28º Capítulo - Transferência

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— Sasuke, precisamos conversar. — Itachi deu toques suaves nas grades da cela.

Mais de dois meses haviam se passado desde o tiroteio e a sua apreensão. O Uchiha mais novo se fechou até mesmo para o irmão depois de sair da solitária, algo dentro dele já não era o mesmo. O mais velho acreditava ser pela ausência de Naruto, a sua paixão ardente e motivo dos seus últimos sorrisos verdadeiros, porém, ele se recusava a ler qualquer uma das cartas que recebia ou atender as ligações do ex-policial.

O máximo que fez foi pagar uma boa quantia a um advogado para trazer o loiro para a Akatsuki, semanas atrás, mas o julgamento nunca tinha a sua data marcada.

Parecia que alguém de dentro estava se certificando de que somente após o prazo limite se esgotar Naruto fosse julgado.

— Sobre o que seria o assunto? — O moreno estava deitado em seu fino colchão, com um livro em mãos aberto em uma página qualquer.

Itachi adentrou o cômodo a passos lentos, sentando-se no beliche frente a ele.

— O julgamento do Naruto terminou.

Os olhos negros foram brevemente atraídos, mas depois voltaram para a folha.

— E o que foi decidido?

— Ele foi condenado. O júri o declarou culpado.

Um sorriso de canto apareceu nos lábios do Uchiha mais jovem.

— E quando ele vem?

O mais velho suspirou.

— Ele será transferido em breve. Mas não para a Akatsuki... ao menos não para essa.

— O quê? Do que está falando...? — Sasuke se levantou em um pulo e ficou de pé, de frente para o irmão.

— Sasuke, você sabe a história da Akatsuki?

O moreno estreitou os olhos e bufou.

— Não. Porque eu não tenho o menor interesse.

Itachi suspirou.

— A Akatsuki não começou aqui. Na verdade, era um Centro de Ressocialização privado. Os presos se submetiam às regras estritas de moral e conduta, e tinham direitos de verdade. Não haviam uniformes e nem policiais armados, os internos eram quem cuidava da prisão como um todo e também podiam sair a passeio ou com outra justificativa sem maiores burocracias.

— Mas que merda...

Ele riu.

— Havia acesso à educação, às artes, à lazer, à religião. Mas isso custava dinheiro. De início era um projeto voluntário, mas os idealizadores conseguiram o apoio do governo e de pessoas importantes, como alguns empresários. Afinal de contas, era uma vantagem e tanto caso um dia fossem presos, ficarem em um lugar assim.

— Um playground para filhos da puta.

— As taxas de reincidência eram baixíssimas, muito menores do que a nacional. Isso porque no início os internos eram pessoas em situação de carência, sem acesso aos direitos humanos básicos, que cometeram crimes por falta de escolha. Quando foram alocados em uma instituição com infraestrutura para proporcioná-los dignidade, frente a novas oportunidades se tornaram homens e mulheres melhores. O que faltava era um pouco de atenção do governo.

— Oh. Que novidade. — Sasuke cruzou os braços. — E daí?

— Mas era verdadeiramente um playground para presos filhos da puta ricos e importantes, que não precisavam daquelas migalhas. Eles escolhiam estar lá pelas poucas restrições e tratamento cordial. Consequentemente, o lugar se tornou cada vez mais ocupado pelas figuras importantes que não conseguiram escapar da condenação, e os pobres perderam a vez.

NO WAY OUT  | Keep Out Series Book 2Onde histórias criam vida. Descubra agora