Capítulo 12: A destruição

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Mais da metade do percurso feito em dois dias e três noites outrora pela comitiva de seu irmão, Abadu'Moza — com viajantes em cavalos, carroças e a pé — através da estrada imperial, foi feito por Ulisses com Selena em sua garupa, em uma noite e metade de um dia.

Ele sentiu a garota apertar sua cintura como se tivesse muito receio de ser jogada metros de distância para longe do animal, os braços dela estavam rígidos pelo estresse e pelo medo.

Quando o sol ficou na posição do meio dia no alto de suas cabeças, o calor insuportável, como se algo enfurecesse a deusa proibida, Ulisses parou o cavalo e desceu de suas costas. Ele estendeu as mãos para segurar a garota que tinha naquele momento os lábios esbranquiçados e parecia que ia desmaiar.

— Não chegamos ainda, temos que continuar não estamos longe agora. — Ela disse.

— Se não estamos longe, podemos parar um pouco para que você descanse. — Argumentou.

— Eu estou bem, não podemos, temos que continuar.

— Venha, eu seguro você.

— Você não entende... — Começou a querer protestar.

— Prometida do Ar — ele a interrompeu impaciente — não encontramos um orunda sequer que parecesse ameaçador na estrada, os orundas que você conhece podem ter apenas exagerado na história por medo. Pode o conflito entre os clãs não ter sido tão grandioso assim, já vi várias dessas retaliações acontecerem em nome da purificação da terra.

Selena olhou ao redor, a floresta parecia quieta, mas não se moveu para descer do cavalo.

Ulisses pegou a moça pela cintura com facilidade, a colocando no ombro esquerdo.

— Me solte, não me segure assim, jovem líder! Não...

Ele a colocou no chão, o rosto dela estava em pânico. Sem conseguir evitar, vomitou próximo aos pés dele.

Ulisses pegou em suas tranças com a pretensão de ajudar a não sujar os cabelos.

— Não me toque! — Ela se afastou bruscamente. Seus olhos estavam vermelhos devido o desespero de ser carregada e pela ventania que bateu em seu rosto enquanto cavalgavam.

Com as pernas bambas, ela caiu sentada bem no meio do solo batido quente.

— Quanto tempo você precisa? — Ele perguntou, acariciando a crina do cavalo.

— Vamos agora. — Respondeu.

— Você deveria se deitar um pouco debaixo de uma árvore.

Ulisses deixou o cavalo ir comer algumas plantas à beira da estrada. Ele observava para que não se afastasse muito, ignorando a menina que passava mal em suas costas.

De repente, ele ouviu um som fino vindo na direção dos dois.

Ulisses se virou e parou a flecha antes que ela atingisse Selena, a mão dele recebendo um corte profundo causado pela ponta afiada. Ele levantou a garota pelo braço com a outra mão, colocando-a atrás do seu próprio corpo.

— Apareça, orunda! — Ordenou. — Sou um guardião e esta mulher está sob a tutela da Ordem. Apareça e penso sobre ser misericordioso com relação ao crime que acabou de cometer!

Ulisses ouviu passos apressados no meio da floresta. A pessoa escapava! Ele correu para perseguir quem quer que fosse, contudo Selena atravessou seu caminho.

— Temos que ir! Temos que seguir, jovem líder, minha mãe precisa de mim. Por favor!

Ele olhou uma última vez para o meio da mata, porém não havia mais sinal de alguém por perto.

Sexto Sol: As filhas SolaresOnde histórias criam vida. Descubra agora