Capítulo 22

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Harry se sentiu aquecido e contente. Houve uma calmaria pacífica em seu cérebro.

- Você está acordado?- uma voz perguntou, suavemente. Ele abriu os olhos lentamente, esfregando as últimas partículas de sono deles.

- Tom?- questionou, sentando-se.- Quanto tempo eu fiquei dormindo?

- Algumas horas.- o herdeiro da Sonserina respondeu, descuidadamente.- Meu colo ficou dormente, acho que você não tem noção de quão pesada é sua cabeça, especialmente quando supostamente está apenas cheia de nada.

Harry sorriu levemente.

- Você está bem?- Zevi perguntou, baixinho.

- Sim.- ele sorriu.- Esse foi provavelmente o melhor descanso que tive em meses...por que você pergunta? Aconteceu alguma coisa?- o sorriso vacilou.

- Zevi é uma mãe galinha, você não sabia?- Tom disse, sério.

Os outros Sonserinos riram. Harry olhou atentamente para o jovem herdeiro Prince. Zevi ofereceu-lhe um sorriso tranquilizador. Ele franziu o cenho, parecia que algo estava faltando.

- Claro, Tommy, e todos nós sabemos que você é na verdade um romântico escondido e não o robô sem coração que você tenta fingir que é.- ele retrucou. Tom bufou, mas não respondeu.

**********************

Foi alguns dias depois, pouco antes do Halloween, que o pacote chegou ao seu dormitório. Era um pacote simples, marrom, cuidadosamente embrulhado com barbante e sem nada que o distinguisse. Edwiges trouxe.

Não havia nenhum nome na frente, nenhuma caligrafia para dar qualquer forma de indicação sobre quem poderia ser o remetente. Apenas um H. Um H preto, maiúsculo, que deixou muito a desejar em termos de informação.

Estava inocentemente em sua cama, meio escondido da vista de onde sua coruja o deixou cair abruptamente cinco minutos atrás. Harry não tinha certeza se deveria abri-lo, poderia ser amaldiçoado, ou uma chave de portal ou...ele parecia paranóico até mesmo para seus próprios ouvidos.

No final, a curiosidade venceu.

Depois de lançar vários feitiços provisórios para tentar verificar se havia elementos nocivos, Harry cuidadosamente puxou a corda. O papel pardo era áspero e grosso sob seus dedos, o pacote era pequeno.

Havia uma pequena caixa preta dentro, com um bilhete amarrado no topo, dobrado várias vezes ao meio. Ele olhou ao redor, pegou a nota de baixo da corda e a desdobrou.

Boa sorte, amigo. Use bem.

Bem, isso foi útil. A mensagem estava escrita em letras maiúsculas, nada que a distinguisse, nem mesmo um tipo especial de caneta ou qualquer outra coisa que ele pudesse usar para bancar o detetive. A nota também foi escrita em pergaminho padrão simples.

Foi frustrante. Harry abriu a caixa, então piscou uma, duas vezes. Aninhado no material espesso e aveludado havia um pequeno objeto redondo. Um Lembrol.

OK. Agora ele se sentia um pouco estranho.

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- Alguém te enviou um Lembrol?- Hermione perguntou.- Que estranho. Você tem alguma idéia de quem? Ou por quê?

Harry deu de ombros, virando a bola em sua mão. Estava vermelha. Sempre vermelha.

- Não tenho ideia. E não consigo me lembrar do que estou esquecendo...

- Talvez você esteja esquecendo que está esquecendo alguma coisa.- Rony sorriu.

- Talvez.- Harry concedeu, mesmo achando um pouco improvável. Franzindo a testa ligeiramente.

Aquela nuvem vermelha, girando dentro da bola, estava realmente o incomodando agora. Tinha que ser importante, por que mais ele receberia um Lembrol com uma mensagem tão enigmática? Harry só queria poder lembrar o que era essa coisa muito importante que ele havia esquecido.

- Desde quando você tem um Lembrol?- uma voz familiar, perguntou. Harry olhou para cima, Tom. Ele encolheu os ombros.

- Desde ontem à noite.

