Clarke.
Clarke se afastou de Lexa depois de sua última conversa, sentia-se confusa e precisava de algum tempo sozinha para pensar, e isso era muito difícil de conseguir já que a commander tinha ordenado que um de seus guardas cuidasse da menina até chegarem a Polis.
Ela se mantinha afastada da maioria dos guerreiros que cavalgavam a sua frente, mas tinha consciência de que Ryder estava com os olhos pregados em sua nuca, ele tinha ficado para trás de propósito; a sky girl suspirou de frustração, eles achavam mesmo que homens da montanha apareceriam do nada e a atacariam caso ela ficasse sozinha por alguns minutos?
Um som estridente à frente fez a menina prestar atenção ao caminho, ela se surpreendeu com o que viu, um enorme portão estava se abrindo e a medida que iam se aproximando pessoas iam aparecendo, elas sorriam para Clarke. Certo, grounders sorrindo e acenando para a líder dos sky people? Totalmente incomum.
O som veio novamente e a garota se deu conta de que era uma espécie de trombeta, para anunciar a chegada de Lexa e dos guerreiros; Clarke olhava as pessoas com admiração, eram muitos grounders! Mais do que jamais havia visto antes. Grounders que não eram guerreiros e não tinham armas. Famílias. As pessoas gritavam e sorriam. Estava distraída olhando as pessoas que nem notou que já havia adentrado na cidade e quase caiu do cavalo ao ver casas, casas de verdade ao seu redor, muitas delas. Já vira casas antes, na tribo das árvores Nádia a levara, em TonDc também. Mas ali tinha variedade: madeira, de palha, de tijolos e a cereja do bolo de surpresas do dia foi o enorme palácio à frente. A commander morava num palácio? Ao lembrar da mulher, começou a procurá-la em volta e não a encontrou. Como um maldito fantasma, Indra apareceu ao seu lado.
- Wanheda. Eles estão saudando você. - a mulher mais velha disse com a sua voz indiferente.
Clarke olhou para ela surpresa. Desde quando os terrestres gostavam dela?
- Wanheda. É como daquela vez, não é? - Clarke perguntou desgostosa, a lembrança amarga da noite que conhecera os comandantes das outras tribos ainda bem fresca em sua memória.
Indra sorriu, como se o sofrimento da jovem a agradasse.
- Os líderes te respeitam pelo que fez, mas os povo... o povo idolatra a comandante da morte, aquela que fez o que nem nossa Heda pôde fazer. - Explicou sombriamente.
Clarke ficou em silêncio, o estômago agitado, é claro que eles a chamavam assim... ela derrubou a montanha ao custo de muitas vidas, mas era obvio que eles consideravam aquilo um ato de coragem, de honra. Ter matado todas aquelas pessoas ainda a fazia sentir-se culpada, mas seu povo estava a salvo e bem, tão bem quanto possível. Ela até entendia a cultura sanguinária dos grounders, a única forma de viver que eles conheciam, mas não podia dizer que compartilhava da felicidade deles, mas entendia. Ser líder significa fazer sacrifícios.
* * * *
Incrível. Absolutamente incrível.
Era a única forma de descrever a beleza daquele lugar. Uma construção de pedras e tijolos, por fora, mas por dentro era quase delicado. Tinha muitas janelas de vidro, o chão era amarelo e a menina não fazia ideia de como conseguiram aquela cor, tinha muitas portas e corredores, a entrada dava em um corredor e Indra a levou até a sala do trono, lá tinha o mesmo trono rústico que Lexa usava em sua tenda ao redor do camp Jaha; tudo reluzia de tão limpo, as janelas tinham cortinas também amarelas, e quando Indra a conduziu por uma escada ela pôde ver um rio atrás do palácio.
Como aquele lugar resistira ao tempo e as catástrofes climáticas? Ou será que os grounders já eram capazes de fazer reformas? Clarke sabia como a humanidade se adaptava, mas os grounders ainda agiam como selvagens.
- O segundo andar é onde ficam os quartos da Heda, de seus generais e dos visitantes, a sala de jantar e a biblioteca.- Indra falou, seu tom era entediado como sempre.
Clarke queria descer e conhecer os outros cômodos do primeiro andar, mas não queria mostrar sua empolgação. Passaram por muitas portas até a guerreira abrir uma e dizer:
- Este é onde você vai ficar - ela olhou de relance para o local e voltou a falar - aA commander mandou que trouxessem roupas para você, mais tarde alguém passa por aqui para levá-la para o jantar. vVocê tem tudo de que precisa?
A menina concordou, e quando Indra já se afastava, ela chamou:
- Indra?
- Sim?
Clarke ficou um pouco envergonhada de perguntar e tentou soar sem muito interesse:
- Sabe onde Lexa está?
Indra lhe lançou um olhar desconfiado.
- Ela deve estar em seu quarto, o curandeiro ainda deve estar olhando seus ferimentos. - a mulher percebeu que a menina parecia preocupada, mesmo que tentasse disfarçar e acrescentou - Por que?
Clarke tentou ficar firme diante da guerreira observadora que parecia ainda não gostar dela.
- E-eu pensei que pudesse dar outra olhada no ferimento... - ela tentou deixar a frase no ar e então se deu conta do que parecia e sentiu suas bochechas esquentarem - Digo, é um ferimento de bala, acho que posso ser mais útil que o curandeiro.
Indra continuou impassível por alguns instantes, seria algo capaz de abalar essa mulher? Perto dos sky people ela era realmente estressada, mas ali parecia... quase inofensiva. Quase.
Depois do que pareceu anos encarando a loira, Indra deu um passo a frente e falou da forma mais ameaçadora possível:
- Certo, Klark kom skaikru, eu vejo o que está acontecendo aqui. - a mulher deu outro passo em direção a menina que precisou de toda a força de vontade que tinha para não se encolher ou se afastar - Mas se você tentar qualquer coisa contra a heda... I kodon your throat.
Clarke reconheceu as palavras usadas, era a mesma ameaça que Gustus tinha feito a ela uma vez, Indra não estava blefando, mas a menina dos céus conhecia esse jogo. Indra era perspicaz e percebeu que Clarke tinha questões mal resolvidas com Lexa, mas dados os últimos acontecimentos ela precisava ser desconfiada. Clarke fechou as mãos em punhos e ergueu a cabeça, sustentou o olhar ameaçador da guerreira e falou com toda a autoridade que conseguiu reunir:
-Eu não represento nenhuma ameaça a sua líder se ela não representar ameaça para mim ou para aqueles que eu amo, Indra kom tri kru.
Clarke esperou pela faca em seu pescoço, não dava para desafiar Indra e sair bem, mas quando se deu conta de que a guerreira exibia um sorrisinho maroto a loira entendeu o que Octavia admirava tanto em Indra. Ela só parecia ser ruim para proteger aqueles que ela ama.
- Você tem força, skai prizza, jova. - ela balança a cabeça e, antes de se virar para sair, apontou para a porta do quarto de Lexa.
- O que significa "jova"? - Clarke perguntou debilmente.
Indra não se virou para responder, Clarke podia jurar que ouviu ela resmungar algo como "yong", mas não tinha certeza. Depois que Indra não respondeu, a menina pensou em entrar em seu quarto e tomar um banho, mas contrariando o que sua mente queria, ela se viu em frente a porta do quarto da commander.
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Commander and Princess (Clexa)
FanficFanfiction criada a partir da série The 100. Depois da traição de Lexa, Clarke invadiu Mount Weather e se viu obrigada a irradiar todo o nível 5 para conseguir libertar o seu povo, mas a morte de tantas pessoas inocentes para salvar o seu povo foi...