Capítulo 3

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trigedasleng : língua dos grounders.
Second: guerreiro aprendiz.
Sky people: povo do céu.
Triedakru: povo das árvores.
Heda: comandante dos doze clãs.
Mountain man: homens da montanha.
Vou usar esse modo de falar porque me acostumei assistindo ao seriado legendado, mas se quiserem eu posso mudar.

Clarke 

Andar foi se tornando cada vez mais difícil com a chegada do pôr do sol. Sem água não havia muito que Clarke pudesse fazer, as maçãs na bolsa eram um peso extra que tornava a caminhada ainda mais difícil. Pelo tempo que andara devia estar a mais de  três horas depois de TonDC, Clarke não quis entrar na vila que estava sendo reconstruída, não queria nem imaginar que poderia esbarrar com Lexa por lá. Talvez se encontrasse o mar pudesse chegar à tribo da água e talvez conseguir abrigo lá... Não, mesmo que eles a aceitassem por ser amiga de Lincoln, ela não queria estar perto de outras pessoas.
A menina resolveu parar para acampar perto de uma árvore enorme, se chovesse a folhagem lhe daria alguma proteção. Julgando estar longe o bastante de TonDC, Clarke acendeu uma pequena fogueira perto da árvore e se encolheu perto do tronco. Assim que escureceu a temperatura caiu consideravelmente, obrigando a menina a se enrolar em todos os cobertores que tinha. Querendo ter a fogueira acesa pelo maior tempo possível, Clarke juntou mais alguns galhos e se aconchegou mais perto do fogo, enfiou uma maçã em um dos gravetos e assou.
Era o melhor que poderia obter quente, assim que julgou que a maçã estava boca começou a comer, queimando a língua e as pontas dos dedos. Quando se deu por satisfeita, Clarke se encolheu nos cobertores e fechou os olhos. Não estava com sono, mas estava tão cansada que poderia dormir no chão frio.
Estava relaxando, poderia dizer até que tinha conseguído dormir cochilar, um barulho a fez abrir os olhos, alarmada. A fogueira apagando  estava fazendo muita fumaça. Clarke apurou os ouvidos e ouviu o estalo de novo, parecia um galho quebrando. Num reflexo sua mão foi para a bolsa e puxou a pistola de lá. Poderia ser apenas um animal, o que quer que fosse ela não correria o risco, se pôs de pé ao ouvir o estalo novamente, dessa vez mais perto. Engatilhou a arma. O próximo barulho veio da sua esquerda e ela se virou mirando para o mato, se alguma coisa estava vindo daquela direção poderia ter uma boa visão de Clarke ao lado da fogueira que estava apagando. Clarke continuou a mirar naquela direção, o coração martelando quando escutou outro estalo, dessa vez vindo de trás dela, nem teve tempo de se virar porque uma faca estava em seu pescoço.

- Você não é dos triedakru.- uma voz de mulher veio da escuridão a frente de Clarke, o sotaque carregado. Mais quatro grounders saíram do meio das árvores, um deles tirou a pistola da mão da sky girl e jogou no chão. A menina sabia como os grounders detestavam armas de fogo.
- Quem é você? - a mulher perguntou saindo da floresta, ela era altiva e seu tom de voz era autoritário, exigente, devia ser alguém importante.

Clarke pensou em não responder mas quem a estava prendendo aumentou a pressão da faca em seu pescoço e ela teve certeza que uma linha fina de sangue estava escorrendo.
- Clarke, dos que  vieram do céu.
A menina pensou ter visto surpresa no rosto da mulher mas logo endureceu e um sorriso frio apareceu em seu rosto, ela disse algo em trigedasleng para os guerreiros e Clarke caiu na escuridão.

Lexa

11 dos doze representantes dos clãs já haviam chegado, a única que faltava era justamente quem Lexa gostaria que não aparecesse. Fizeram uma enorme fogueira e ao redor tinham anormes mesas com todo tipo de comida e bebida, era um banquete de boas vindas para os que foram resgatados e para os representantes dos clãs.
Reagan, rainha do clã leste veio para perto dela.

- Heda. - ela cumprimentou.
- Reagan.

- Não querendo lhe faltar com respeito Heda, já que é noite de festa, eu gostaria de dizer que nós, do leste, não queremos entrar em guerra com o povo das árvores novamente... - ela deixou a frase no ar sugestivamente, Lexa sabia que a rainha do Leste era perspicaz, com certeza não deixaria passar que a queda de Mount Weather poderia romper a aliança dos doze clãs. Agora não tem mais o " inimigo do meu inimigo é meu amigo ". Esse era outro motivo para os representantes dos clãs estarem ali, nem todos sabiam que a montanha não era mais uma ameaça e quando soubessem alguns clãs desistiriam da aliança. Lexa já tinha uma ideia de qual clã romperia a aliança primeiro.
- Nós duas sabemos quem vai desistir da aliança. - Lexa respondeu seca. Reagan sorriu inocentemente, ela sabia. Todos os líderes saibam. 

