Capítulo 17: As amarras

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Depois que os guardiões do bando de Ulisses se juntaram a eles, arrastando a prisioneira com cabos de aço finos atrás, todos partiram para Honrosa montados em cavalos, exceto a filha Solar.

Vez por outra, Selena olhava em sua direção para ver como eles a tratavam sentindo-se aflita pela outra. Eles a faziam correr pelos mais variados tipos de solos para acompanhá-los. Selena tentou não imaginar mais Jonki naquelas condições — ou pior — nas mãos do Abadu'Moza.

O rosto da prisioneira tinha novas marcas de maus tratos e sangue fresco.

Em certo ponto do caminho, Selena pediu que parassem para se refrescar e comer algo, mais porque queria checar a garota do que por necessidade própria.

Xiaun que carregava arco e flechas como armas principais, levava consigo alguns animais pequenos que havia caçado e ofereceu a Selena depois de assá-los.

— Me deixe dar a ela um pouco de água e comida também.

O pedido foi direcionado ao líder, mas uma risada veio do pé da árvore onde Dondorian estava sentado comendo uma fruta evitando que o suco fizesse que seus cabelos loiros grudassem no rosto. Os recrutas, sentados em ambos os seus lados, riram junto com ele, zombando.

— Você já a alimentou no outro dia. — Ulisses respondeu sem vontade, o seu tom era impaciente como de costume.

Selena se assustou.

— Isso foi a dias atrás! — Observando-a melhor, reparou que a filha Solar estava realmente mais magra do que da última vez que conversou com ela. — Além disso, ela bebeu apenas uma sopa naquela noite.

— Você quer dar carne a um ser maligno? Acredite em mim, ela mataria você queimando seu estômago por dentro e revirando suas tripas até saírem para fora na primeira oportunidade que tivesse. — Xiaun apontou.

A jovem orunda ficou sem palavras por um momento, antes de argumentar para Ulisses:

— Achei que a quisesse viva.

— Não quero. — Retrucou o líder.

— Mas alguém em Honrosa parece querer.

Todos olharam para o líder depois da prometida rebater.

Foi a vez dele de calar.

Suspirou abrindo os olhos, encarou Selena e em seguida a filha Solar com a mesma cara de desprezo antes de se levantar da pedra onde estava sentado de pernas cruzadas, batendo a poeira em sua túnica vermelha e em sua capa preta de caçador.

— Faça o que quiser.

Ele se afastou, sem paciência para discussão e com uma expressão complicada como se sentisse dor de cabeça.

Selena pegou um pouco de carne, mesmo diante dos olhos julgadores de Xiaun.

Quando passou por Orion sentado o mais próximo da prisioneira entre todos, o grande guardião segurou-a pelo pulso para alertar:

— Aborrecer Ulisses pode ser mais perigoso do que ser queimada pela filha da deusa proibida, tente não desafiá-lo mais enquanto está sob sua proteção.

— Vou me lembrar disso. — Assegurou se soltando.

Selena caminhou até a filha Solar, em seguida se agachou a sua frente como da última vez, e assim como antes ela estava presa a uma árvore.

— Você demorou, sacerdotisa. — A moça disse com um meio sorriso cheio de sangue na boca.

— Você acha que consegue mastigar? — Perguntou Selena.

Sexto Sol: As filhas SolaresOnde histórias criam vida. Descubra agora