esposa, mas a mulher se vestia de maneira muito mais simples, o corpo estava quase desnutrido, sendo a juventude a única coisa semelhante entre as duas.

Quando a mãe dos orundas chegou na ala dos agregados, para onde soube que o marido havia levado uma jovem desconhecida ensanguentada, outras irmãs de seu clã já se reuniam e cochichavam que muito provavelmente a família daquela pobre infeliz não iria a querer de volta.

— O que está havendo?

As agregadas abaixaram as cabeças e imediatamente abriram passagem para que a jovem senhora entrasse no compartimento mal iluminado.

— Não sabemos muito, Mãe. — Disse uma senhora mais velha de seu clã. — Não sabemos nem ao menos se ela vai sobreviver. O Apoah trouxe esta jovem para que nós cuidássemos. — E em um tom de voz mais baixo continuou. — Suspeitamos que ela foi deflorada!

— De... — Ouroro arregalou os olhos sem conseguir terminar a palavra.

Ela foi até a esteira onde a jovem dormia, os olhos dela se apertavam, estava muito agitada, gemendo e dizendo coisas impossíveis de entender. Ouroro checou sua testa suada, ela estava muito quente.

— Deem um banho com pano molhado, ela está com febre alta, e algum chá de camomila para que consiga se acalmar.

— Nós já estávamos providenciando isso, minha senhora. — Disse a orunda mais velha.

— Onde está o Apoah agora?

— Dizem que selou um cavalo por si mesmo e saiu como um furacão na direção do Templo dos Ventos.

— Do Templo?

Ouroro olhou novamente para a jovem orunda no chão, lágrimas grandes escorriam dos cantos dos olhos dela, suas roupas não a cobria o suficiente já que foram rasgadas, manchas de sangue podiam ser vistas nos tecidos arruinados próximas às coxas que tremiam.

Realmente miserável.

E agora Apoah'Kan furioso estava a caminho do Templo dos Ventos em busca de justiça por esta jovem orunda desconhecida, porém filha de sua terra.

Ouroro sentiu um arrepio subir a coluna.

***

A última vez que Kan esteve parado no centro do Templo dos Ventos foi quando havia se tornado Apoah e casado pela segunda vez.

Agora ele estava ali com a cabeça fervendo enquanto aguardava o Abadu' da cidade para reportar um crime e exigir justiça.

— Chame o Abadu'Silver! — Disse de maneira ríspida para um guardião no Templo sem lhe dar tempo para questionar sua visita no meio da madrugada.

Silver apareceu sem qualquer aparente sonolência, vestindo os trajes formais de um patriarca religioso, em pé sobre o palanque cerimonial, imponente.

— O que o Apoah'Kan precisa ter comigo de tão urgente?

— Abadu' me permita julgar e punir um dos seus guardiões. — Kan disse em meio a pesada respiração.

As sobrancelhas do Abadu se uniram.

— Pelo o que exatamente?

— Um desses homens violentou uma pobre moça orunda, estou aqui para fazer justiça. Esse povo foi confiado a mim pelo Imperador, como eu posso permitir tais crimes em nossa terra?

Sexto Sol: As filhas SolaresOnde histórias criam vida. Descubra agora