* * *
- O intercâmbio para treinar os guerreiros está indo muito bem, foi sábio da sua parte se aliar ao povo da água, deixar Indra testar a força de vontade desses guerreiros é minha diversão - Anya dizia para Lexa que olhava disfarçadamente uma guerreira que estava lutando.

- Aquela moça está dando trabalho - Lexa erguia as sombrancelhas para a guerreira que acabara de derrubar mais um.
Anya sorriu:

- Eu já vi como Indra olha torto para ela, não esperava menos da second da comandante.
Lexa deixou escapar um sorriso e disse:

- Agora eu sei porque ela está aqui. - Anya olha para sua second confusa - A rainha disse que me enviaria sua melhor guerreira, talvez ela pudesse entrar para minha guarda pessoal.
Anya acena com a cabeça:
- Parece que você tem uma escolha a fazer.

2 dias depois.

- Heda - Indra chama ao entrar na tenda pesso da comandante.
- Indra - a comandante acena para ela.

- O intercâmbio acabou, Heda, os guerreiros estão prontos - ela abaixa a cabeça e se retira. Lexa respirou fundo, colocou a a manta de comandante e saiu da tenda.
Do lado de fora tinha um grupo de guerreiros devidamente enfileirados, 9 deles no total. Os que Indra julgou serem os melhores, is três membros da guarda pessoal de Lexa iriam lutar com três dos guerreiros.
Lexa se sentou e as lutas começaram, Gustus deu tanto trabalho para os pobres guerreiros que dois deles desistiram, eram mesmo muito jovens. Indra só se defendeu dos seus, mas o último parecia querer lutar de verdade mas acabou no chão. Os três com Anya eram os mais fortes, a guerreira que Lexa observou por tanto tempo durante o intercâmbio chegou a derrubar Anya uma vez, mas esta se levantou rápido e passou uma rasteira na guerreira e colocou uma faca em seu pescoço, Lexa ergueu uma sombrancelha para a menina, tinha derrubado sua mentora. Isso não era exatamente fácil. Os outros dois eram valentões, pareciam dispostos a machucar Anya mas não foram rápidos o suficiente para imobiliza-la e acabaram no chão. No final todos ficaram em formação novamente e Lexa passou por cada um, para cumprimenta-los e se despedir. Quando parou em frente a garota de olhos azuis sentiu o coração errar a batida.
- Heda - a menina cumprimentou.

- Qual o seu nome? - a comandante perguntou.
- Costia.
Costia, era um belo nome, Lexa pensou.
- Bem vinda, Costia kom trigedakru.
A menina sorriu para Lexa e fez uma reverência. O coração da comandante parecia querer saltar de seu peito, mas ela controlou seu desejo de sorrir de volta, mesmo que seus lábios tenham se torcido numa tentativa de sorriso.
A comandante não sabia, mas Costia ainda faria seu coração errar muitas batidas.
* * *
- ...Heda? Heda? - Lexa afastou as lembranças e se virou para ver quem a chamava. Era Indra. Fez apenas um sinal para que a guerreira falasse. 

- A rainha da tribo do gelo está aqui, ela tem um prisioneiro, disse que é um presente para você, Heda.
Lexa conteve a vontade de bufar e se levantou, seguindo Indra até uma casa na entrada da cidade. Assim que entrou levou a mão à espada em sua cintura, um reflexo que adquiriu para quando estivesse perto dessa mulher. 

- Heda. - Nádia a cumprimentou. 

- Nádia.- Lexa responde neutra, fazendo esforço para não gritar com a mulher - Soube que tem um prisioneiro, onde ele está?
Nádia sorri abertamente, Lexa pensa que qualquer coisa que possa deixar essa mulher feliz não vai agrada-la. 

-Ela, é uma mulher na verdade. Eu vim pelo caminho mais longo, passando por TonDC, queria mostrar meus sentimentos pela perda de tantas vidas. - Lexa sabia que ela estava sendo sincera porque alguns dos soldados dela e seu general estavam lá e morreram quando o míssil atingiu a vila, a commander lamentou que a rainha não estivesse presente aquele dia.  - Então, algumas horas depois de TonDc sentimos cheiro de fumaça, e mais a frente, dentro da floresta encontramos ela. Tragam a prisioneira. - ela gritou a última parte e um guerreiro entrou com uma mulher encapuzada. Lexa sabia que era alguém do povo de Clarke pelas roupas, aquele tecido escuro e as jaquetas eram coisa da Arca.
- Podem sair. - Lexa ordenou aos guerreiros de Nádia que mordeu a língua para não reclamar com a comandante.
Lexa caminhou calmamente até a prisioneira e tirou o capuz rapidamente. Sua boca se abiu em surpresa. De todas as pessoas, essa era a menos provável. Pesar e medo invadiram a comandante com força, ela sabia que a menina podia ver em seus olhos essas emoções que ela não teve tempo de esconder. Ela também sentiu um alívio, ali estava ela. A loira que não saiu de seus pensamentos nos últimos dias.
Clarke.

Commander and Princess (Clexa)Onde histórias criam vida. Descubra agora