Selena recuou um passo.
O canto de seus olhos estavam vermelhos, eles corriam entre o punhal cravado no abdômen da filha Solar, o sangue manchando a bata branca dela e o cantil com veneno do Ayé na mão do caçador.
As mãos fechadas da jovem orunda tremiam devido alguma espécie de indignação.
— Dê. O Veneno. A ela. Prometida. — Insistiu Dondorian, pronunciando cada palavra de maneira autoritária.
A prisioneira bufou, rindo sarcasticamente.
— Cretino maluco. — Ela xingou ajoelhada miseravelmente na plataforma de aço.
Dondorian lhe lançou um olhar assassino, puxou e cravou o punhal com mais força no corpo dela.
— Você ainda pode falar? Devo arrancar sua língua? Não vamos precisar dela no futuro.
— Vai se fuder! — A prisioneira cuspiu sangue no rosto de seu torturador.
Com raiva, ele soltou o cabo da arma e a estapeou.
— Vadia! — Esbravejou.
— Pare!— Selena tinha levado as mãos à própria cabeça agoniada. — Não faça isso, pare por favor.
O rosto da filha da deusa proibida pendeu para baixo novamente, aparentemente desacordada. Enquanto o topo da testa de Selena latejava de exasperação.
Dondorian se levantou, veio até a prometida e acariciou sua bochecha com as pontas dos dedos.
— Não se preocupe, isso é para um bem maior. — Ele disse. — Se eu puder remover magia dela, em vez de apenas neutralizá-la com o metal da traição de forma tão dolorosa, será bom para todos, inclusive para ela. — Consolou.
— Idiota burro do caralho.
Dondorian olhou para trás sem acreditar em seus ouvidos, a filha Solar o encarava desafiadoramente, o olho preto azulado e o outro azul claro queimando de ódio.
— Veja, meu bem, a língua dela já tem seu próprio veneno.
— Você devia ter colocado o veneno na porra da sua arma. Para que fazer ela passar por isso, seu doente?
Dondorian gargalhou, não era como se não tivesse pensado nisso. Nem ao menos precisava de Selena para conseguir fazer a outra engolir o veneno do Ayé.
Era um rapaz que adorava jogos, como aqueles de azar sobre artistas de rua se ferir ou não engolindo facas; e aquelas brigas entre animais sagrados, como entre as feras do deserto. Desafiar a futura sacerdotisa parecia divertido para ele, já que ela tinha demonstrado interesse em cuidar daquele ser maligno durante a viagem que fizeram, ao de se ferir.
— Ingerir é mais eficaz. — Disse simplesmente.
Ele se abaixou outra vez, um dos joelhos apoiado no chão molhado da água que escorria da plataforma. Segurou o cabo do punhal retirando-o do abdômen dela, enfiando e puxando de uma outra região do seu torso.
A prisioneira grunhiu.
Todo esse tempo, Selena sentia seu sangue ferver em suas veias. Até que não podia mais suportar.
— OH! — Dondorian gritou de repente, soltando a arma e o cantil involuntariamente, colocando as mãos na cabeça. — Como você ainda...
Antes que pudesse concluir a frase, se apressou cambaleante para apanhar o cantil e não deixar o veneno, que gotejava do recipiente aberto na queda, derramar completamente.
Selena olhava para a própria palma direita horrorizada, as veias saltadas estavam iluminadas como brasas, emitindo uma luz fraca escarlate.
O choque era imenso. E as respostas assustadoras. Não raciocinava direito, seus pensamentos eram um emaranhado de confusão e imagens do passado.
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Sexto Sol: As filhas Solares
FantasíaGênero: Novel | Fantasia | GirlsInLove | No Império de Orunayé, os descendentes dos deuses Aço e Sol são perseguidos e sua magia proibida. Selena, um jovem orunda, perde a irmã mais nova e é forçada a servir ao sacerdócio da Ordem como voto de fé d...