Tom olhou para a bola por um momento.

- Posso?- o sonserino estendeu a mão.

Algo inexplicável o fez hesitar.

Harry podia sentir os olhos do Lorde das Trevas adolescente queimando sua pele com seu intenso escrutínio. Fingindo leveza, ele a entregou. Havia algo em Tom naquele momento que parecia...diferente. Perigoso.

Claro, Tom era Tom e sempre tinha um leve ar de perigo ao seu redor, mas isso era mais pronunciado.

- Alguma idéia do que eu poderia ter esquecido?- Harry perguntou, observando o garoto de cabelos escuros com cuidado. Os olhos de Tom foram para ele, depois de volta para o Lembrol.

- Suas células cerebrais?- ele respondeu, sorrindo. Harry estreitou os olhos.

- Oh, você é hilário.- Harry retrucou, sarcasticamente. Tom sorriu desarmante para ele, com dentes brancos, brilhantes.

- Eu sei.

Tom examinou o Lembrol por mais um momento, antes de jogá-lo de volta. Foi um arremesso desajeitado, e foi só por ser um apanhador que a bolinha não bateu na mesa.

Harry sentiu um estranho desconforto crescendo em seu peito, nada a ver com o dia do Halloween, embora isso o deixasse se sentindo um pouco desanimado também. Ele odiava o Dia das Bruxas. Algo ruim sempre acontecia, e ele odiava ser forçado a comemorar a noite da morte de seus pais.

Um choque de gelo percorreu seu sangue, um calafrio. Harry olhou pensativo para o Lembrol, depois para Tom. Aqueles olhos tão escuros. De repente, ele sorriu e o guardou no bolso.

- Provavelmente alguém tentando fazer uma piada.- ele descartou, cuidadosamente.

- De fato.- Tom disse, suavemente.- É melhor não insistir nisso, Harry.

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Logo era noite. Harry estava na Sala Comunal da Sonserina. O Lembrol ainda estava vermelho. A sensação incômoda de esquecimento não estava indo embora.

Com raiva, ele colocou a bola ofensiva de volta no bolso. Metade dele só queria esmagar o orbe miserável contra a parede, outra pequena parte dele segurou seus impulsos com um desconforto persistente.

- Você está no limite.- Tom comentou, preguiçosamente.- Pesadelos?

Harry olhou para cima. A luz do fogo fazia Tom parecer mais velho, e as linhas de seu rosto mais nítidas e frias. Ele podia apenas sentir a magia esvoaçando ao redor do garoto mais velho, escura, mesmo agora.

Harry não tinha certeza se era atraente ou repulsivo, o que o assustou mais do que a magia. Metade dele queria correr gritando do perigo infinito espreitando sob a superfície de cada movimento de Tom. A outra metade estava atraída por ela, viciada no perigo, querendo se aproximar da tempestade furiosa.

Foi meio fascinante. Harry balançou a cabeça, ficando um pouco preocupado consigo mesmo. Tom tinha aquela qualidade que Voldemort não tinha. O mais velho era aterrorizante e totalmente repulsivo. Tom sugou você como um corredor frio e preto, escuridão hipnotizante, mas brilhando com tudo o que ele atraiu.

- Amanhã é Halloween.- ele respondeu.

- Devemos tentar não nos matar desta vez?- perguntou Tom. Harry não tinha certeza se estava se divertindo, ou falando sério. Tom era difícil de ler

- Isso poderia ser uma idéia.- disse, fingindo considerar. Tom sorriu ironicamente, antes de seus olhos brilharem com uma mudança de foco, uma ideia.

- Eu estava pensando...- Tom fez uma pausa. Isso por si só o deixou cauteloso. Qualquer hesitação de Tom era sinistra, normalmente significava que mesmo o mestre das máscaras não tinha certeza de como ele reagiria. Harry ficou tenso minuciosamente, parando e levantando o olhar mais uma vez.

- O que?- ele perguntou, feliz que sua voz não o traiu tremendo.

- Você gostaria de visitar Godric's Hollow comigo?

O que?

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O Favorito do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora