Os muros das construções da cidade se confundiam com as rochas cinzentas da montanha.
Se não fossem pelas portas e janelas, ou a movimentação de pessoas entrando e saindo como abelhas de uma colméia, Honrosa estaria completamente camuflada entre as árvores e cachoeiras que desaguavam no desfiladeiro.
Poeira subia enquanto seis cavalos velozes galopavam através do estreito passo em direção aos portões de aço da cidade, eles tinham figuras de dois falcões peregrinos incrustados onde outrora foram peixes.
Olhando para cima, a visão agitava-se pelas galopadas, mas a imagem era esplendorosa. Selena ou Hieron, que viveram toda suas vidas em um vilarejo, jamais tinham visto algo como aquilo:
Duas quedas d'água demarcavam as extremidades da cidade, que se erguia como uma pirâmide de base arredondada, naturalmente fincada no rochedo de uma das montanhas.
Ulisses e Selena foram os primeiros a chegar nos portões. Vendo o líder dos algozes e seu grupo, os guardas da cidade imediatamente os reconheceram e abriram passagem.
Depois de um cumprimento rápido entre eles, os outros dois caçadores recrutas que os acompanhavam na viagem ficaram para trás enquanto a guarda checava suas identidades.
— Achei que Honrosa era sempre aberta aos fiéis. — Selena comentou.
— É a sede do poder religioso e o Império está em guerra. — Disse o líder.
A guerra de fato havia acabado a dezesseis anos, era o que ela havia aprendido. Entretanto, quando os filhos dos deuses brigam a religião está sempre ameaçada e com ela a paz.
Eles subiram ruas e mais ruas: lojas e mercados estavam por toda parte, estalagens, bibliotecas, locais de estudo, santuários e alojamentos de guardiões e abadus' também. Nas esquinas, pessoas praticavam oratória, cultos, treinos de luta e artes de rua.
De altas torres a becos escuros, de pessoas bem vestidas a crianças de rua correndo descalças, a cidade parecia ser fruto de uma explosão e sobreposição de vida e informação.
As Terras Sábias.
Agora que estavam tão perto, Ulisses não parou o cavalo até chegar ao pico. Seu esquadrão ficando para trás.
As suas ruas eram laideirosas, davam voltas na montanha.
No topo, vigilante e magnânimo, ficava o mais grandioso templo construído em Orunayé.
No passado esse lugar pertenceu aos cultos à deusa Água, porém quando os filhos dela se "aliaram" aos filhos do Ar o templo foi usurpado.
Se chamava "Templo Refletor".
Tinha esse nome porque sua construção grandiosa com várias torres de granito cinza, retangulares, que podiam tocar os céus, eram refletidas nas águas cristalinas do lago que corria à sua frente.
O guardião desceu do cavalo, mas Selena continuou montada, abismada com o que via.
— Vamos? — Ele perguntou, mas a garota não o ouviu.
Atravessando a ponte, sacerdotisas e guardas se apressaram para recepcioná-los.
— O Jovem líder está em casa! — Uma menina pequena de pele bronzeada chamou. — O Abadu'Moza nos disse que estavam a caminho, esperamos o esquadrão todos esses dias.
— Ele pediu que levássemos a prometida ao sacerdócio até o alojamento das recrutas. — Outra menina disse, essa era negra de olhos pequeninos e marrons. Ela ergueu a mão para Selena, que ainda estava estarrecida em cima do cavalo. — Venha conosco.
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Sexto Sol: As filhas Solares
FantasíaGênero: Novel | Fantasia | GirlsInLove | No Império de Orunayé, os descendentes dos deuses Aço e Sol são perseguidos e sua magia proibida. Selena, um jovem orunda, perde a irmã mais nova e é forçada a servir ao sacerdócio da Ordem como voto de fé d...